CAPÍTULO 02

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P.O.V. ROSALINA

  O Centro Comunitário está cheio de risadas e conversas. Meu pai, Henrique, se levanta para fazer seu discurso. A música diminui, e todos se voltam para ele. Ele adora esse momento.

  Ele ajeita o microfone e sorri. As pessoas aplaudem, mas para mim, isso soa vazio.

HENRIQUE (sorrindo): Boa noite, Castanheiras! É uma honra estar aqui com todos vocês…

  Olho ao redor e vejo rostos animados, mas sinto frustração. Ele fala sobre união e trabalho em equipe, mas só consigo pensar na diferença entre o que diz e o que realmente é.

ROSALINA (sussurrando pensativa): Ele sempre é tão convincente. Mas e quando as luzes se apagam e voltamos para casa?

  Karen se inclina para mim.

KAREN: Oi, Rosa! Você está bem? Você parece meio… distante.

  Forço um sorriso.

ROSALINA: Estou ótima, só… pensando em algumas coisas.

  Ela me observa com desconfiança. O discurso do meu pai continua, e suas palavras me irritam.

KAREN (insistindo): Rosalina, você sabe que pode falar comigo. O que está havendo?

  Sinto um nó na garganta. A pressão de ser a filha perfeita pesa sobre mim.

ROSALINA (sussurrando): É o meu pai. Ele é tão… manipulador. Em casa, é uma pessoa, aqui é outra.

  Karen assente, compreendendo.

KAREN: Eu entendo. Às vezes, a gente se sente preso entre o que os outros esperam e quem realmente somos.

  Olho para meu pai, que gesticula com entusiasmo. Raiva e tristeza se misturam dentro de mim..Preciso encontrar minha própria voz, longe da sombra dele. Enquanto ele continua a discursar, sinto-me cada vez mais distante, como se estivesse assistindo a tudo de fora.

P.O.V. TÉO

  O Centro Comunitário está cheio de vida, mas estou focado nas luzes e equipamentos. Ajudo a equipe técnica a ajustar tudo para a festa. É uma responsabilidade que me deixaria feliz, se não fosse pelo clima pesado que sinto se aproximando. Renê surge, com aquele sorriso provocador no rosto.

RENÊ: Olha só quem está aqui, o “grande artista da decoração”. Pronto para mais um show de horrores?

  Respiro fundo, tentando ignorá-lo. Não vou deixar que ele me tire do sério.

RENÊ (cercando Téo): O que aconteceu? Ficou sem palavras? Ou será que você está só esperando o momento de ser humilhado?

  A pressão aumenta. Sinto meu coração acelerar, e a raiva começa a borbulhar. Olho para Renê, que parece se divertir com isso.

TÉO (irritado): Para de encher o saco, Renê.

  Ele ri e dá um passo mais perto.

RENÊ: Ah, vem cá! Você não vai me dizer que ficou sensível agora, vai?

  Não aguento mais. A frustração explode, e, em um impulso, avanço contra ele. Nossos corpos colidem e a briga começa. O som dos nossos empurrões se mistura à música da festa.

PATRICK (surpreso) EI! PAREM COM ISSO!

  Patrick aparece correndo, mas é tarde demais. Já estou em cima de Renê, desferindo socos. Ele tenta se defender, mas minha raiva me dá força. 

TÉO (gritando): Isso é por todas as vezes que você me provoca!

  Renê tenta se levantar, mas eu não dou chance. Um último golpe e ele cai, irritado e surpreso.

Dilemas Cruzados (Teolina/Roteo)Onde histórias criam vida. Descubra agora