II- Memories

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"Eu prometo que o fim continua sempre igual
Então não há razão para fingir que que poderíamos existir novamente
Não posso ser seu amigo, não posso ser seu amante
Não posso ser o motivo de nos impedirmos de nos apaixonarmos
Por alguém além de mim"

Memories- Conan gray

🕰️- presente

Eliza estava deitada no sofá da sala, a luz dourada do fim da tarde iluminava suavemente as páginas do livro que lia. A brisa suave entrava pela janela entreaberta, trazendo o som distante das crianças brincando na rua, o que a fez sorrir com nostalgia. Era um dia perfeito, e ela se sentia tranquila, envolta nas lembranças de momentos simples, quase esquecidos pelo tempo.

Era raro ter um tempo para si mesma ultimamente. Entre o trabalho, os amigos e as rotinas que a mantinham ocupada, ela finalmente começava a se sentir em paz. E, quando sua mente vagava para os dias passados, especialmente para os verões que passava na casa de praia com Ravi e a mãe dele, Sarah, havia uma mistura doce de saudade e gratidão.

Ela se lembrava de como Sarah sempre fora como uma segunda mãe para ela, acolhedora e gentil. A casa de praia era um refúgio para todos eles, um lugar onde o mundo exterior parecia ficar em segundo plano. E Ravi... Ele sempre estava lá, com seu sorriso fácil, suas piadas bobas e a forma como parecia compreender Eliza de uma maneira que mais ninguém conseguia.

Porém, tudo isso parecia distante agora. Dez anos tinham se passado desde a última vez que estiveram juntos, e as coisas entre ela e Ravi haviam terminado de maneira amarga. As palavras ditas na briga final ainda ecoavam na mente de Eliza quando ela permitia que o passado voltasse à tona. Mas, naquele momento, ela não pensava em Ravi. Não até o telefone tocar.

O som insistente do celular interrompeu sua leitura, tirando-a de seus pensamentos. Ela franziu a testa, pegando o telefone da mesa de centro. O número que aparecia na tela era desconhecido, o que a fez hesitar por um momento antes de atender.

— Alô? — sua voz saiu suave, mas incerta.

Do outro lado, uma voz familiar, mas carregada de pesar, preencheu o silêncio.

— Eliza, é a Clara... eu não sei como te dizer isso, mas... — A voz vacilou, e um arrepio percorreu o corpo de Eliza, como se algo sombrio estivesse prestes a cair sobre ela. — A mãe do Ravi... Sarah... ela faleceu.

Eliza congelou, sentindo o mundo ao seu redor desmoronar em uma fração de segundos. A sala, que antes parecia tão serena, agora parecia esmagadora, como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões. Sarah. Sarah não podia estar morta. Aquela mulher tão viva, tão cheia de energia... Ela não conseguia associar a ideia da morte a Sarah.

— O quê? — Eliza sussurrou, a voz trêmula, enquanto tentava processar a informação. — Não... isso não pode ser verdade.

— Eu sinto muito, Eliza. — A voz de Clara estava carregada de empatia. — Aconteceu rápido... um ataque cardíaco. Ravi está devastado. Ela deixou a casa de praia... para vocês dois. Ela... ela sabia o quanto vocês amavam aquele lugar, e queria que vocês decidissem o que fazer com ela.

A menção de Ravi trouxe uma nova onda de emoções para Eliza. O choque inicial pela morte de Sarah foi rapidamente seguido por um medo sufocante. Ravi. Ela não o via há dez anos. Eles não haviam trocado uma palavra sequer desde a última briga. Como ela poderia voltar? Como poderia encará-lo depois de tanto tempo?

— Ravi... — ela murmurou, quase como se falasse consigo mesma. O nome dele carregava tanto peso. Ela não sabia o que dizer ou o que pensar. Sua mente estava em caos, uma tempestade de memórias e dor.

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