X - Bad blood

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"Então dê uma olhada no que você fez
Porque, amor, agora nós temos um conflito, ei
Agora temos problemas
E eu não acho que nós podemos resolvê-los"

Bad blood - Taylor swift

O sol mal tinha nascido quando Eliza acordou. A luz suave da manhã entrava pelas cortinas, trazendo uma sensação de tranquilidade que ela raramente sentia ultimamente. O silêncio da casa era reconfortante, quase terapêutico. Após alguns minutos de preguiça na cama, ela finalmente decidiu se levantar, descendo as escadas com passos leves.

Ao chegar à cozinha, encontrou Ravi já de pé. Ele estava vestido com uma camiseta simples e jeans, mexendo distraidamente em algo sobre o balcão. O cheiro de café fresco dominava o ambiente, e ela não pôde evitar um sorriso ao vê-lo tão concentrado. Por mais que as coisas entre eles estivessem complicadas, havia momentos em que tudo parecia fácil, como naquela manhã.

Ravi notou a presença dela e se virou com um sorriso tranquilo.

— Bom dia — disse ele, sua voz ainda rouca do sono.

— Bom dia — respondeu Eliza, sentindo um calor estranho no peito ao vê-lo tão relaxado. Ravi raramente estava assim ultimamente.

Sem dizer mais nada, ele pegou uma xícara e serviu café para ela, aproximando-se em seguida para puxar a cadeira, um gesto que a pegou de surpresa. Ele não costumava ser tão atencioso, pelo menos não nos últimos dias. Eliza aceitou a xícara com um sorriso de gratidão e se sentou, observando-o enquanto ele preparava o próprio café.

O silêncio entre eles não era desconfortável, mas carregava uma tensão implícita. Eliza sentiu que havia muito a ser dito, mas nenhum dos dois estava disposto a quebrar aquela paz momentânea.

— Dormiu bem? — perguntou ele, casualmente, enquanto colocava açúcar em seu café.

— Mais ou menos. — Ela deu de ombros, mexendo a xícara devagar. — E você?

— Não foi a melhor noite, mas acho que estou me acostumando — disse Ravi, com um sorriso que não alcançou os olhos.

Por um instante, Eliza pensou em perguntar o que o incomodava, mas decidiu deixar pra lá. Talvez ele estivesse apenas cansado. Ou talvez, como sempre, guardasse para si os pensamentos que o atormentavam.

Depois de alguns minutos de conversa casual, Ravi pareceu decidir que era hora de quebrar a rotina.

— Estava pensando... faz tempo que não saímos juntos para fazer algo só nós dois. Que tal irmos ao cinema hoje à noite? — sugeriu, com um sorriso sutil que ela quase não reconheceu.

Eliza o encarou, surpresa. Não era comum ele sugerir saídas assim, ainda mais de forma tão leve. Durante todo aquele tempo em que estavam convivendo, ele tinha mantido uma distância emocional, e agora, de repente, parecia querer se reaproximar.

— Está tentando me impressionar? — perguntou ela, meio em tom de brincadeira, meio séria.

Ravi deu uma risada baixa, que fez Eliza sentir uma onda de nostalgia. Ela não ouvia aquela risada há tanto tempo que quase havia esquecido como era. Ele balançou a cabeça e respondeu:

— Talvez. Eu sei que tenho sido complicado ultimamente. Acho que quero me redimir... ou pelo menos tentar.

Eliza o observou por um momento, tentando decifrar o que estava por trás daquela mudança. Havia sinceridade em sua voz, algo raro vindo dele. Ela não sabia ao certo o que responder, então apenas deu um pequeno sorriso.

— Vou pensar — disse ela, levando a xícara de café aos lábios e desviando o olhar.

Ravi assentiu, parecendo satisfeito com a resposta. Eles terminaram o café da manhã em silêncio, mas o clima estava consideravelmente mais leve do que quando o dia começou. Eliza sentiu um estranho conforto ao perceber que, mesmo com todas as complicações, talvez houvesse esperança para os dois.

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