01. Ele não vai te deixar.

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Maia Luisa


Levantei da cama em um pulo, já agoniada com o barulho que vinha do jardim.
Mamãe está refazendo o gramado da casa e ajeitando o deck da piscina.

Voltei do meu intercâmbio na Califórnia a poucos meses, ao todo foi um ano e três meses, então perdi o costume do barulho aqui em casa.

Esqueci totalmente que minha casa é cheia de bichos, que são meus, e meus irmãos que estão o tempo todo discutindo por alguma coisa.

Enfim, estou oficialmente morando no Brasil desde fevereiro e já estamos em maio, então ainda estou me adaptando com a rotina nova.

Olhei a hora no meu celular e o relógio marcava nove horas da manhã em ponto.
Fui ao banheiro, escovei meus dentes e joguei só uma água no rosto.

Calcei minhas pantufas e fui ver se tinha alguma coisa na mesa, o café da manhã aqui em casa é quase um café da tarde, isso me deixa horrorizada.

Mas confesso que amo, sentia muita falta da minha família, dos meus amigos e dos meus bichinhos.

— Bom dia, Helô! Tudo bem? — Cumprimentei a dona Helô.

— Oi meu bem, bom dia! Acordou cedo hoje. Vai correr com o Riquinho? — Ela perguntou e eu neguei, fazendo uma careta.

— Tem um cafezinho aí? Tô morrendo de fome. — Dei um beijo no rosto dela e sentei em uma das banquetas.

— Deixei tudo na mesa lá de fora, fiz até uma saladinha que eu sei que você gosta. — Ela sorriu pra mim e deu um tapinha nas minhas pernas. — Anda, vai comer!

Apenas obedeci e saí da cozinha.
Atravessei a sala de estar e assim que cheguei na área gourmet já encontrei o meu pai, que falava ao telefone.

— Bom dia, Perseu. — Meu papagaio deu bom dia para ele mesmo.

— Bom dia meu amor! Quem é o príncipe mais lindo dessa casa? — Perguntei e estiquei o dedo para o bichinho subir.

— Lucca. — Perseu falou e eu fiquei incrédula com a resposta.

— Lucca passou quase o ano inteiro ensinando esse filho da puta a falar isso. — Meu pai disse rindo e me deu um beijo no rosto assim que sentei ao seu lado.

— Ei! Você tá me chamando de puta? Eu sou a mãe dele. — Coloquei o Perseu na mesa e meu pai me olhou torto.

— Que eu saiba a senhorita não põe ovo, então não é mãe dele! Contra fatos não há argumentos e se mantenha calada. — Ele colocou um pedaço de queijo na minha boca quando tentei retrucar o que disse.

Meu papagaio ficou passeado pela mesa, e eu fiquei jogando conversa fora com meu pai.

E não demorou muito para a mesa estar completa.
Mamãe foi a última a descer e o humor só melhora quando ela come um pouco e toma um café.

— Mami, conseguiu marcar nosso horário no salão? — Perguntei e ela sorriu animada.

— Consegui! Vai ser às duas da tarde. A gente se encontra por lá, tá? Vou precisar dar um pulinho na Barancello. — Ela levantou e antes de sair, deu um beijo em mim e nos meus irmãos.

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