Coisa Rara

05. Calma furacão

José Enrico

Olhei o relógio mais uma vez e nada do gringo da Maia aparecer.
Já tem quase cinco minutos que o avião dele pausou, então a ansiedade estava tomando conta dela.

— Filha, ele vai vir. — Minha mãe segurou a mão dela e a mesma apenas assentiu.

— Ou não. Tem certeza que é esse voo mesmo? — Perguntei. minha irmã apenas me ignorou e ficou olhando para o portão de desembarque.

Lucca e eu não queríamos vir, mas o papai nos obrigou e cá estamos nós esperando esse tal de Andy.

— Lembram do plano? — Papai parou no meio entre mim e meu irmão. — Tudo certo?

— Com certeza, tudo no esquema. — Lucca disse.

Combinamos de trancar o quarto da Maia por fora e vamos deixar ele no quarto de hóspedes que tem no andar de baixo.

Lucca e eu também vamos revezar as dormidas na sala.
Esse maluco vai passar longe de dormir no quarto da minha irmã, com ela as coisas não são bagunça.

E a dona Luna não pode sonhar com uma coisa dessa, ou ela vai matar nós três, quatro se contarmos com o tio Thiago.

E também tem o Nicolas, tio Dante, Zaki e tio Yuri.
É, se a mamãe descobre nós estamos todos fodidos pra caralho.

— Tudo certo. — Confirmei.

Meu pai bateu nos nossos ombros e depois voltou para perto da nossa mãe, que nos encarava com os olhos estreitos, se ela sonhar...

— Andy! Amor, eu senti tanta saudades. — Maia falou em inglês assim que o tal Andy apareceu.

Ele é alto, forte, ombros largos e tem os olhos claros.
Ele é quase do tamanho do meu pai, que tem 1,95 de altura.

— Não gostei dele. — Lucca murmurou.

Nossa mãe nos olhou firme e veio para perto de nós com as garras prontas para nos beliscar.
E como o previsto, ela fez.

— Quero os dois abraçando o Andy e com os sorrisos mais sinceros do mundo. — Mamãe disse com um sorriso no rosto, disfarçando o sermão.

— Andy, esses são meus irmãos Lucca e Enrico. — Maia nos apresentou.

Meu gêmeo estendeu a mão para o gringo, mas a mamãe o empurrou e o forçou a dar um abraço em Andy

Quando chegou minha vez, peguei a mala dele e dei dois tapinhas em seu ombro, dizendo

" We are so happy for your come bro" — Estamos tão felizes com sua vinda, irmão.

— Sejam simpáticos, por favor! Andy vai passar duas semanas conosco antes de ir para a casa dos avós e quero que ele se sinta à vontade como se estivesse em casa. — Maia falou com um sorriso no rosto, e o Andy sorria igual um idiota.

— Mas ele não está em casa. — Papai disse baixo.

— José Miguel, esse garoto veio para casa de estranhos só porque estava com saudades da sua filha, trate de fazer ele se sentir confortável. — Mamãe disse ríspida. — Isso vale para os três.