Capítulo 11

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               Emma Martínez

Quando tudo se quebra como vidro, nunca mais será a mesma coisa de antes só restam as ruínas de quem somos os cacos que tentamos juntar. É assim que me sinto, não consigo encaixar as peças que se despedaçaram e tudo virou mais puro caos. O penhasco onde estou agora parece ótimo para um salto, para tira as de lembranças ruins.

A brisa levanta meus cabelos

Acho que morrer dessa forma seria uma lástima. Com certeza, ao chegar nessas rochas, eu morreria na hora, provavelmente com meu corpo coberto de sangue.

Os demônios não me perturbariam nesse caso.

__Está tudo bem, senhorita?__ O olhar preocupado do homem atrás de mim diz cuidadosamente, enquanto a garotinha que julgo ser sua filha se esconde atrás de suas pernas.

Poderia mentir, como sempre faço.

__Não, não estou bem__ respondo por cima do ombro, sorrindo sem vontade.
Ele deve estar preocupado por eu estar à beira de um penhasco; talvez ele tema que eu me jogue daqui.

__Pode sair daí, por favor?__ Consigo sentir o medo em sua voz.

__Claro.__ Levanto-me e deixo o local, não quero que esse pobre homem se sinta culpado pela morte de uma desconhecida. Como ele é a única pessoa por aqui e outras estão longe, apenas ele está me vendo e provavelmente tentando salvar alguém e esse alguém sou eu.

__Obrigada.__ O alívio é óbvio em seu olhar. Passo por ele, sorrindo sem dizer nada, na verdade, só queria um tempo sozinha comigo mesma. Agradeci mentalmente a esse moço que tentou me ajudar de alguma forma.

Passo por pedras no caminho e por algumas pessoas que vão tirar fotos ou tirar suas próprias vidas. Há casos de suicídio nesse penhasco. O que faz alguém decidir tirar sua própria vida? Seria o mesmo motivo que o meu? É ridículo comparar a minha dor com as dos outros também é tentador sentir que acabar com a vida poderia eliminar a dor que sinto.

Volto para a trilha e sigo até a estrada. Entro no carro e pego meu celular para colocar uma música, mas antes de tocar, vejo uma mensagem.

                        Babaca
Está linda hoje, como sempre.

Coloco minha música, ignorando sua mensagem.

Não me ignora, sardenta.

Quando estou prestes a digitar um xingamento, um garoto aparece na janela do carro, tirando minha atenção

Abaixo o vidro do carro.

__Oi.

__Você pode me dar uma informação?__ O rapaz pergunta, sorrindo. Concordo com a cabeça. __Sabe onde...

A porta do carro se abre, e fico completamente assustada; não consigo olhar. O homem senta no banco. E se esse garoto resolveu me distrair para que outro bandido entre no carro? Meu coração acelera, busco ar, mas meus pulmões parecem me deixar na mão. Em desespero, pego a arma do porta-luvas e aponto na direção dele.

__Qual a informação que você quer?__ Essa voz sempre me causa arrepios. Andrew fala tranquilamente, olhando para o rapaz do lado de fora, que parece tão assustado quanto eu.

__Moça... pode soltar a arma?__ Ele engole seco. Volto meu olhar para ele sem baixar a arma apontada para Andrew. Estou tão confusa agora; minhas mãos estão um pouco trêmulas.

__Pode perguntar para mim.__ Andrew diz sério, com as mãos levantadas, provavelmente com receio de eu atirar. Ele pode estar certo, porque estou puta com ele por me assustar e por entrar no meu carro sem a minha permissão atirar nele não seria uma má ideia.

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⏰ Última atualização: Oct 09 ⏰

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