Capítulo 5

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                   Andrew Sanchez

Depois de deixar Emma em casa, a observo de longe, através da sombra da janela. Assim que ela acende a luz, a vejo amarrando o cabelo. Emma não quis conversar quando a trouxe no carro, ficou em silêncio; sei que o que aconteceu ontem a deixou assim. Após alguns minutos, saio de lá, pois ela precisa descansar, e espero que esta noite consiga.

Saio de carro e vou direto para a academia, onde Ethan está me esperando. Pego minha bolsa no banco de trás e coloco uma camiseta. Enrolo a faixa branca na mão e saio, encontrando Ethan dando socos no saco de boxe.

__E aí, cara.__ Coloco minhas coisas em um canto.

__Tá atrasado.__ Ele para o que estava fazendo.

__Mas cheguei, vamos começar.__ Digo, enquanto ele se prepara para colocar o aparador nas mãos. Começo com alguns socos leves e logo aumento a intensidade.

__Opa, vai com calma.__ O treinador chama nossa atenção, e paramos para cumprimentá-lo.

__Tudo bem com vocês?__ Ele pergunta, nos analisando.

__Sim, senhor.__ Respondemos em uníssono.

__Olha, não me importo com o que vocês fazem fora da minha academia__O treinador começa a falar cruzando os braços__Mas não tragam a merda dos seus problemas para cá__Ele esbraveja.

Eu não compreendi seu ponto.

Ethan e eu nos olhamos. Nosso treinador está um pouco desgastado, mesmo que seu corpo não mostre isso. Talvez ele esteja apenas blefando pela idade.

__Lucius veio aqui hoje me ameaçar, e isso é culpa de vocês. Não gosto de quem me ameaça, Andrew.

Não fiquei surpreso com o que ele disse; Lucius deve estar me testando, e eu não sou do tipo de ficar bricando.

__Desculpe-nos por isso, treinador__Ethan se aproxima enquanto eu me mantenho parado__Isso não vai mais acontecer.

__Certo__ele afirma__Troquem vocês dois.__ Seguindo sua instrução, trocamos de lugar. Alguns minutos depois, já estou suado, desviando dos golpes de Ethan. Quando ele acerta um soco, agarro seu braço, giro e coloco meu braço ao redor de seu pescoço, chutando sua perna para que ele caia no chão. Imobilizo-o até que desista.

Respiro pesadamente. Meus músculos estavam doloridos e eu podia sentir o cansaço acumulado após horas de treinamento . O som dos socos e chutes ainda ecoava em minha mente. A sensação de exaustão que eu sentia era intensa, mas também havia uma satisfação profunda.

__Já chega, cara.__ Ethan diz, cansado. Nos sentamos no chão; bebo água e jogo a cabeça para trás.

__Já fiz minha transferência para a universidade de vocês.

__Amanhã você consegue ir?__ Ele pergunta.

__Sim, resolvi tudo hoje à tarde.__ Respondo, levando um pouco de água à até a boca

Eu seco o rosto com uma toalha e me pego pensando no dia em que vi Emma pela primeira vez, a garota que se tornou minha obsessão e ruína. Desde aquele dia, não a tiro da minha cabeça. Eu a observei indo e voltando do trabalho e, nas poucas vezes em que ela foi às lutas para ver Ethan, ela nunca me notou e nem mesmo me conhecia. No entanto, ela nunca passou despercebida por mim; seus olhos sempre demonstram cansaço. Conheço seu passado e entendo por que ela age sempre na defensiva; os bullying que sofreu e a perda dos pais a marcaram profundamente. Eu vou me certificar de que os malditos que a atormentam paguem. Vou esperar a hora certa para encontrá-los e fazer com que se arrependam.

__Eu já estou saindo__ Levanto-me, pegando minhas coisas. Coloco tudo no banco de trás e pego um maço de cigarro e um isqueiro, inclinando-me para acender. Solto a fumaça para cima e entro no carro, fazendo a curva. Ao chegar em casa, noto que a porta está aberta. Entro e coloco minhas coisas lentamente no chão, olhando ao redor, até avistar minha mãe, que observa fixamente meu jardim de rosas na varanda.

__Mãe? Como você entrou na minha casa?__ Caminho em sua direção.

__Eu tenho a chave reserva.__ Ela se vira, e seus cabelos castanhos destacam seu rosto pálido. __Agradeço pelo seu lindo jardim de rosas, isso me lembrou dos dias em que você deixava rosas para mim.__ Ela sorri levemente.

Minha mãe tinha um jardim no fundo de casa e me ensinou a cultivar rosas vermelhas. Sempre que Diego, o homem que nunca mais ousarei chamar de pai, a abusava, eu retirava uma rosa com todos os espinhos, colocando-a cuidadosamente em sua cama. Eu era uma criança e tentava ligar para a polícia, mas o telefone nunca funcionava. Ele sempre dava um jeito de me silenciar, me ameaçando e dizendo que mataria minha mãe. Nas ocasiões em que ela me defendia, ele a maltratava ainda mais. Até que um dia, consegui escapar e contar a vizinha, que ligou para a polícia; ele está preso, se não morto, e não me importa como ele está agora.

Quando cresci o suficiente, fiz uma tatuagem de uma rosa que vai do meu antebraço até a minha mão. Para mim, as rosas representam o amor que sinto por minha mãe e quanto ela foi forte.

__Elas estão lindas.__ Aproximo-me da minha mãe e beijo seu rosto.

__Filho, você mudou de universidade?__ Ela muda de assunto repetidamente.

__Sim.__ Sou direto.

__Mas eu te coloquei na melhor de Miami.__ Ela se senta no sofá, curiosidade brilhando em seus olhos.

__Eu mudei para outra que também é uma das melhores. Não gosto das pessoas que estão na minha.

__Você já está grande o suficiente para saber de suas próprias decisões.__ Ela responde, assentindo enquanto me sinto completamente confortável no meu sofá. __Vou fazer uma viagem de negócios ao México e não tenho data para voltar, então quero passar essa noite com você.

__Ótimo, vou tomar um banho.__ Levanto-me e vou até meu quarto. Entro no banheiro e meus pensamentos se voltam para Emma novamente, com aqueles olhos cor de mel tão lindos quanto seu sorriso angelical, seu rosto com sardas são perfeitas, ela é um anjo. Que não gosta de mim mas isso é o que a torna perfeita. Não corre atrás de mim como as outras; pelo contrário, ela prefere distância, mas eu a quero ao meu lado, e vou fazer isso acontecer. Sou conhecido por ser despreocupado e rebelde no mundo dos ricos, mas também por ter tudo o que quero e tudo do meu jeito.

Passo as mãos pelo meu cabelo já úmido, sentindo meus músculos doerem. Saio do banho e visto apenas uma calça de moletom.

__Nossa, que cheiro bom.__ Sinto o aroma da comida que vem da sala.

__Estou fazendo seu prato favorito: quesadilla.__ Minha mãe está na cozinha animada. Só de lembrar do sabor, me dá água na boca; é meu prato favorito do México.

__Deve estar uma delícia.__ Vou até a cozinha e me encosto no balcão.

__Está pronto, pega o suco na geladeira.__ Vou até a geladeira, pego o suco que ela pediu, e nos sentamos à mesa para comer.

Raramente sentamos juntos para comer, ou conversa...e eu gosto disso.

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