Capítulo 1

46 4 0
                                    


                   Emma Martínez

__Estou pronta, Sarah__saio do quarto já vestida com o uniforme que todos nós garçons usaremos essa noite: calça preta e blusa branca com um laço na frente.

__Você sabe que posso te ajudar com dinheiro, Emma. Não precisa trabalhar à noite__ Sarah se aproxima, visivelmente preocupada.

__Não, você já fez muito por mim, não se preocupe. Eu voltarei pra casa em segurança__ a tranquilizo.

O evento da empresa é consideravelmente distante da minha casa e, apesar de já serem nove horas da noite e o trajeto levar cerca de 40 minutos, não hesitei em aceitar o trabalho extra. Além do bom pagamento, isso vai me ajudar a cobrir as despesas da faculdade. Embora minha situação financeira não seja das melhores, estou em uma das melhores faculdades e preciso manter minha posição

__Mas, você vai a uma festa comigo sexta. Preciso de companhia, e quero muito ir com você__Sarah diz me olhando

__Tudo bem, eu vou__reviro os olhos__ Mas só porque você está insistindo. Preciso ir agora__confiro o horário no celular

Pego meu carro, dou uma última olhada no espelho certificando-me de que está tudo em ok, meu cabelo está preso de uma maneira que deixa alguns fios soltos emoldurando meu rosto, destacando minhas sardas, estou adequadamente vestida e minha bolsa contém tudo o que preciso. Então, dou partida no carro.

Ligo o rádio para passar o tempo, escuto uma notícia sobre lutas clandestinas, que sempre ocorre na cidade. E até eu mesmo vou algumas vezes só para ver meu amigo nessas coisas idiotas.

"Quando a polícia chegou, os envolvidos já haviam fugido. Foram detidos alguns delinquentes, porém sem sucesso em extrair informações deles."
Ouço no noticiário.

Solto um sorriso sarcástico.

Estaciono o carro, mostro meu crachá ao segurança e recebo autorização para entrar. As instruções que recebi indicam que serei responsável por servir os convidados.

__Está atrasada, Emma__Joseph, o gerente que me contatou para o serviço, me recebe. Ele conhece bem o lugar onde trabalho, a cafeteria Coffee-break da dona Nancy.

__Peço desculpas, o evento é um pouco distante de onde moro__explico, um tanto sem jeito.

__Tudo bem, agora pegue uma bandeja - ele aponta para onde as bandejas estão.

__Aquele rapaz vai encher os copos de champanhe para você. Não derrame nada e trate bem os convidados__ diz ele um pouco rude, antes de sair para coordenar outros garçons.

Aproximo-me do rapaz que está servindo o champanhe, de cabelos loiros e olhos azuis alto e bem bonito

__Olá__ cumprimento-o.

__Joseph é assim mesmo, não se preocupe. Apesar disso, é uma boa pessoa__ o rapaz alto me tranquiliza com um sorriso, diminuindo a tensão criada pela abordagem ríspida de Joseph, enquanto serve três taças na minha bandeja. Retribuo com um sorriso.

__Me parece que sim__falo simples

__É um evento movimentado hoje__ o rapaz tenta puxar assunto

Assinto dando um sorriso e saio para atender as pessoas. Não tô muito afim de conversas hoje.

Observo o ambiente ao meu redor: pessoas conversando, o local é amplo e bem iluminado, decorado com vasos de flores em alguns cantos e um grande telão exibindo fotos de produtos da empresa Sanchez. É uma das maiores companhias da cidade de Miami, pelo que sei pertence a Patrícia Sanchez, carregando o sobrenome da família. Nunca ouvi falar sobre seu marido, se é que tem um.

A beleza das mulheres presentes é notável. Caminho pelo local, oferecendo champanhe com um sorriso. Algumas pessoas aceitam, outras não dão atenção.

Após servir diversas vezes, sento-me brevemente no final do balcão, tentando dar um descanso às minhas pernas cansadas depois de atender tantos convidados exigentes.

__Era para você estar aqui, Andrew__escuto uma voz feminina. Discretamente, finjo me ocupar com algo na mesa.

__Estou aqui agora__responde outra voz, esta masculina.

__Depois de horas... Pelo amor de Deus, olhe o seu rosto machucado. Você estava envolvido naquela luta, não estava?__a mulher tenta manter a calma.

Eu não deveria estar ouvindo isso, então decido me afastar, mas acabo deixando a bandeja onde está, pois a curiosidade fala mais alto.

__Não, eu não estava__respondeu ele

__Não minta eu vi a notícia__ a mulher fala um pouco alto

__Isso não importa, estou aqui agora__a voz masculina responde

__Díos mío não sei o que fazer com você__a mulher exclama, e a conversa parece terminar ali.

Penso comigo mesmo que deve ser apenas mais um filho problemático de algum rico, enquanto pego um petisco da bandeja próxima.

__Sabe que é falta de educação escutar a conversa alheia?__um homem alto, que com certeza me deixa minúscula perto dele, seus cabelos são pretos e está vestido de maneira distinta dos demais empresários presentes no evento, me repreende.

Engasgo-me e começo a tossir, cobrindo a boca com a mão, enquanto ele permanece ali, de braços cruzados, observando-me com seus olhos castanhos escuros que, apesar de intimidantes, não escondem sua atração.

__Eu? Não, não estava ouvindo nada__minto.

__Você não é boa em mentir__ele comenta__Emma, vi claramente que estava ouvindo a minha conversa -diz, com um leve sorriso de canto de boca. Como ele sabe meu nome? Talvez ele tenha visto no crachá

__E se eu estivesse? Não é minha culpa se escolheram falar justamente ali__respondo, indicando o local da conversa.

__Não era você que deveria me servir__ele indaga, mundando de assunto com uma expressão desafiadora, como se esperasse algum tipo de serviço.

__Sirva-se você mesmo. A bandeja está logo ali__digo, um tanto irritada, empurrando a bandeja em sua direção

__Você não deveria me responder assim__ diz ele, me olhando.

__Não é só porque estou trabalhando que eu tenho que te servir, a bandeja está na sua frente__ exclamo, nervosa pelo fato de ele ter me visto escutando a conversa.

__Você é muito respondona__ ele diz, puxando a bandeja e pegando um petisco__Sabe quem eu sou?

__Deve ser mais um filhinho de papai que só causa problemas__digo, tapando a boca logo depois. Posso ser demitida por isso droga. Ele me olha, mas não consigo decifrar seu olhar__Bom é isso que diz sou rosto machucado

__Sorte sua que estou de bom humor, sardenta__ ele diz, levantando-se e passando por mim, deixando seu perfume no ar.

__Mas o quê?!__exclamo, levantando-me também, indignada por ele me dar apelidos.

__Estou de bom humor__Imito a sua maneira de falar, perguntando-me por que me irritei tanto quando ele mencionou minhas sardas. Detesto quando isso acontece.
Ao voltar a atender as pessoas, passei por ele algumas vezes.

Após servir incessantemente, finalmente o evento chega ao fim, marcado pelo lançamento de um novo produto da empresa. Joseph agradece a todos os funcionários pelo trabalho bem feito e pela noite que superou as expectativas. Já era mais de duas horas da madrugada quando, finalmente, pego meu carro e retorno para a casa de Sarah, onde dormirei essa noite.





É meu primeiro livro, estão por favor peguem leve🫶🏼🥹

Ardência Profunda Onde histórias criam vida. Descubra agora