Ardência Profunda

Capítulo 7

                Emma Martínez

__Esquece, eu não vou mais!__ Afirmei. A Sarah estava tentando me convencer a ir, depois que ela disse que a festa seria durante uma luta. Eu me prometi que não iria mais a essas lutas de merdas

__Você vai, você me prometeu.__ Sarah faz seus dramas. Talvez, se ela estivesse me contando a verdade, eu consideraria ir.

__Antes de você contar onde vai ser.__ Digo, enquanto passo um pano no balcão, pegando alguns copos e entregando a Robert.

__E você iria?__ Ela pergunta com esperança.

__Não.

Sua expressão fica emburrada, e a morena à minha frente parece desistir. Vou atender um cliente que chegou. Depois de atendê-lo, volto a me sentar atrás do balcão.

O sino soa, indicando que alguém entrou. Ethan, seguido de Rafael, aparece.

__Oi, meninos.__ Falo sorrindo.

__Ethan, me ajuda.__ Sarah pega na mão de Ethan. Ele me olha sem entender. __Ela não quer ir à festa de sexta-feira.

__Por que caralho você não quer ir?__ Ethan me pergunta com um olhar fixo.

__Olha o que aconteceu quando fui pela sua cabeça, Ethan.__ Exclamo. O pobre do Rafael nos observa, tentando acompanhar a conversa.

__Você vai e pronto, Rafael vai por causa de vocês duas.__ Ele afirma, me surpreendendo. Eu havia esquecido desse detalhe e, bufando, acabo aceitando.

__Torçam para que eu não me arrependa.__ Aponto para Sarah, Ethan e até para Rafa, como uma forma de ameaça.

__Vocês vão pedir ou vão ficar apenas me olhando?__ Pergunto, já que nenhum deles pediu nada.

Depois de um dia longo, finalmente estou livre. Tiro meu carro do estacionamento; a rua está movimentada hoje. Passo no mercado antes de ir para casa, pois preciso comprar algumas coisas. Assim que chego em frente à minha casa, pego as sacolas do carro, coloco tudo no balcão, amarro meu cabelo e começo a limpar toda a bagunça. Uma música para manter minha cabeça ocupada e, neste momento, sinto apenas vontade de organizar tudo. Se não fizer isso agora, não sei quando terei outra oportunidade.

Começo pelo básico: pego algumas sacolas e coloco tudo que não serve mais no lixo. Depois de passar o aspirador de pó na sala, vou para a cozinha lavar os utensílios. Guardando as compras no armário e finalizo organizando meu quarto.

Prontinho. Tomo um banho colocando um pijama e tomando meu remédio para dormi sem ser atormentada por aqueles demônios.

                      {...}

__Obrigada, dona Nancy__. Agradeço por ter me liberado mais cedo. Em casa, encontro mais uma caixa com uma rosa vermelha; é a terceira vez que recebo flores aqui. Alguém sabe o endereço da minha casa? Desde que conheci Andrew, coisas estranhas têm acontecido comigo. Se for ele, juro que vou matá-lo. Uma criança passa perto de mim e, em vez de jogar uma rosa tão linda no lixo, decido entregá-la a ela. Pego meu celular, ansiosa pela mensagem que espero ser da Sarah.

                         Babaca.

Você está com cara de brava, sardenta?

                                    Me deixe em paz!

Você salvou meu número como babaca? Prefiro que salve como amor.

      Nem nos seus sonhos eu te chamaria de amor.
             Preciso saber que é você para te ignorar.

Você não está me ignorando agora, sardenta.

Guardo o celular com um certa força, ignorando-o enquanto olho para todos os cantos. É assim que vou viver agora, sendo perseguida. Me jogo no sofá cinza, que foi deixado pelos antigos moradores. Foi a única coisa que deixaram antes de eu alugar a casa. E estou pensando seriamente se ainda devo ir para aquele maldito lugar.

Tenho que parar de prometer certas coisas.

__Hola, chica__. Sarah invade minha casa, entrando com uma garrafa de cerveja em uma mão e uma bolsa na outra. __Vamos nos arrumar? Ah, e eu trouxe uma bebida para nos animar.__

__Por que tão cedo?__ pergunto, olhando para ela. Ela deixa suas coisas no sofá, até onde eu sei, a festa é depois da luta.

__Vamos à luta.__ Ela diz, levantando as mãos de forma animada, ao contrário do meu rosto, que expressa a vontade de matá-la.

__Nem fodendo! Nosso combinado foi ir à festa e não ver luta.__ Esbravejo, me negando a ir.

__Sim, você vai! O Rafa quer ver o Ethan lutar e vamos acompanhá-lo.__ Aqueles dois, não duvido que Ethan tente algo com ele. Ethan se assumiu bi há dois anos quando estávamos no terceiro ano do ensino médio, e desde que apresentamos o Rafa para ele, os dois estão de papinho.

__Vocês são os piores.__ Digo, me rendendo com a maior cara de tédio. Sarah vem animada, abrindo a cerveja e bebendo, logo me entregando. Nada melhor do que matar esses demônios que ferraram minha vida com uma boa bebida. Sarah tira algo da bolsa e balança em sua mão uma caixa de cigarros, com um sorriso travesso no rosto.

__A tia Talita sabe disso.__ Pego a caixa e tiro um cigarro. Começo a fumar, soltando a fumaça junto com a Sarah. Nós fumamos nas poucas vezes que vamos a festas, já que não é algo comum para nós, e mesmo assim fumamos sempre que podemos.

__Claro que não, ela me mataria, e você também, porque ela acha que você é a certinha de nós duas.__ A mãe da Sarah sempre me elogiou, dizendo que sou um anjo que não faz nada de errado. Isso é o que ela pensa. Na verdade, não fiz nada útil nos últimos doze meses da minha vida, além de contas atrasadas, horas extras de trabalho e manter minha cabeça ocupada vinte e quatro horas por dia para não me matar.

Não demorou muito para esvaziarmos a garrafa, e fomos para o quarto nos arrumar. Coloquei uma saia colada e curta, com uma blusinha preta, finalizando com uma bota.

__Acha que a calcinha está marcando?__ Pergunto, me olhando no espelho.

__Está um pouco.__ Sarah me faz dar uma volta; decido tirar e ir sem, pois detesto roupas que marcam. Já tenho um quadril grande, e com a calcinha marcando não dá.

__Uma vadia muito gostosa! Eu te pegaria se o Andrew não fosse tão obcecado por você.__ Ela está concentrada no celular, como se não tivesse falado um absurdo desses.

Joguei minha jaqueta que estava segurando, enquanto Sarah já estava pronta. Ficamos mais um pouco jogando conversa fora até que Sarah atendeu o celular; era Rafa avisando que eles já estavam lá. Saímos do quarto, mas antes disso, peguei algo na gaveta que pertencia ao meu pai. Não me sinto mais segura sozinha sem isso; agora posso me defender e não hesitarei em usar.

Saímos, cada uma em seu carro, rumo ao novo local da luta, Ethan nos enviou a localização.

Estacionei o carro e desci, chamando a atenção de alguns idiotas. Acho que estou arrumada demais, mas foda-se. Hoje só quero me sentir solta e, no dia seguinte, me arrepender profundamente das loucuras que cometi.

O lugar parece mais profissional do que as outras lutas que já fui. Pelo visto, ainda não começou; algumas pessoas estão chegando, e há aquele material no chão do ringue, ou sei lá como isso se chama. Sarah se aproximou e fomos até Ethan e Rafa.

__Chegamos!__ Sarah praticamente grita.

__Vocês estão lindas!__ Rafa nos elogia educadamente. Ficamos conversando e descobri que Ethan será o primeiro a lutar. O lugar parece que vai encher por causa da revanche que Lucius pediu, e eu minto descaradamente fingindo estar interessada.

Olho ao redor e não vejo Andrew. Será que ele vai perder essa revanche? Não, com certeza Lucius parece mais covarde e propenso a perder essa luta do que Andrew.