Capítulo cinco

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Boa leitura a todos!!
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-Não estava em casa, Camila. Quando cheguei, o quarto estava simplesmente fechada; como eu poderia imaginar o que estava acontecendo? Você parece querer me culpar por tudo a todo momento. Como poderia eu saber de algo se ninguém me comunica nada, se a verdade me é constantemente ocultada?

— Se você estivesse presente, saberia o que estava acontecendo! Sua ausência é sempre a desculpa que você usa para não se comprometer.

— Então você quer me pintar como uma negligente, Camila? Como se eu estivesse constantemente fugindo das responsabilidades? Você diz que eu não sei o que está acontecendo, mas estive noites inteiras tentando ligar para seu celular...

— Poderia ter falado com seus filhos! Se estivesse verdadeiramente interessada, teria feito mais do que apenas tentar ligar. A ausência é o problema, Lauren!

— Então é isso? — Lauren sorriu com ironia. — Está no celular deles, assim como está no seu. As ligações que eles sempre fazem, dizendo que está tudo bem e simplesmente desligam, as mensagens onde afirmam que tudo está normal. — Lauren, com uma raiva contida, puxou os cabelos para trás em um gesto de frustração. — Você quer se sentir a única presente. Você consegue ver além da visão que criou de mim? Consegue enxergar? Você está batendo na tecla da minha ausência como se eu devesse adivinhar o que acontece quando não estou, quando você não me diz nada e eles agem como se nada estivesse acontecendo. Você deveria ter me avisado, Camila. Era nosso acordo, mas você se recusa a admitir que não é perfeita, que não está conseguindo dar conta. Você sabe que eu viria...

Lauren se levantou, pegou sua xícara, e ambas estavam agora em um silêncio tenso. Nenhuma delas tinha postura agressiva; Lauren apenas parecia exausta, suspirando pesadamente a cada momento. Camila, sentada no sofá de costas para a pequena mesa, evitava o olhar de Lauren, fixando sua visão no espaço à frente, como se buscasse algo que a distanciasse daquele olhar que, por anos, a fez se perder.

— Quando você estava entrando e saindo de aviões, sequer tinha tempo para uma ligação noturna. No entanto, eu te mantinha informada sobre tudo que estava acontecendo, porque sabia que você estava ocupada e isso te manteria atualizada sobre nossos filhos, sobre mim. Você também não estava sempre presente. Era nosso combinado, e você está guardando tudo para si, me excluindo de forma que eu não fiz com você. Você não me diz o que acontece, Samuel não me diz o que acontece, sempre evitando uma conversa. Beatrice sempre desconversando. Não me culpe e aponte o dedo para mim como se eu fosse sua secretária, indicando onde erro ou não, como se não me conhecesse. — Lauren chegou ao fundo do sofá, sem olhar para o rosto de Camila. — Não consegue ao menos ser corajosa e olhar nos meus olhos, Camila? Enfrentar a verdade que você mesma impõe?

— Lauren... — A voz de Camila saiu mais rouca do que o habitual.

— Você precisa refletir, Camila. Precisa pensar em tudo. Eu sairei daqui hoje e voltarei à noite para pegar algumas coisas.

Lauren saiu sem olhar para trás, sabendo que não havia mais nada a ser dito que não resultasse em um jogo de palavras evitadas. A noite passada se estendeu como um vazio profundo e opressivo. A casa, em vez de ser um refúgio, parecia um buraco sombrio e silencioso que se afundava a cada momento. Lily, que antes dominava o ambiente com sua energia, alternando entre bonecas sem cabeça e ursos de pelúcia, agora estava silenciosa; suas brincadeiras barulhentas deram lugar a um silêncio inquietante. Samuel, jogando seu videogame, não emitiu os sons frenéticos habituais dos controles. A última porta do corredor estava apenas entreaberta. não trancada nem aberta por completo, suficiente para distanciar a entrada dos demais cômodos e pessoas, mas não o bastante para escapar da situação. O som alto da melodia indie que costumava preencher o espaço, irritando Karla após um longo dia, estava ausente, tornando o ambiente ainda mais pesado e silencioso.

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