Capitulo seis

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Um capítulo mais longuinho para vocês; espero que gostem. A música indicada para este começo de capítulo é 'Safe with Me', de Sam Smith, que ajudará a criar a atmosfera da cena.

Boa leitura!!
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As cortinas quase transparentes flutuavam pela janela aberta, como dançarinas exuberantes e encantadoras, repletas de sortilégios. O ar, impregnado de um aroma doce e feminino, exalava um caráter inebriante, infundindo o ambiente com uma tentadora suavidade. A claridade brincava entre os lençóis desordenados, cuja disposição refletia um jogo de movimentos e agitação. Os lábios se encontravam incessantemente em beijos castos, enquanto os corpos se entrelaçavam em uma fricção de almas.

Mãos delicadas deslizavam suavemente pelas costas nuas, explorando desde as sobressaltas das costelas até a curva acentuada da cintura, onde, por horas, se fundiam em um abraço caloroso. Os dedos gentis serpenteavam pelo pescoço nu, em uma intimidade que parecia transcender o físico, como uma entrega total da alma. Cada toque era um movimento ritualístico; as mãos pálidas desenhavam espirais sobre a pele exposta. A morena, com as costas apoiadas contra o peito quente e perfumado de Lauren, estava sentada entre suas pernas, enquanto esta a envolvia em um carinho dançante, quase hipnótico.

A mulher de pele clara acariciava suas costas, inalando o perfume íntimo e primordial, como se pudesse penetrar além da essência natural, fundindo-se com Camila.

Olhando para frente, Camila ansiava e vibrava com uma sensação inexplorada. Sua espinha reagia a cada toque inconsciente dos lábios de Lauren em sua pele. Suspirava, imersa em um horizonte sereno, desprovida de receios. Com os lábios entreabertos e olhos brilhantes, como sob o efeito da droga mais envolvente, buscou a mão de Lauren, presa em suas costelas. Sem hesitar, colou seus lábios aos dela, deixando um beijo molhado e, em seguida, entrelaçando seus dedos aos de Lauren, selando a união de seus corpos.

Seus narizes se chocavam em um roçar caloroso, e Camila sorriu ao ver Lauren sorrir sobre seu rosto. As testas unidas, as mãos delicadas alisavam a pele com carinho. Fricção, cheiro, carne, sangue, suor — um entrelaçamento de sentidos e emoções. Camila percebeu o sol refletindo nos olhos de Lauren, assim como Lauren via a lua nos olhos de Camila, sob a penumbra da noite.

Era a primeira vez que Camila sentia-se tremer, não por um êxtase carnal, mas por um turbilhão de sentimentos que pareciam prestes a explodir se retidos.

— Eu... — as palavras escaparam, os olhos castanhos se misturando com o puro esverdear — eu te amo, Lauren.

Camila sorriu, segurando a voz em um sussurro apenas para que ela ouvisse. Seu corpo se recusava a ceder ao medo e à ânsia, enquanto o de Lauren vibrava em alegres tremores, seu rosto pálido corando entre as mãos, como se não quisesse se soltar. Os olhos de Lauren pareciam ancorar-se naqueles que amava.

— Eu te amo, Karla... eu te amo, Camila!

Em um movimento súbito, um suspiro profundo e um sorriso radiante, seus lábios se uniram em um beijo repleto de amor, ternura e um desejo de nutrir a alma com a outra. Lauren jurou amar Karla e Camila.

Observando a cena que antes fervilhava em sua mente, Lauren se perdeu em seus pensamentos enquanto o pincel deslizeava sobre a tela. Era reconfortante, mas nada se comparava à paixão do movimento. O pincel traçava espirais na nuca da mulher pintada, seus dedos sentindo-se dormentes. A curva da cintura, impossível de ser capturada, escapava ao controle da mão que tentava retratá-la. Os cabelos desenhados não tinham a suavidade de sua textura real, e as costelas não saltavam como deveriam sob seu toque. Era apenas uma tela, sendo pintada por uma mão enferrujada.

O pincel foi deixado de lado, repousando sobre a mesa branca. Ao dar alguns passos para trás, ela pôde observar melhor. Sua arte, embora enferrujada, estava repleta de sentimentos e tempo — livres e vivos. Não era um trabalho de poucas horas. Dois dias, dois dias em um hotel, após algumas viagens canceladas, tornaram-se um bom passatempo. Em um impulso mental, buscou seu celular, passando-o repetidamente até encontrar o contato desejado. Chamou uma, duas vezes; na terceira ligação, foi atendida.

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