Último ano da sua faculdade de letras e Sadie gosta de viver em seu próprio mundo, onde ela fica mais feliz em casa do que sair com os poucos amigos. Ela ama ficar em sua própria "bolha".
Millie se mudou no final do ano para o Canadá, e agora que e...
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Sadie
A semana passou em um piscar de olhos, eu não consegui piscar direito e já estamos na sexta-feira. Depois da terça-feira, Millie e eu estamos conversando com mais frequência e talvez, estejamos flertando.
Não sei ao certo se estamos flertando ou não, porque eu nunca flertei com uma garota em toda a minha vida, algumas já tentaram flertar comigo e eu digo que sou péssima nisso, por isso a incerteza.
Hoje me acordei e tentei ao máximo possível evitar meus pensamentos, que insistem em me lembrar que hoje é sexta e que possivelmente Maggie aparecerá por aqui. Passei a manhã e o começo da tarde tendo a sensação de que ela iria aparecer na minha frente e jogar todas as merdas sobre o passado em minha cara.
Felizmente, isso não aconteceu! Pelo menos até agora.
Graças a minha maldita ansiedade, estou fazendo algo que não faço desde o ano passado. Saí da última aula em disparada e vim para o campo de trás da faculdade, onde quase não se vê alguém por aqui. Caminhei até certo ponto e me sentei na calçada dali.
Puxei a carteira de cigarro do meu bolso e peguei um maço, acendendo o mesmo com o isqueiro que peguei de Jenna sem a garota ver.
Traguei aquilo, esperando sentir todos os meus problemas desaparecer junto com a fumaça que saia de minha boca.
O mesmo resultado de sempre... toda aquela merda iria continuar lá. Dentro da minha cabeça. Apodrecendo todo o meu corpo de dentro para fora, até eu decidir acabar com essa merda de una vez.
Eu tragava o cigarro e cada memória se passava em minha cabeça, como se tivesse acontecido ontem.
Thomas matando minha mãe. Thomas com aqueles olhos e sorriso que me davam medo. Thomas batendo diversos dias seguidos em minha mãe, a tratando como um bicho. Thomas. Thomas. Thomas. Thomas.
Meu olhos arderam e eu cruzei os braços, olhando para cima e piscando forte. A fumaça sumia no céu e minha vontade de sumir ficava.
Pisquei meus olhos várias vezes até a vontade de chorar cessar e eu abaixar a cabeça novamente. Eu nunca vou conseguir cruzar a linha e esquecer esse maldito passado.
Dizem que viver no passado nos impede de ver o que nos espera no futuro, e talvez isso seja real. Talvez eu não consiga olhar para o meu futuro.
Preenchi os meus pulmões com aquilo novamente e meus olhos encontraram uma pessoa andando ao longe. A mesma andava em minha direção e, ao apertar mais os meus olhos, percebi que era Millie.
