21- BRA X EUA pt.2

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O QUE O SENTIMENTO DA DERROTA pode causar em uma pessoa?

A derrota pode ser um sentimento quase insuportável; um peso que não sai da nossa consciência com facilidade. Ela fica ali, impregnada e resistente. A derrota nos causa uma sensação de instabilidade, decepção.

A sensação de derrota pode ser insuportável, algo que é tão difícil de sentir que pode-se tornar algo pior.

Em determinadas situações, a derrota tende a ser vista como um fracasso e também, uma vergonha. Independente da situação, é fato que pode ser extremamente difícil aceitar a derrota.
A derrota é capaz de mudar vidas, deixando aqueles que sofrerem uma derrota desmotivados ao extremo; sem forças para continuar, sem rumo. É isso que a derrota pode fazer com uma pessoa.

Bella estava familiarizada com a sensação de derrota. Durante sua vida, houve situações na qual a derrota teve um gosto tão amargo que Bella sentiu-se a ponto de desistir de tudo. Como por exemplo, a vez que o seu trabalho da faculdade foi massacrado pelo seu professor, na frente de mais de 20 pessoas.

Aquela derrota em específico perseguiu Bella por meses, causando à jovem uma angústia que parecia ser eterna. Bella pensou que estava no curso errado, que talvez administração não fosse para ela e por pouco não trancou o curso.

Entre tantas outras derrotas, havia a mais dolorosa de sua vida. A perda de sua mãe.

Em um jogo contra o Estados Unidos, era esperado que a apreensão estivesse entre os torcedores. No entanto, ainda havia aquela pontada de esperança; afinal, eram brasileiros. Eles não desistiam nunca.

Foram 4 vitórias fáceis, Brasil havia chegado a aquela semifinal com glória. O sonho do tri-olímpico não pareceu um absurdo. Na verdade, parecia algo fácil.

Talvez tenha sido por isso que a derrota pesou tanto sobre as jogadoras e os torcedores.

Apesar de um primeiro set intenso e difícil, onde as americanas venceram por uma diferença de dois pontos, a esperança ainda estava ali. Afinal, era ainda o primeiro set. Ainda havia muito pela frente.

E então o segundo set. As brasileiras voltaram confiantes e reagiram. O domínio estava na vantagem do Brasil. A esperança estava presente entre as vibrações dos torcedores, assim como o desejo da medalha de ouro. As jogadoras estavam dando o melhor de si, era perceptível, e Ana Cristina era o grande nome da seleção brasileira até o momento.

A jogadora marcou 15 pontos, além de ter sido a responsável por fechar o set em 25 a 18.

Bella sentia-se momentaneamente aliviada. Vibrava ao lado de Sara e Anne, o ouro estava próxima. Brasil só precisava seguir aquele ritmo.

Todavia, aquele ritmo energizante não durou até o terceiro set. As jogadoras não pareciam as mesmas do segundo set, algo que causou preocupação entre os jogadores. Após a vitória fácil no segundo set, tudo decaiu no terceiro, de uma forma que nem mesmo os torcedores entenderam o que de fato estava acontecendo na quadra.

- Merda! Tá na hora de tirar a Ana. Coloca a Bergamann, Zé! - Uma torcedora disse, suspirando alto enquanto passava as mãos pelo o rosto em um ato exasperado.

- Estão marcando a Gabi. Zé precisa tirar ela um pouco. - Sara disse em seguida, observando o jogo com preocupação no olhar.

Bella permaneceu sentada, seu rosto entre as mãos enquanto tentava manter a calma e a positividade.

Entretanto, sua calma foi totalmente embora quando Zé colocou Natinha - a líbero - para sacar. Nesse momento, xingamentos de todos os tipos foram cuspidos pelos torcedores. A indignação era grande e as coisas somente pioraram quando Natinha errou o saque.

𝐒𝐄𝐉𝐀 𝐌𝐈𝐍𝐇𝐀 | 𝐑𝐎𝐒𝐀𝐌𝐀𝐑𝐈𝐀 𝐌𝐎𝐍𝐓𝐈𝐁𝐄𝐋𝐋𝐄𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora