Lílares acordou antes do sol, o quarto ainda mergulhado na penumbra. Os lençóis estavam quentes, mas sua mente estava agitada, como sempre acontecia ultimamente. Ela suspirou profundamente, virando-se na cama e encarando o teto de pedra da academia. Aquele pensamento insistente não a deixava em paz: ela era a reencarnação da princesa tola, a que morreu por amor.
Com os olhos abertos, ela começou a sussurrar para si mesma, como se a escuridão ao redor fosse sua única confidente.
- Reencarnação é difícil.. - murmurou, quase com desgosto. - Não posso acreditar que essa é minha história. Ela, que entregou tudo por alguém que não merecia, que morreu de coração partido.
Lílares apertou os lençóis com as mãos, sentindo um aperto no peito. As memórias da vida passada vinham a ela em flashes desconexos, às vezes em sonhos, outras em momentos de silêncio como esse. Era um fardo que ela mal conseguia entender, muito menos aceitar.
- A princesa que todos lembram como um símbolo de tolice, cega pelo amor... Como se isso fosse tudo o que ela era. Tudo o que eu era.
Ela se sentou na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos e enterrando o rosto nas mãos por um momento.
- Eu não vou cometer os mesmos erros. sua voz ficou mais firme, como se estivesse fazendo uma promessa a si mesma. - Não sou mais aquela princesa ingênua. Agora sou Lílares. E estou aqui para ser lembrada de um jeito diferente. Para ser mais do que apenas uma lembrança patética de um romance malfadado.
Ela olhou pela pequena janela do dormitório, onde o céu começava a clarear levemente. O novo dia estava nascendo.
- Não vou morrer por amor. Não dessa vez.
A frase ecoou em sua mente enquanto se levantava da cama, determinada a enfrentar o dia com uma nova força.
"Ai caraio"falo ao escorregar por causa de uma gosma no chão ."quem é o ser humano retardado que deixa isso aqui?"falo me levantando.Lílares estava em sua segunda semana na Academia Imperial. Aos poucos, começava a se acostumar com a rotina rígida, os treinos intensos e, principalmente, a convivência com as nove outras pessoas com quem dividia o dormitório. ela desceu para a cozinha para tomar o café da manhã.
Ela entrou no ambiente iluminado pelas lâmpadas de cristal, onde o cheiro de café fresco misturado com pão recém-torrado preenchia o ar. Ao redor da grande mesa de madeira, seus colegas já estavam sentados. Cada um tinha uma xícara de chá ou café em mãos, comendo em silêncio ou conversando em sussurros.
Lílares pegou um pão e se sentou, lançando um olhar ao grupo. Ainda se sentia nova, como se fosse uma estranha em meio a eles, mas sabia que era hora de quebrar o gelo. Decidiu começar com May, que estava ao seu lado e sempre parecia mais aberto a conversas.
- Bom dia, May. Como foi o treino de ontem? - perguntou ela, enquanto cortava o pão.
May sorriu com simpatia, deixando de lado sua xícara de chá. Ele era alto e tinha uma postura firme, mas sua voz era sempre tranquila.
- Foi puxado, como sempre, mas sobrevivi. E você? Está se acostumando com os treinadores?
- Estou tentando - respondeu ela com uma risada tímida. - Ainda é muito diferente de tudo que já fiz, mas estou aprendendo.
A conversa começou a fluir mais naturalmente. Ao lado de May, estava Emily, uma garota de cabelos curtos e olhos penetrantes. Ela ouviu a conversa e se inclinou para participar.
- Acho que todos nós sentimos isso nas primeiras semanas - disse Emily. - Eu fiquei tão perdida no começo, mas vai melhorar. A chave é encontrar seu ritmo.
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Acreditando em algo que nunca aconteceu
RandomEm um mundo onde dimensões se entrelaçam e a magia é uma realidade palpável, uma jovem menina carrega o peso de um legado sombrio. Após a morte trágica da princesa, ela entra em uma academia do império, onde se depara com pessoas de sua vida passad...