Obscuro deu uma olhada ao redor do dormitório, que ainda tinha algumas coisas fora do lugar, apesar da intervenção do sistema. Ele cruzou os braços e olhou diretamente para Suzane. "Já que você está aqui, Suzane, pode ser útil e ajudar a arrumar o lugar. Livan e Kai também."
Suzane arqueou as sobrancelhas, surpresa pela ordem repentina, mas não ousou desafiar Obscuro. Livan e Kai olharam entre si, ambos sabendo que não tinham escolha.
Antes que mais alguma coisa fosse dita, Obscuro deu uma olhada rápida para um canto do quarto e, por um segundo, seus olhos pousaram em uma pequena figurinha que ele mantinha escondida. Sem dizer nada, ele ficou visivelmente desconcertado, deu um passo para trás e, de repente, saiu rapidamente para o próprio quarto, deixando todos confusos.
"Nossa, ele ficou bem bravo, hein?" Suzane comentou com um sorriso satisfeito, achando que tinha conseguido irritá-lo de alguma forma.
Kai olhou para Livan e deu de ombros. "Bom, parece que sobrou pra gente..."
Enquanto arrumavam o dormitório, Kai, em um impulso de travessura, decidiu que seria engraçado tentar tacar fogo no cabelo de Suzane. Ele acendeu uma pequena chama com seus poderes e, com um sorriso travesso, preparou-se para atacar.
Suzane, ao perceber a intenção, gritou e saiu correndo, seus olhos arregalados. "Não, não, não! Você não pode fazer isso! Se descobrirem que eu sou calva, vou ser a piada da escola!"
Livan, vendo a cena, entrou rapidamente no meio. "Kai, não! Para com isso!" Ele tentou bloquear Kai, mas a situação rapidamente ficou fora de controle.
Nesse momento, Obscuro apareceu novamente na porta, percebendo a confusão. Com um movimento ágil, ele usou sua habilidade de magia para separar os dois, criando uma barreira invisível que os mantinha afastados um do outro.
"Ei, tio!" Kai exclamou, brincando, enquanto olhava para Obscuro. "Você não pode nos deixar assim! Suzane estava prestes a virar churrasco!"
"Não sou tão velho," Obscuro respondeu, sem perder o tom sério.
Livan não perdeu a oportunidade de provocar. "Quantos anos você tem mesmo, Obscuro? Você parece mais velho que a maioria de nós."
Obscuro lançou um olhar afiado para Livan, mas havia uma leve expressão de divertimento em seu rosto. "Eu tenho 38 anos, Livan. O que é muito jovem se você pensar nas responsabilidades que tenho."
Kai fez uma careta. "38? Eu sempre pensei que você era um velho rabugento, mas até que você é mais jovem do que parece!"
"Nem venha," Obscuro retrucou, balançando a cabeça. "Agora, voltem ao trabalho antes que eu tenha que usar essa habilidade para colocá-los em um canto. E Suzane, por favor, não tente correr de novo."
Enquanto a confusão se acalmava, o sistema soou com um aviso: "Encomendas de Obscuro chegaram."
Obscuro olhou para o display do sistema, um leve sorriso de satisfação surgindo em seu rosto, mas ele rapidamente se recompôs. "Ninguém precisa saber o que é," ele murmurou para si mesmo, escondendo a curiosidade dos outros.
Ele se dirigiu à cozinha, onde começou a preparar o jantar. Havia um ar de familiaridade em seus movimentos enquanto cortava ingredientes e colocava tudo em uma panela, a mistura de aromas preenchendo o ambiente. Obscuro sempre foi um excelente cozinheiro, algo que muitos de seus colegas apreciavam, embora poucos soubessem do quanto ele se dedicava a isso.
Enquanto ele cozinhava, os outros sete colegas do dormitório estavam a caminho, mas Obscuro sabia que tinha tempo. Ele colocou uma mesa grande no centro da sala, arrumando pratos e talheres com precisão.
Quando os colegas chegaram, entraram rindo e conversando, alheios à atmosfera de expectativa que cercava Obscuro. Ele os cumprimentou com um aceno e um sorriso, mas ainda mantendo um ar de mistério sobre as encomendas que haviam chegado.
"O que você está cozinhando, Obscuro?" Livan perguntou, com um olhar curioso.
"Um pouco de tudo. Mas não se preocupem com isso," Obscuro respondeu. "Vamos apenas aproveitar a refeição e a companhia."
Os outros se sentaram, ansiosos para saber o que estava por vir, mas o ar de mistério em torno de Obscuro só aumentou a curiosidade. Ele se perguntava se alguém descobriria o que realmente estava escondido em suas encomendas, mas por enquanto.
Após o jantar, Obscuro começou a limpar a mesa, enquanto seus colegas ainda conversavam e riam sobre os eventos do dia. Com um olhar sério, ele se virou para Suzane. "Você vai lavar a louça. E eu não quero ver nem um prato sujo depois."
Suzane abriu a boca para protestar, mas Obscuro a interrompeu com um gesto. "Sem argumentos. Apenas faça isso. Depois do que você fez, é o mínimo que pode fazer."
Com um resmungo, Suzane se dirigiu à pia, enquanto os outros continuavam a socializar, claramente alheios à tensão que pairava entre eles. Obscuro se virou para os meninos, sua expressão tornando-se mais séria.
"Escutem," ele disse, sua voz baixa e firme. "Vou sair para a patrulha. Fiquem de olho no Kai, no Livan e na Suzane. Eu não quero que eles se matem antes que eu volte."
Leon fez uma cara de desprezo. "Você sabe que eles não vão se matar, certo? Kai só quer fazer piadas."
"Pode ser, mas não subestime a capacidade deles de se meter em problemas," Obscuro retrucou, apontando um dedo para Livan de forma quase paternal. "E quando der 11 horas, expulsem a Suzane para o dormitório dela. Estou cansado de ver ela aqui."
Suzane ouviu a última parte e resmungou, mas Obscuro não se importou. Com um último olhar para seus colegas, ele se virou e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.
Uma vez fora, Obscuro caminhou em direção ao local da patrulha, os pensamentos girando em torno das últimas interações com seus amigos e as encomendas que havia recebido.
Na manhã seguinte, durante as aulas de estratégias de combate mágico, o ambiente na sala estava tenso. O incidente com as bestas corrompidas, ainda pairava na mente de muitos alunos. O professor, um veterano da guerra, falava sobre como identificar pontos fracos em criaturas mágicas, mas a maioria dos alunos estava dispersa.
Lílares no entanto, tentava se concentrar, em seus pensamentos. O lobo que a protegeu, as rosas que recebeu, e até mesmo as palavras que o havia dito... tudo parecia uma grande confusão. Ela respirou fundo, tentando afastar as distrações.
Do outro lado da sala, Livan e Kai estavam sentados, separados por algumas cadeiras. Livan mantinha uma expressão séria, mergulhado em seus pensamentos, enquanto Kai estava de bom humor, soltando piadinhas a cada oportunidade. Eventualmente, os olhos de Kai encontraram os de Lílares e ele piscou para ela, um sorriso surgindo em seu rosto.
"Conseguindo prestar atenção?" Kai sussurrou para ela, enquanto o professor explicava uma técnica complexa no quadro.
Lílares rolou os olhos, claramente entediada, mas antes que ela pudesse responder, o professor pediu para que todos se dividissem em duplas para praticar as técnicas que estavam aprendendo. Livan imediatamente se levantou e se dirigiu a ela, deixando claro que ele queria ser sua dupla.
"Vamos ver se você consegue me acompanhar hoje," ele disse com um meio sorriso, a cicatriz em seu olho dando-lhe uma aparência ainda mais imponente.
Kai, por outro lado, apenas observou a cena com um olhar de deboche. "Cuidado, Livan. Não vá se machucar treinando com alguém tão habilidoso."
Enquanto eles se preparavam para começar o exercício, Obscuro entrou na sala discretamente, com sua postura sempre séria. Ele manteve distância, observando os movimentos de cada um. Ele tinha seus próprios motivos para ficar de olho em tudo o que acontecia ao redor.
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Acreditando em algo que nunca aconteceu
De TodoEm um mundo onde dimensões se entrelaçam e a magia é uma realidade palpável, uma jovem menina carrega o peso de um legado sombrio. Após a morte trágica da princesa, ela entra em uma academia do império, onde se depara com pessoas de sua vida passad...