Capítulo 13 - Seus Braços

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O som suave dos rodízios da maca sendo empurrada pelo corredor era quase tranquilizador para Andrea, um contraste bem-vindo ao ambiente estéril e opressivo da UTI.


Ela estava sendo levada finalmente para o quarto. O colar cervical e as imobilizações em seu braço e perna a deixavam desconfortável, mas nada importava mais do que a expectativa de ver Miranda novamente, longe dos aparelhos, das luzes frias e do cheiro constante de hospital. Ao seu lado, Molly guiava a maca com o mesmo cuidado e carinho de sempre, certificando-se de que Andrea estivesse confortável.



- Estamos quase lá, Andy. O quarto está pronto, e eu sei que alguém muito especial está esperando por você - Molly disse, lançando-lhe um olhar cúmplice e encorajador.



O coração de Andrea acelerou, mas dessa vez, era por uma boa razão. O medo que a acompanhava desde o acidente, as incertezas, tudo parecia mais distante agora que Miranda estava tão perto. Finalmente, elas chegaram à porta do quarto, e Molly abriu com cuidado, deixando que a maca entrasse suavemente.



Miranda estava lá, parada ao lado da cama já arrumada para Andrea, como uma estátua de elegância e força. Seus olhos, no entanto, revelavam algo mais. Algo que Andrea raramente via com tanta clareza: vulnerabilidade. Miranda sempre tinha sido uma fortaleza, mas naquele momento, seus olhos denunciavam o quão difícil havia sido para ela suportar tudo aquilo. Sem dizer uma palavra, Miranda se aproximou, seus passos rápidos, mas precisos, até alcançar a lateral da maca.



- Andrea... - A voz de Miranda saiu quase como um sussurro, rouca de emoção.



Molly sorriu, recuando para dar espaço ao momento que claramente pertencia às duas. Com cuidado, Miranda se abaixou até estar à altura de Andrea, que estava imobilizada e parcialmente coberta por bandagens e imobilizações. Miranda a envolveu em um abraço tão delicado quanto profundo. O toque de seus braços era suave, temendo machucar ainda mais Andrea, mas era carregado de tanta ternura que a jovem sentiu uma onda de calor preencher seu peito.



Andrea fechou os olhos, sentindo o perfume característico de Miranda, aquele aroma de flores suaves e elegância inata, que sempre a acalmava. Ela queria abraçá-la de volta com toda a força, mas o colar cervical e as ataduras tornavam qualquer movimento doloroso e restrito. Mesmo assim, o carinho de Miranda bastava para aquietar sua alma cansada.



Por alguns segundos, as duas ficaram apenas ali, abraçadas, sem dizer uma palavra. Miranda então se afastou levemente, apenas o suficiente para poder olhar nos olhos de Andrea, aqueles olhos castanhos que ela tanto amava e que, por um terrível momento, temera nunca mais ver.



Elas se comunicavam com o olhar, sem precisar de palavras. O amor entre as duas era palpável, quase tangível, preenchendo o quarto com uma emoção silenciosa, mas intensa. Os olhos de Miranda estavam marejados, mas ela se manteve firme. Andrea viu uma mistura de alívio, medo e um amor profundo nos olhos de sua noiva, e aquilo fez seu coração bater mais forte, apesar de todo o cansaço e dor.



- Eu tive tanto medo de te perder, Andrea... - A voz de Miranda finalmente quebrou o silêncio, baixa e trêmula. - Eu... não sei o que faria sem você.



Andrea tentou sorrir, ainda que a dor estivesse presente em cada pequeno gesto. Ela queria responder, queria dizer que também teve medo, que Miranda foi seu ponto de força durante todo o tempo, mesmo nas piores horas. Mas naquele momento, as palavras pareciam desnecessárias. O amor que sentia por Miranda, a gratidão por tê-la ao seu lado, estava refletido em seus olhos. Andrea não precisava falar, porque sabia que Miranda entendia.



Miranda, que sempre controlava suas emoções tão rigidamente, não conseguiu segurar uma lágrima solitária que escapou e correu por sua bochecha. Ela se inclinou novamente e beijou suavemente a testa de Andrea, seu toque tão delicado quanto uma pluma.



- Nunca mais me dê um susto desses - sussurrou Miranda, com um meio sorriso, tentando quebrar o peso da emoção. - Não sei se eu aguentaria outra vez.



Andrea soltou um riso fraco, o máximo que conseguia naquele momento, mas havia amor em cada som que saía dela.



- Eu prometo - disse Andrea, sua voz baixa, mas cheia de sinceridade.



Miranda se sentou na beira da cama ao lado de Andrea, segurando sua mão com cuidado, como se estivesse segurando algo extremamente precioso, e era. Para Miranda, Andrea era o mais valioso de tudo. As duas ficaram ali, envoltas na presença uma da outra, sem precisar de mais nada além do conforto que traziam ao estarem juntas. O mundo fora daquele quarto parecia distante, quase irrelevante. Tudo que importava era que, apesar de todo o medo e incerteza, estavam ali, juntas.


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