Capítulo 09 - Miranda

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Quando Miranda chegou ao hospital, o ambiente frio e asséptico da recepção contrastava com o turbilhão que se formava dentro dela. Sua postura firme e decidida mal escondia o medo que a corroía por dentro. Assim que entrou, foi abordada por uma enfermeira que, com um olhar tenso, a conduziu rapidamente até uma sala de espera privativa.



Lá, Dr. Harrisson, o médico responsável por Andrea, a aguardava. Ele se levantou ao vê-la, com uma expressão séria, mas não tão sombria quanto a do dia anterior.



- Srta. Priestly, - disse ele, em um tom formal. - Gostaria de conversar com a senhora sobre o quadro da senhorita Sachs.



Miranda cruzou os braços, assentindo apenas com o olhar para que ele prosseguisse. O cansaço estava visível em seus olhos, mas ela não permitiria que isso transparecesse em seu comportamento.



- As notícias são um pouco melhores do que ontem. - continuou o médico, com uma tentativa sutil de aliviar a tensão que emanava de Miranda. - O estado dela ainda é delicado, mas estamos vendo pequenos avanços. Os sinais vitais estão se estabilizando, e ela está respondendo ao tratamento. No entanto, por precaução, Andrea continuará na UTI pelos próximos dias.



Miranda manteve o olhar fixo no médico, o silêncio sendo sua forma de exigir mais informações. A simples menção de Andrea permanecer na UTI era suficiente para apertar o nó em sua garganta, mas ela precisava manter o controle.



- Ela esteve agitada durante a madrugada - disse o médico, hesitante. - Chamava pelo seu nome... repetidas vezes. Tivemos que sedá-la novamente.



Ao ouvir isso, algo mudou na expressão de Miranda. Seu olhar, antes apenas frio, agora ganhava um tom de fúria reprimida. Suas palavras saíram afiadas como lâminas.



- E por que, exatamente, ninguém me ligou quando isso aconteceu? Principalmente quando deixei claro que gostaria de ser chamada, avisada sobre qualquer coisa referente a minha noiva. - Sua voz cortou o ar com uma clareza assustadora. - Vocês a deixaram chamar por mim, sozinha, e acham que está tudo bem me informar isso agora?



Dr. Harrisson engoliu em seco. Embora tentasse manter a compostura, era evidente que ele estava lidando com algo muito maior do que esperava. O peso da presença de Miranda Priestly o esmagava.



- Entendo sua frustração, Srta. Priestly, e lamento que não tenha sido informada imediatamente. No entanto, isso faz parte do protocolo do hospital. Pacientes em estado crítico, especialmente na UTI, muitas vezes têm episódios de agitação. Consideramos mais seguro sedá-la naquele momento, e achamos que seria melhor...



Miranda o interrompeu, avançando um passo.



- Vocês acharam? - repetiu, a voz gélida. - Eu não me importo com os protocolos de vocês. Andrea precisou de mim, e vocês a sedaram em vez de me chamar. Isso, Dr. Harrisson, é inaceitável. Eu sugiro que não volte a fazer essa escolha por mim. Da próxima vez, quero estar aqui, esteja ela agitada ou não. Se for para ser sedada, eu quero estar presente antes de qualquer decisão ser tomada. Eu sou responsável por ela. Entendeu?



O médico tremeu ligeiramente, seu rosto pálido denunciando o desconforto que sentia. Tentou manter o profissionalismo, mas sabia que, com Miranda Priestly, qualquer justificativa seria insuficiente.

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