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Simon não se lembra dos seus olhos.
Ele está arranhando o próprio rosto, literal e metaforicamente, porque cada vez que ele fecha as pálpebras para sucumbir à exaustão, ele vê seu rosto.
E você é bonita. Tão bonita. Ele imagina a curva do seu sorriso e como seus lábios se abrem para dar lugar aos seus dentes. As linhas nos cantos que franzem seu nariz e como ele fica vermelho quando está muito frio lá fora. Ele memorizou o formato de suas sobrancelhas para cada expressão. Conhece a linha de suas maçãs do rosto e como elas incham sob seus olhos quando você sorri.
Seu rosto é adorável, mesmo quando ele o evoca em sua cabeça. Mas quando sua forma rompe a névoa, ele se assusta todas as vezes. Porque ele não consegue ver seus olhos.
É como uma foto falsa de você. Uma imitação que deu errado. Você está lá, fresca e real, sussurrando palavras doces para ele, fazendo uma piada ou gemendo sem fôlego - ele se lembra do jeito que ele te fodeu, mas seus olhos são esculpidos. Pontos em branco em vez de janelas para sua alma, como todo mundo sempre parece tagarelar.
Claro, ele se lembra do formato dos seus olhos, e se ele respirar fundo, cancelar a tagarelice de Johnny e entrar em um estado meditativo profundo, ele pode ser capaz de desenhar o contorno deles.
Mas é o tom que ele sente falta. Eles são safira, escuros e enigmáticos? Ou azuis congelados. Esmeralda, talvez. Ele pondera, mas não tem certeza. Marrom, como o dele? Chocolate, com avelãs rodopiantes como manchas douradas. Cinza tempestuoso. Preto carvão. Âmbar. Dourado. Carmesim do caralho.
Ele não sabe.
Mas faz apenas três meses que ele foi embora.
E já faz seis meses desde que Simon te levou para a cama e fodeu seu nome em você. Seis meses desde que ele finalmente provou sua pele e imprimiu seu sabor em sua língua.
É sua culpa, ele pensa, se agora tudo que ele come tem gosto insosso. Nada mais do que o sal de você. A dicotomia não é perdida por ele. Ele é um homem racional e facilmente imagina que a pele não pode ser doce, especialmente depois que ele te fez suar ao te bater no colchão. No entanto, ele pode ter perdido uma ou duas bolas de gude depois disso, porque agora nem mesmo o mel pode se comparar.
É por isso que ele mudou as coisas dele para o seu quarto. Só porque é maior, ele te disse. Nenhuma outra razão, na verdade.
Mentiroso de merda.
Mas, novamente, você é tão açucarada quanto seu gosto. E talvez não tão ingênua quanto ele pensa. Porque desde aquela noite, seis meses atrás, suas mãos frequentemente se entrelaçam com as dele quando você o guia para a cama com você.
