06 • O PROIBIDO

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∆ Sukuna

Depois daquele dia, as semanas se arrastaram, mas a imagem daquele momento não me deixava em paz. Seus olhos, intensos e brilhantes, refletiam uma mistura de medo e ansiedade que me intrigava. As bochechas coradas, o calor de sua respiração contra a minha pele... Tudo isso permanecia vívido na minha mente.

A noite já se estendia mais do que o habitual, e o escritório, geralmente cheio de atividade, agora estava quase vazio. Apenas eu e Leah permanecíamos, nossos corpos cansados, mas nossas mentes em alerta, focadas no trabalho que tínhamos pela frente. Eu podia sentir a tensão no ar, uma eletricidade sutil que aumentava a cada troca de palavras.

Ela estava concentrada, analisando os documentos do projeto que precisávamos concluir antes da manhã seguinte. Havia algo fascinante em como ela se dedicava ao trabalho, a forma como seus olhos percorriam as linhas de texto, absorvendo cada detalhe. Apesar de todo o seu profissionalismo, eu conseguia ver os resquícios do nosso confronto anterior, aquele fogo que queimava em sua determinação.

No entanto, essa noite, algo mais parecia estar à espreita, algo que nenhum de nós estava disposto a reconhecer abertamente. Era como se estivéssemos caminhando sobre uma linha tênue, sabendo que qualquer passo em falso poderia nos levar a um lugar perigoso.

Enquanto discutíamos um detalhe do projeto, a conversa foi se tornando mais acalorada. As palavras saíam de nossas bocas carregadas de frustração e, antes que eu percebesse, a situação havia escalado.

— Você não está entendendo o ponto principal! — Eu disse, a voz mais alta do que pretendia. Eu sabia que minha frustração estava transparecendo, mas havia algo na maneira como ela se mantinha firme, sem ceder, que apenas alimentava meu próprio temperamento.

— Eu entendo perfeitamente a importância do ajuste! Mas a maneira como você está abordando isso é como se eu estivesse completamente errada! — Ela me encarou com a mesma intensidade, sua determinação evidente em cada palavra.

A proximidade entre nós era quase sufocante. Eu podia sentir a energia dela, a intensidade que ela exalava, e isso me atraía mais do que eu estava disposto a admitir. A sala parecia menor, o espaço entre nós diminuía, e eu me via cada vez mais envolvido em algo que não tinha nada a ver com o projeto.

— Talvez se você se importasse um pouco mais com o que está em jogo, entenderia! — Minhas palavras eram cortantes, uma tentativa de feri-la, de fazê-la reagir, mas também revelavam algo que eu estava tentando esconder: o quanto ela me afetava.

— Não é sobre se eu me importo ou não! — sua voz estava carregada de emoção, — É sobre respeito e como você está tratando isso! — Ela deu um passo em minha direção, sem recuar.

Eu a olhei nos olhos, sentindo aquela faísca perigosa se intensificar. A distância entre nós era quase inexistente agora, e o peso do que não estava sendo dito era tão palpável que eu quase podia tocá-lo. Havia uma batalha interna acontecendo dentro de mim, um conflito entre o desejo avassalador e a necessidade de manter o controle.

Então, ela fez algo que eu não esperava. Sua mão pousou em meu peito, num gesto que, embora fosse para me afastar, só fez com que eu quisesse estar mais próximo. O toque dela, por mais leve que fosse, enviou uma onda de calor por todo o meu corpo, e eu sabia, naquele instante, que as coisas estavam prestes a sair do controle.

— Não é sobre se eu me importo ou não! — sua voz saiu mais alta, cheia de determinação. — É sobre respeito e como você está tratando isso!

Sem pensar, dei um passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre nós. Podia ver o desafio em seus olhos, mas também algo mais profundo, algo que ambos estávamos lutando para manter enterrado. Meus lábios estavam tão próximos dos dela que eu podia sentir sua respiração quente, e naquele momento, soube que estava prestes a cruzar uma linha.

O silêncio se prolongou por um segundo que pareceu uma eternidade. E então, como se uma represa houvesse se rompido, nossos lábios se encontraram com uma urgência que beirava o desespero. O beijo foi feroz, cheio de uma necessidade acumulada que havia sido reprimida por tempo demais. Minha mão, antes repousada em sua cintura para estabilizá-la, agora a puxava para mais perto, desejando senti-la o mais próximo possível.

Ela não recuou. Pelo contrário, retribuiu o beijo com a mesma intensidade, como se também estivesse sendo consumida pela mesma chama que ardia dentro de mim. O gosto de seus lábios, a sensação de sua pele sob minhas mãos, tudo isso era mais do que eu havia imaginado, mais do que eu poderia ter previsto. Sentindo meu coração agitar, apertei a cintura dela com mais firmeza a fazendo arfar entre o beijo.

Quando nos afastamos, o ar entre nós estava carregado de algo indescritível. Ambos respirávamos pesadamente, ainda em choque pelo que acabara de acontecer. Eu olhei para ela, vendo a mesma confusão e desejo refletidos em seus olhos. Sabia que aquele beijo mudaria tudo entre nós, que não havia como voltar atrás agora.

— Isso... isso não deveria ter acontecido, — ela murmurou, sua voz hesitante, tentando processar o que acabara de ocorrer.

Eu também lutava para encontrar uma resposta, tentando colocar em ordem as emoções que agora corriam descontroladas dentro de mim.

— Sim, não deveria, — minha voz saiu mais firme do que eu sentia. — Isso foi um erro.

Assim que as palavras saíram da minha boca, percebi o quanto elas soavam falsas. Talvez fosse o medo falando, a necessidade de manter as coisas sob controle, mas a verdade era que nada sobre aquele beijo parecia um erro. Pelo contrário, parecia inevitável, algo que estava destinado a acontecer desde o momento em que nossos caminhos se cruzaram.

Ela se afastou um pouco, e eu pude ver o reflexo de minhas próprias dúvidas em seu olhar. O que tínhamos feito era perigoso, sim, mas a sensação de perda que me atingiu quando ela se afastou me disse que o perigo não estava no beijo em si, mas no que ele representava. Havia algo entre nós, algo que não podíamos mais negar.

— Então, o que fazemos agora? — ela perguntou, sua voz trêmula, refletindo a incerteza que eu também sentia.

Olhei para ela, ainda tentando encontrar uma solução, uma maneira de lidar com o que acabara de acontecer sem perder o controle sobre a situação.

— Precisamos lidar com isso, — minha voz estava carregada de um peso que eu não conseguia esconder.

Me aproximei dela mais uma vez e a tomei em meus braços. Nossas línguas se misturavam em um beijo intenso e molhado. Deslizando minhas mãos pelo corpo dela, eu a ouvi arfar e senti suas mãos apertarem meus braços. Quebrando o beijo, encarei aquele rosto corado e os lábios entreabertos. Seu peito subia e descia com frequência mostrando a falta de ar.

Ainda olhando para ela, levei as mãos para o meu cabelo e quando pensei em dizer algo, ela deu um passo para trás me fazendo ficar em silêncio.

— Eu preciso ir… — a ouço dizer.

O beijo, aquele único momento de vulnerabilidade e desejo, havia mudado tudo. E enquanto ela saía do escritório, deixando-me sozinho com meus pensamentos, percebi que não havia como voltar atrás. O que restava agora era lidar com as consequências e descobrir como seguir em frente sem perder a cabeça — ou o controle — nesse jogo perigoso que havíamos começado a jogar.

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⏰ Última atualização: Sep 30 ⏰

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AOS DELÍRIOS DA SEDUÇÃO • Ryomen SukunaOnde histórias criam vida. Descubra agora