04 • ATRAÇÃO

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∆ Sukuna

Os dias no escritório tinham se tornado um curioso jogo de observação e tentativas de contenção de desejos que eu nem sabia que possuía. Era quase irritante. Eu, Ryomen Sukuna, o homem que sempre teve o controle absoluto sobre si mesmo, agora estava lutando contra algo tão básico, tão humano: atração. Mas não era uma atração qualquer. Era uma força estranha, um puxão visceral que me aproximava dela. E isso, por algum motivo, me deixava em constante alerta.

Naquele dia, eu estava particularmente atento. Desde o início, havia algo diferente no ar, uma espécie de tensão que parecia tecer seus fios invisíveis por todo o escritório, especialmente quando ela estava por perto. Toda vez que nossos olhares se cruzavam, eu podia ver uma hesitação em seus olhos, um brilho de incerteza misturado com curiosidade. Ela tentava disfarçar, claro, mas eu sabia ler as pessoas. E ela estava, sem dúvida, lutando contra algo semelhante.

Eu estava em meu escritório, revisando alguns relatórios, quando decidi que era hora de uma reunião sobre o novo projeto. Eu a convidei para discutir os detalhes, e enquanto esperava que ela chegasse, me peguei refletindo sobre a forma como ela havia mexido comigo. Nunca antes uma funcionária tinha conseguido capturar minha atenção dessa maneira. Havia algo nela que transcendia a simples competência. Era uma combinação de inteligência, determinação e aquela inexplicável vulnerabilidade que parecia chamar por proteção, mas ao mesmo tempo, desafiava qualquer tentativa de controle.

Assim que ela entrou na sala, o ar pareceu mudar. O som dos saltos contra o piso ecoou, mas o silêncio logo tomou conta quando nossos olhares se encontraram. Eu a observei cruzar o espaço com aquele andar determinado, mas havia uma leveza em seus passos que parecia denunciar o nervosismo que ela escondia.

— Senhor Sukuna — ela começou, sua voz com um timbre que era ao mesmo tempo firme e hesitante. — Eu trouxe os documentos que pediu.

— Ótimo — respondi, minha voz calma, controlada. Mas dentro de mim, algo estava prestes a se romper. Eu queria mais do que documentos e análises. Eu queria ver o quanto ela poderia aguentar, até onde ela iria antes de perceber o que estava realmente acontecendo entre nós.

Ela se aproximou da mesa, colocando os papéis na minha frente. Por um momento, nossos dedos se tocaram, e o choque foi instantâneo. Ela recuou rapidamente, mas não antes de eu perceber o leve rubor que subiu às suas bochechas. Eu a vi corar e algo dentro de mim se acendeu. Era fascinante e irritante ao mesmo tempo. Como alguém tão determinada podia ser ao mesmo tempo tão vulnerável?

— Sente-se, — eu disse, apontando para a cadeira à minha frente. Ela hesitou por um segundo antes de obedecer.

Enquanto discutíamos o projeto, a tensão entre nós crescia. Eu podia ver como ela tentava manter o foco, mas seus olhos sempre voltavam para mim, como se procurassem respostas em minhas expressões. E talvez estivessem.

Depois de um tempo, nos levantamos para revisar alguns gráficos projetados na tela grande da sala. Ela estava ao meu lado, tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo. Era desconcertante o quanto isso me afetava, e eu me amaldiçoei internamente por isso.

Quando nos movemos simultaneamente para olhar um detalhe no gráfico, foi inevitável: nós esbarramos. Não foi nada intencional, mas o impacto foi forte o suficiente para que ela perdesse o equilíbrio. Instintivamente, meu braço se moveu para segurá-la, minha mão pousando firmemente em sua cintura.

Ela arfou, seus olhos se arregalando quando percebeu o quão perto estávamos. Eu a mantive firme, meu olhar não se desviando do dela. O mundo pareceu se estreitar até se reduzir ao espaço entre nós, e eu podia ver a confusão e o desejo misturados em sua expressão. Ela estava tão perto que eu podia sentir a suavidade de sua respiração contra minha pele, e por um momento, o tempo parou.

— Cuidado, — murmurei, minha voz mais baixa do que o habitual, quase como um sussurro. Mas havia algo mais ali, algo que eu não estava mais tentando esconder.

— Eu… obrigada, — ela respondeu, mas sua voz também estava carregada com algo não dito, uma tensão que se recusava a ser liberada.

Enquanto a segurava, algo em mim começou a ceder. O controle que eu tanto prezava estava se desgastando. Eu a puxei um pouco mais perto, apenas para estabilizá-la, ou pelo menos foi o que eu disse a mim mesmo. Mas a verdade é que eu queria ver até onde aquilo iria. Queria testar os limites dela, mas também os meus.

Soltei-a devagar, permitindo que ela recuperasse o equilíbrio por si mesma. Mas o que estava feito não podia ser desfeito. Havia algo entre nós agora, uma corrente elétrica invisível que apenas nós dois podíamos sentir. Algo perigoso, algo que eu não deveria estar considerando, mas que estava ficando impossível de ignorar.

— Vamos continuar, — disse eu, tentando retomar o controle da situação.

Voltamos à mesa para revisar mais detalhes do projeto, mas a tensão não havia diminuído. Pelo contrário, parecia crescer a cada segundo. Eu sabia que ela estava lutando tanto quanto eu, tentando manter a compostura. E isso apenas alimentava meu desejo de ver até onde ela aguentaria.

Finalmente, quando terminamos de revisar os papéis, eu me virei para olhar algo na tela do computador. Eu podia sentir seus olhos me observando, tentando entender o que estava acontecendo, e foi aí que decidi provocar ainda mais.

— Aproxima-se, — ordenei, sem olhar diretamente para ela.

Eu a ouvi se mover, aproximando-se com cautela, e quando ela estava ao meu lado, o silêncio foi preenchido apenas pelo som da nossa respiração. Virei-me para dizer algo, e naquele momento, nossos rostos ficaram a centímetros de distância. O ar ao redor parecia vibrar com a tensão. Seus olhos estavam presos nos meus, e o tempo desacelerou mais uma vez.

Eu podia ver o medo e o desejo misturados em sua expressão. E por um segundo, eu me perguntei o que aconteceria se eu simplesmente cruzasse a pequena distância entre nós.

Ela não recuou. Em vez disso, sua respiração se acelerou, e eu podia ver o rubor retornando ao seu rosto. Estávamos tão perto, tão perto de algo que podia mudar tudo. Mas no último segundo, eu me segurei.

Afastei-me ligeiramente, quebrando o feitiço, mas a tensão permanecia no ar, pesada e carregada.

— Bom trabalho hoje, — disse eu, minha voz voltando ao tom profissional, embora com esforço.

Ela apenas assentiu, ainda sem palavras. Eu sabia que o que quer que fosse aquilo entre nós, estava longe de ser resolvido. E enquanto ela deixava meu escritório, eu me perguntei por quanto tempo conseguiríamos manter esse jogo perigoso antes que um de nós finalmente cedesse.

Eu a observei sair, e enquanto a porta se fechava, eu soltei um suspiro que nem sabia que estava prendendo. Eu estava jogando com fogo, e algo me dizia que, eventualmente, um de nós iria se queimar. A pergunta era: quem seria? E, mais importante, eu estava disposto a correr esse risco?

Enquanto eu voltava para minha mesa, sabia que a resposta era óbvia. Eu já estava em um caminho sem volta, e algo me dizia que as coisas só iriam ficar mais intensas a partir daqui.

B. GHOST:

Olá!!! Tudo bem com vocês?
Desculpa a demora, estive bem ocupada esse mês 😢 mas cá estou eu, trazendo dois capítulos como recompensa para vocês. Eu não terei horários para liberar os capítulos, mas vocês podem ler no seu tempo livre.

Não se esqueçam de comentar muito e votar hahaha ♥ ️

Até logo.

AOS DELÍRIOS DA SEDUÇÃO • Ryomen SukunaOnde histórias criam vida. Descubra agora