Please, Don't

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So Yeon acordou atônita, uma camada grossa de suor cobria o pescoço e lufou ar aos seus pulmões como se sua vida dependesse disso. A jovem ainda chorava, lágrimas gordas teimavam cair enquanto buscava o isqueiro em sua cabeceira.

A morte jamais sairia da sua cabeça. O singelo pensamento de o perder lhe deixava desesperada. Aqueles sonhos não deveriam voltar.

Sua morte não deveria ser como um sonho vívido.

— Um, dois, três... — sussurrou ao soprar a chama, os dedos trêmulos dificultavam. — Quatro...

— O que aconteceu? — sentiu o toque familiar nas maçãs do rosto e instantaneamente chorou mais. — Você está bem?

Incapaz de dizer algo, So Yeon o abraçou pela cintura escondendo o rosto no peito, abafando os próprios soluços do choro que mal sabia explicar. Dormir já não era uma boa experiência, era um passado distante que nesses momentos desejava não lembrar e abraçar o medo lascivo de perdê-lo mais uma vez, de se perder mais uma vez.

— Você não veio no três. — murmurou, as mãos do homem subiram até as madeixas escuras, acariciando de forma terna. — Você prometeu. Você prometeu...

— Está tudo bem, querida. Estou aqui com você.

Tremores corriam pelo corpo da mais nova, era como se revivesse sua morte todas as noites, o sentimento angustiante lhe atingia como um soco no estômago, mãos trêmulas tateiam as costas de Kim Shim como uma confirmação silenciosa de que não era um sonho.

Agarrando o moletom do homem com mais força do que gostaria, ele percebe que há algo além, suas mãos correm novamente até o rosto da jovem e inclina sutilmente para vê-la, tristeza lhe atinge quando os olhos de So Yeon transbordam tamanha dor.

— Eu vi, oh, você... — reprimiu um gemido. — Você foi... oh, você desapareceu na minha frente... — o choro agudo fez o homem marejar. — Não me deixe, não, por favor... — pende a cabeça para baixo, cerrando os punhos com mais força. — Não, eu vou te proteger agora...

Kim Shin fez menção de deitar e ela o acompanhou, não permitindo que ele se afastasse. Na cama, ela mantinha a cabeça em seu peito enquanto balbuciava palavras inaudíveis à medida que o Goblin acariciava as mechas escuras e reafirmava que eles estavam seguros.

So Yeon tomou muito mais tempo para dormir que o comum, travando uma batalha interna para que sua cabeça a deixasse em paz. Já o mais velho reprimiu todo o medo e tristeza que sentia, aguardando pacientemente que ela adormecesse e ele finalmente pudesse chorar.

Indiretamente é culpado, ao menos é isso que pensa ao morder o lábio à medida que as lágrimas caíam e materializavam o sentimento perturbador. Se há 1000 anos não tivesse ido contra um príncipe jovem e imaturo, So Yeon não estaria passando por isso.

Se naquela noite onde dentre muitas súplicas, uma jovem mulher clamava para que seu bebê fosse salvo, se o cheiro de sangue e os olhos piedosos de uma mãe disposta a viver unicamente pelo que carregava em seu ventre não tivessem lhe tocado num local tão profundo, ela não teria passado por tanto. Eun Tak, ou agora So Yeon, fadada ao destino que nunca mereceu, uma humana que foi punida por atos de divindades que sequer teria conhecimento num cenário melhor.

Mas ele a amava tanto...

E se nada disso tivesse acontecido, talvez esse amor pudesse ocorrer de outra forma, sem tantas perdas. Num outro tempo, numa outra encarnação, onde Kim Shin também é humano e podem compartilhar das mesmas dores, do mesmo tempo, da mesma vida.

Quem sabe, se os céus permitissem, da mesma morte.

Eternal Bride [K-DRAMA] [PT/BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora