Sorrowful Love

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— Não é permitido que vocês saiam dessa região, entendido? — O Professor Kim repetiu pela décima vez, levantando levemente os óculos. — Nos encontraremos aqui novamente às 12h para o almoço.

— Okay! — Os jovens responderam num coro.

Era um dia parcialmente ensolarado e a paisagem deixava tudo mais bonito. Na frente do hotel, os jovens dispersaram: alguns para perto de algumas árvores, outros foram em direção ao lago e a menina, por fim, decidiu subir a pequena colina.

Aquele lugar era estranhamente familiar e, quase como um deja vu, as pernas fizeram o caminho sozinhas para o topo daquela pequena colina. Seu coração batia mais rápido à medida que alcançava o topo contudo não chorou, não naquele momento, onde a adrenalina corria em suas veias.

Com uma esplêndida vista para o hotel, descendo a colina, um homem chamou sua atenção: de costas, os cabelos castanhos esvoaçavam. Seus lábios esboçaram um sorriso bonito antes de levantar o dente-de-leão, que foi levado pelo vento quando piscou. A silhueta ridiculamente bonita e familiar trouxe lágrimas aos seus olhos assim que a mente lhe fez lembrar:

"Não há tristeza que dura para sempre, nem mesmo amor que dura para sempre também."

— Eu acho que existe. — A voz levemente embargada da garota ecoou baixo.

"Qual? Amor ou tristeza?"

— Um amor triste.

E só naquele momento se deixou chorar.

Como mágica, o Goblin virou a cabeça com calma, fechando o livro em suas mãos com cuidado. A inconfundível figura de seu primeiro amor estava ali, com lágrimas nos olhos e um sorriso tão bonito que poderia derreter geleiras. Contudo, tomou alguns segundos para se certificar que não era sua mente lhe pregando peças.

Antecipação cresceu na ponta de seu estômago quando ela foi até ele.

— Ahjusshi, você sabe quem eu sou, certo? — indagou ao ficar de frente para ele, cruzando as mãos na frente do corpo.

Num dia que parecia apenas certo, num dia em que o clima era agradável... num dia em que ela brilhava incansavelmente, eles se encontraram novamente numa outra vida.

Mas ainda era... certo.

— A primeira e última noiva do Goblin. — Proferiu as palavras com cuidado, esboçando um sorriso em meio aos olhos marejados.

Aquilo foi suficiente para que a adolescente o abraçasse.

So Yeon afundou o rosto no casaco escuro do homem e um som abafado escapou, as lágrimas que tanto segurou agora rolavam livremente pelo rosto pálido. Apertou-o pela cintura um pouco mais, como se quisesse ter certeza de que ele estava ali e inspirou o cheiro doce.

— Isso é um sonho, hm? — a voz embargada da menina ecoou. — Você aparecia apenas nos meus sonhos...

— Não é um sonho, querida. Senti sua falta. — Beijou o topo de sua cabeça. — Não é um sonho...

Nem mesmo ele acreditava.

A adolescente mal conseguia dizer nada, seu coração batia tão rápido que temia ser audível, as mãos agarravam com força o casaco do homem como se antecipasse a vida toda por aquilo. Pelo homem que um dia lhe abraçara docemente como flores desabrochando na primavera, que rondava seus sonhos tão tristes, mas tão reconfortantes ao mesmo tempo.

Ansiou pelos olhos amendoados a vida inteira, mesmo que subconscientemente.

Kim Shin respirou profundamente, o cheiro doce da menina penetrou suas narinas e pela primeira vez em muito tempo se sentia mais próximo do céu do que nunca. Flores desabrocharam nas árvores próximas e o espetáculo fora plenamente admirado por alguns turistas e locais, principalmente os estudantes coreanos que estavam pela região.

Como há tempos não acontecia, seu coração batia fortemente em felicidade esplêndida.

Mas a realidade caiu por terra e ela se afastou, o peito subia e descia quando a falta do calor emanando da divindade se fez presente e os olhos assustados procuraram a íris castanha.

— Oh, me desculpe por isso, acho que não estou no meu melhor... — Começou, passando a mão nervosamente pelos cabelos.

— Você não se lembra? — Kim Shin questionou.

— Kim... Shin? — Proferiu o nome do homem como um segredo. — Esse não é o seu nome, certo...?

— Então você se lembra. — Comprimiu os lábios, o estômago revirava em antecipação.

So Yeon parou de respirar por um momento. Uma mera e estranha coincidência? Aquilo não podia ser real. Não, aquele homem não existia de verdade, era apenas fruto de sua imaginação fértil somada a falta dos remédios.

Aquele homem com lágrimas nos olhos não podia ser real.

— Eu estou sonhando. Como todos esses anos, sonhando. — Tentou se convencer, levando as mãos até o rosto. — Isso não é real.

Os cabelos ainda no mesmo corte, que pareciam combinar com ela de uma forma surreal. Seu primeiro e último amor ainda brilhava tão forte quanto o sol, e sua mera presença era suficiente para abastar o coração dele numa felicidade branda.

Contudo, So Yeon se sentia tão confusa que sequer conseguia proferir algo coerente. Os olhos estreitaram quando sua cabeça latejou, a menina fungou baixo tentando espantar algumas lágrimas enquanto as secava de força desengonçada, utilizando a manga do blazer vinho.

A Divindade encarou a garota com felicidade, mesmo que ela de fato não tivesse a reação na qual esperava: momento este que esperou por ininterruptos anos. O chá do olvidamento não foi tomado por ela, não que fosse algo que tivesse experiência, mas ela deveria se lembrar.

Talvez tivessem vindo em forma de sonho, e ela precisasse de um tempo para acreditar.

Quando So Yeon tomou coragem para fitar, uma sensação estranha afligiu seu corpo, o que a fez reprimir um soluço doloroso e a garganta ardeu em puro desconforto. Aquele dia brilhante não fazia parte da realidade, e cada vez afirmava a si mesma, sentia que estava um pouco mais perto de enlouquecer.

— Você. Você não é real. Nos meus sonhos, você é um Goblin. — Pronunciou cada palavra minunciosamente, segurando na barra da mochila. — Eu não posso ser sua noiva. Quando acordar, vou estar no quarto do hotel. — Assentiu com a cabeça, a voz levemente embargada em destaque.

Os lábios de Kim Shin se comprimiram num sorriso curto, dando um pequeno passo à frente e abaixou-se para a encarar nos olhos, reprimindo a vontade de puxá-la para seus braços novamente.

— Vamos ser felizes nesta vida, Eun Tak.

A simples frase fez com que So Yeon arregalasse os olhos e levasse as mãos na boca, tentando não enlouquecer com aquela maldita e ridícula coincidência.

Afinal, em seus sonhos, atendia pelo nome de...

Ji, Ji Eun Tak.

Eun, Eun Tak.

Eternal Bride [K-DRAMA] [PT/BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora