𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟎𝟒. 𝐀𝐋𝐔𝐂𝐈𝐍𝐀ÇÃ𝐎.

906 151 153
                                    

Meta: 100 comentários.

𝐕𝐈𝐓Ó𝐑𝐈𝐀 𝐃'𝐏𝐀𝐔𝐋𝐀
| Dia seguinte |

Acordo em uma cama que não é a minha, com uma blusa que também não é a minha, e em um lençol com cheiro absurdo de perfume masculino.

Eu... Eu realmente não sonhei.

Estou na casa do Raphael, dividindo o mesmo espaço, dormindo na mesma cama, mesmo que eu já não sinta mais sua presença, e... e... A gente se beijou.

Caraca!

A memória dos lábios dele nos meus ainda está tão fresca, tão vívida, caramba, caramba, caramba.

Eu queria poder gritar, contar pra alguém, pular na cama de alegria. Mas, ainda parece tudo tão surreal que eu só permaneço no mesmo lugar. Deitada. Olhando pro teto. Tendo alucinações de algo que realmente aconteceu.

– Puta merda... — jogo o edredom no meu próprio rosto e solto uma gargalhada. Coringuei legal.

O som da porta do banheiro se abrindo me faz congelar. Raphael sai, os cabelos ainda úmidos, com uma toalha pendurada no ombro e uma camiseta desleixada cobrindo o peito nu. Seu olhar passa rapidamente por mim, mas sem a intensidade de antes, sem aquele olhar profundo e fixo que me fez derreter na noite passada.

– Bom dia — ele solta, casual, sem emoção, como se estivesse apenas constatando que eu ainda estou aqui. Ele dá uma olhada rápida para o relógio na parede. – Por que você ainda tá deitada?

Minha cabeça gira com a mudança de comportamento. A voz dele não tem o calor de ontem, a provocação. Agora, tudo parece mecânico, distante. Eu sento na cama devagar, ainda envolta no edredom, tentando entender o que diabos está acontecendo.

– Ah... Eu... Eu acordei agora — gaguejo, sentindo um nó se formando no meu estômago. Meu coração dispara, porque há algo muito errado. Ele está diferente. Seco. Quase indiferente. Como se nada tivesse acontecido.

Será que eu sonhei? Será que eu inventei o beijo? Será que tudo aquilo foi um delírio meu?

Eu observo ele andando pelo quarto, procurando algo em cima da cômoda. Ele não me encara, não olha nos meus olhos como fez antes, e isso só aumenta minha confusão. Se realmente não tivesse acontecido nada, ele estaria agindo normal, certo? Talvez até mais casual. Mas não. Ele não consegue me olhar nos olhos.

Isso... isso não faz sentido.

– Raphael — minha voz sai mais baixa do que eu gostaria, como se a coragem tivesse sido drenada de mim. Eu quero perguntar sobre a noite passada, quero confrontar essa indiferença, mas as palavras ficam presas na garganta. Ele faz uma pausa, mas não responde.

– Vou te esperar na cozinha pra tomar café — ele se vira, sem me encarar de novo. – Sua roupa tá aqui em cima, se troca. — e vai até a cozinha, deixando um silêncio desconfortável para trás.

Eu me levanto devagar, a mente uma bagunça. A memória do beijo está tão clara, os lábios dele nos meus, o calor do corpo dele, a forma como ele me segurou... Não tem como eu ter imaginado isso.

Ele não consegue olhar pra mim porque sabe o que aconteceu. Sabe que nos beijamos.

O problema é: por que ele está agindo tão seco assim? Se ele acha que eu vou me apaixonar por causa de um beijo, ele está muito enganado.

Eu já era apaixonada por ele antes disso.

Minha mente está em conflito. O Raphael que me provocou, que me fez querer cada segundo daquele beijo, parece ter desaparecido por completo. E agora eu estou aqui, tentando juntar os pedaços do que sobrou.

𝐒𝐎𝐁𝐑𝐄 𝐍Ó𝐒. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora