𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟎𝟓. 𝐅𝐎𝐈 𝐒Ó 𝐔𝐌 𝐁𝐄𝐈𝐉𝐎.

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𝐕𝐈𝐓Ó𝐑𝐈𝐀 𝐃'𝐏𝐀𝐔𝐋𝐀
| Dentro do carro |

Digito uma mensagem rápida pra Evelyn e coloco o celular sobre o colo, esmagando minhas mãos entre as pernas.

Ficar perto dele me deixa nervosa. Ele, em si, me deixa nervosa.

Ele é diferente de tudo o que eu esperava. Mesmo sem acreditar que ele fosse um pilantra, eu esperava, pelo menos, algum traço de egoísmo ou autoconfiança desmedida, algo típico de caras que estão acostumados a tanta atenção. Mas não... Raphael é calmo, quase gentil demais. É como se ele fosse feito de outra substância, uma que me desconcerta.

Ele realmente é a merda de um príncipe.

– Quer água? — me estende uma garrafinha, a mesma que estava em sua boca a segundos atrás.

Não é só a presença física, é ele. Ele, Raphael. O homem que eu escrevi sobre, imaginei, idealizei em tantos cenários, e agora está aqui, me oferecendo uma garrafa de água.

Olho para a garrafa, depois pra ele. Não deveria ser nada demais, mas me sinto estranha, como se aceitar aquela água fosse um tipo de proximidade que eu não sabia se estava pronta para ter. Mas também, o que mais eu faria?

Tento não parecer hesitante ao pegar a garrafa, sentindo a frescura do plástico frio em minhas mãos.

– Obrigada... — sussurro, sentindo o peso do silêncio entre nós logo em seguida.

Bebo um gole rápido, sem realmente precisar da água, mas para ocupar o espaço, para tentar me acalmar. O sabor é neutro, mas meu coração não desacelera.

Por que ele faz eu me sentir assim?

Raphael suspira ao meu lado, passando a mão pelo cabelo como se estivesse tentando se organizar antes de falar. Ele mantém os olhos na estrada, mas a tensão no ar é palpável. Não dá pra ignorar.

– Me desculpa pelo jeito frio de mais cedo — começa, a voz baixa e cheia de um peso que eu não esperava. – Achei que era o certo... Eu não queria te tratar assim.

Meu corpo se enrijece instantaneamente, e começo a amassar a garrafinha nas minhas mãos, incapaz de disfarçar o nervosismo que cresce a cada palavra dele. Raphael continua, mesmo sem olhar pra mim.

– É que... Eu não sei. Achei errado, sabe? Beijar uma pessoa que, pelo que parece, é minha fã... — ele diz, escolhendo as palavras com cuidado. – E não queria te fazer sentir...

Eu interrompo antes que ele termine, a voz saindo mais alta do que eu pretendia.

– Qual seria a aparência de uma fã sua, exatamente? — pergunto, o tom ácido saindo sem pensar.

Raphael fica em silêncio por um segundo. Ele então solta um pequeno riso, como se estivesse segurando a provocação há tempos...

– Bem... Você fica me olhando quando acha que eu não estou vendo. — ele começa, ainda calmo, mas a provocação nos olhos é nítida quando ele finalmente lança um rápido olhar em minha direção. – Seus olhos sempre desciam quando eu saía da sala, pra me olhar de cima a baixo, meio sem disfarçar. Aí, quando você conversava comigo, você mordia o lábio como se estivesse pensando em algo que não podia dizer... e suas mãos — ele dá uma risadinha de leve, sem desviar os olhos da estrada, dirigindo com uma mão só – Você as escondia, segurava, como está fazendo agora.

Minhas pernas se apertam automaticamente. Merda. Ele prestou atenção. Prestou atenção demais.

E a maneira como ele está dirigindo, tão relaxado, com uma mão no volante e o outro braço apoiado na janela, como se tudo fosse perfeitamente normal... Isso me deixa ainda mais nervosa. Parece que ele sabe exatamente o efeito que tem em mim, e o pior é que eu não consigo controlar.

𝐒𝐎𝐁𝐑𝐄 𝐍Ó𝐒. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora