𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟎. 𝐑𝐄𝐀𝐆𝐈𝐍𝐃𝐎.

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𝐕𝐈𝐓Ó𝐑𝐈𝐀 𝐃'𝐏𝐀𝐔𝐋𝐀

Apoio minhas mãos sobre a bancada fria do banheiro sentindo meu corpo inteiro ferver por dentro, como agulhas finas brincando com minha pele.

Ele me beijou. De novo. Na frente de outras pessoas.

Me encaro no espelho, já não reconhecendo meu próprio reflexo. O que ele viu em mim? O que eu tenho de interessante pra oferecer a ele? Por que ele se comporta como se eu fosse uma mulher desejável?

Uma mulher preta, dos cabelos cacheados, da boca carnuda e do nariz nada fino. Zero padrão. Zero esteriótipo de jogador.

Faz um exercício de raciocínio aí, me cite mais de três jogadores que namoram mulheres pretas ou apenas uma mulher real. Sem qualquer tipo de cirurgia que só não modifica o DNA.

Eu não faço o tipo dele. Não faço o tipo deles. Em geral. E isso não é novidade pra ninguém.

O estrondo da porta sendo aberta me faz olhar bruscamente em direção a ela.

– O que que foi isso??? — Evelyn pergunta, toda eufórica. – Você beijou aquele gostoso?

– É, pois é... — solto uma risada sem graça.

– Cara... Calma... Você beijou esse gostoso mais de uma vez né!? Você tá muito tranquila pra parecer que foi a primeira vez.

Se ela soubesse que da primeira vez a gente quase não se soltou...

– Como que você não me conta que beijou o Raphael Veiga?

– Ai amiga, não sei, tudo ainda parece tão absurdo pra mim. — suspiro.

– Absurdo é eu olhar pro lado e pá... Minha amiga aos beijos com o camisa 23 do meu time. — solto uma risada. – Me desculpa paracer tão empolgada, é que eu realmente estou em choque.

Evelyn é aquele tipo de amiga que vai te apoiar em qualquer loucura. Aquela amiga que se apoia fielmente na frase "só se vive uma vez" e tenta de qualquer maneira te arrastar junto. E sendo bem sincera, se você não tem uma amiga assim, arrume.

– Vamo voltar pra lá e beber mais uns drinks pra você se soltar. — ela diz, já me arrastando pra fora do banheiro. – Você precisar dar pra esse homem hoje ainda.

– Ai Eve, que horror.

– Que horror? Vitória, não é todo dia que você vai ter a oportunidade de beijar o Veiga. E quando eu falo "veiga", o Gabriel entra na roda também.

– Por Deus, mulher... — cubro a boca pra soltar uma gargalhada. – Só se ele tiver bêbado pra dormir comigo.

– Me poupe, Vitória. — revira os olhos. – Eu fiquei de olho em vocês de longe, como uma boa fanfiqueira faria. — se gaba. – E detectei uma puta tensão sexual.

– Por que ele transaria comigo? Olha pra mim, Evelyn. Me diz o que eu tenho de interessante?

Evelyn suspira impaciente, e passa as mãos pelo rosto tentar afastar a raiva.

– Acorda pra vida, mulher. — segura meus braços. – Ele não é idiota de te vê como você se vê, e descreve... — pera, ela me chamou de idiota? – E tesão tem muito mais haver com conexão do que com aparência, porra, cê tá louca? Parece que não lê as próprias coisas que escreve.

– Tesão tem mais a ver com conexão... —repito, deixando as palavras dela ecoarem na minha mente. Mas a insegurança ainda está ali, firme e pesada no meu peito, como uma âncora que me impede de aceitar o que está acontecendo.

𝐒𝐎𝐁𝐑𝐄 𝐍Ó𝐒. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora