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𝐕𝐈𝐓Ó𝐑𝐈𝐀 𝐃'𝐏𝐀𝐔𝐋𝐀
– Segunda a sexta, até às 19:00. Sábado até às 16:00. Não trabalho aos domingos. — leio o contrato em voz alta, tentando digerir os detalhes.
– Folga na semana nada? — Raphael me pergunta, os olhos alternando entre a estrada e eu.
– Não, mas não abre aos feriados. — olho pra ele no banco do motorista. — Hum... Melhor do que quando eu trabalhava no supermercado.
Ele ri, aquele riso gostoso que faz meu coração aquecer.
Eu olho pra ele por um instante, e o agradecimento que está na minha garganta sai sem que eu consiga controlar.
– Obrigada... De verdade, Raphael. Eu nem sei o que dizer. — minhas palavras são sinceras, pesando cada sílaba com gratidão.
Ele balança a cabeça e dá de ombros, como se fosse a coisa mais simples do mundo.
– Não foi nada, Vitória. — ele diz, com aquele tom tranquilo que só ele tem. – Você não precisa agradecer. Faria isso por qualquer pessoa.
Eu paro por um segundo, a frase dele ecoando na minha cabeça. Por qualquer pessoa? Sério mesmo? Duvido.
Uma parte de mim simplesmente não acredita nisso. Se fosse qualquer outra pessoa, ele teria feito o mesmo? Não sei... Na verdade, eu nem quero tentar entender o motivo de ele estar me ajudando tanto assim. Prefiro pensar que ele é só um cara qualquer, que por acaso decidiu ajudar uma menina perdida no meio do estádio.
– Hoje não tem treino? — pergunto, tentando afastar esses pensamentos da minha cabeça.
– Não, hoje é folga. — ele responde casualmente, sem tirar os olhos da estrada.
Mais uma vez, minha mente dispara. Ele está desperdiçando a folga dele... Pra me ajudar. Não posso evitar de me sentir um pouco em dívida. Esse tipo de coisa faz a gente se sentir assim, né? Como se tivesse que devolver de alguma forma.
– Eu realmente te devo uma, Raphael. — minha voz sai mais suave agora, com um tom leve de provocação. – Como eu posso te agradecer?
Ele solta uma risadinha baixa, insinuante, sem desviar o olhar da estrada. A mão vai automaticamente até sua barba bem feita, deslizando os dedos suavemente por ela. Ele não responde de imediato, e eu também não insisto. Deixo a pergunta pairar no ar, enquanto o observo fazer carinho na barba.
A risadinha baixa dele faz meu coração acelerar, e antes que eu pudesse me preparar, ele solta a bomba.
– Que tal sair comigo hoje à noite? Só eu e você?
A pergunta soa simples, casual até, mas a verdade é que ela reverbera na minha cabeça com uma força que me deixa zonza.
Ele ainda mantém os olhos na estrada, a mão suavemente deslizando pela própria barba, mas eu sinto o peso do olhar dele antes de se desviar para o trânsito caótico de São Paulo.
– Sair? Nós dois? Tipo um encontro? — as perguntas escapam da minha boca sem qualquer filtro, fruto do nervosismo que tomou conta de mim.
– Sim, Vitória. Um encontro. — ele responde sem rodeios, com a mesma calma de quem pede uma água no bar.
Um encontro.
A palavra ecoa dentro da minha cabeça, e por um momento, eu não consigo responder. Há tantas coisas passando pela minha mente ao mesmo tempo que parece impossível formular uma frase coerente.
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𝐒𝐎𝐁𝐑𝐄 𝐍Ó𝐒. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.
Hayran Kurgu𝐕𝐈𝐓Ó𝐑𝐈𝐀 é como todas nós. Tem suas inseguranças, seus defeitos, e na maioria das vezes deixa de viver coisas incríveis pela timidez. Em meio a um ato de liberdade, ela vê como escapatória transcrever seus pensamentos em um aplicativo de leitu...