𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟒. 𝐂𝐎𝐍𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀 𝐂𝐎𝐌𝐈𝐆𝐎.

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𝐕𝐈𝐓Ó𝐑𝐈𝐀 𝐃'𝐏𝐀𝐔𝐋𝐀

Odeio que as pessoas paguem coisas pra mim, mas na situação em que eu me encontro hoje, eu somente aceito ele pagar tudo.

Peguei só um capuccino e meu conterrâneo pão de queijo. Raphael foi no suco natural mesmo e um misto quente.

O vapor do capuccino quente embaça um pouco meu olhar sobre ele, mais quieto, rolando o dedo pela tela do celular.

Não canso de reparar no tanto que ele é lindo. Parece repetitivo, e eu pareço uma psicopata quando o encaro desse jeito. Mas, de verdade, tudo sobre ele parece que foi pensando, até mesmo essa cara quadrada além da conta. O famoso, Lord Farquaad. Pensar sobre esse apelido que uma autora deu, me faz rir contra o capuccino e ele olha em minha direção.

– Que foi? — ele pergunta, levantando a sobrancelha, curioso com a minha risada inesperada.

Eu me ajeito na cadeira, tentando disfarçar o riso enquanto passo a mão no canto dos lábios, limpando o pouco de espuma que o capuccino deixou.

– Nada, só lembrei de uma coisa engraçada... — respondo, ainda sorrindo, mas tentando controlar a vontade de rir mais.

Ele estreita os olhos, claramente não convencido.

– Quero rir também. — cruza os braços.

– Ah não, meu humor é meio quebrado. Pra você vai parecer uma idiotice. — dou de ombros, dando uma mordida no pão de queijo.

Ele me encara, mas não diz nada, nem insiste.

Sabe aquela sensação que você tem da pessoa estar sobrecarregada? E isso que sinto sobre o Raphael nesse momento. Ele parece avulso, mas o mesmo tempo não querendo demonstrar o quão cansado está. A fase dele no time que ele representa não é das melhores, e diria que o término com a Bruna só piorou seu estado emocional.

Tenho que fazer alguma coisa. Pelo menos tentar.

– Quer conversar? — pergunto, meu coração acelerando enquanto espero uma resposta.

Ele descruza os braços lentamente, solta um suspiro e volta a olhar para o celular, claramente enrolando. A resposta não vem imediatamente, e sinto meu estômago dar aquele leve nó de ansiedade.

– Sei lá... Não acho que seja justo meter você nisso. — finalmente responde, sem me olhar.

– Por que não? — pergunto, tentando soar tranquila, embora por dentro eu esteja tensa. – A gente tá aqui, né? Acho que... sei lá, seria bom pra você desabafar.

Ele morde o lábio, ainda enrolando, e seu olhar fica fixo na mesa por um momento, como se estivesse pesando as palavras.

– É complicado, Vitória. — ele diz finalmente, a voz baixa. – Não quero falar sobre a Bruna, sobre o término... Parece que toda vez que eu toco nesse assunto, só piora. E você... não merece ouvir essas merdas.

Eu hesito por um segundo, pensando em como responder. Ele está claramente machucado, e eu não quero forçar nada, mas também não posso deixar ele carregar isso sozinho.

– Eu entendo que é complicado. E não tô aqui pra te julgar ou te pressionar a falar sobre algo que você não quer... Mas, às vezes, guardar tudo só deixa as coisas mais pesadas. — dou um gole no meu capuccino, tentando me acalmar também. – Não acho que vou me importar em ouvir, de verdade.

Raphael me olha por alguns segundos, e vejo que ele está lutando com a decisão de desabafar ou continuar guardando. Ele passa a mão pelo rosto, esfrega os olhos com os dedos, e depois solta o ar pesadamente.

𝐒𝐎𝐁𝐑𝐄 𝐍Ó𝐒. - 𝐑𝐀𝐏𝐇𝐀𝐄𝐋 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀.Onde histórias criam vida. Descubra agora