Cap 3 - Tensão e tesão.

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Os dias se passaram, André e eu almoçamos juntos quase todos os dias, alguns alunos já estavam comentando, mas ele deixou claro para todos que estava me dando orientação, então como todo ano ele dava orientação para alguns alunos, as pessoas simplesmente aceitaram, e além de mim ainda tinha mais outros três, mas sempre rola aqueles boatos sobre a aluna que transa com o professor só pra ganhar boa nota.

Não minto, é um tanto quanto difícil me imaginar praticando os pedidos de Juli, eu me esforcei tanto pra chegar até aqui, e nunca me dei o luxo de relaxar e só curtir. As poucas vezes que bebi em público, fui junto com as meninas, então não era algo como festas de calouros e trotes, desde o início sempre deixei claro que não iria rolar e se tentassem fazer trotes comigo, eu iria acabar com a vida de cada um.

Nunca fui acessível, sempre fui reservada e fechada para o mundo, André foi uma exceção... Na verdade eu não sei que diabos ele está sendo na minha vida, eu fico ansiosa pra poder vê-lo, tem dias de manhã que fico esperando sua mensagem e até chega a me dar diarréia de tanta ansiedade, eu mal consigo comer se ele não fala comigo durante o dia todo, é como se meu corpo travasse na espera de uma palavra, um toque, algo que seja feita por ele.

Maria Clara brincou essa semana dizendo que estou apaixonada por ele, eu neguei até o último, isso não pode ser possível, talvez seja minha mente tentando preencher o espaço vazio deixado pela Juli, eu não sei... Talvez eu deva frequentar algum psicólogo.

- boa tarde meu lindo crisântemo.

Ele começou a me chamar assim, já que todo dia estou no cemitério sentada sobre a lápide de Juli, conversando e contando sobre meu dia, os crisântemos são chamados de flores de cemitério, parece um pouco melancólico mas eu gosto, já que estar lá, me faz sentir um pouco de conforto é como se Juli possa realmente me ouvir.

- boa tarde querido boxeador.

Ele lutou boxe por muitos anos e é um excelente lutador, ganhou muitos torneios e tem várias medalhas.

- Alana, eu sei que você acha que sair a noite com uma pessoa é um encontro, não me entenda mal, mas eu gostaria de te levar em um lugar hoje, tenho um par de ingressos para uma peça de teatro, e eu sei que você vai amar.

Olhando em seu olhos reviro os meus e me entrego por completo ao seu pedido.

- sabe que eu não gosto de sair à noite, mas eu vou aceitar.

- ISSOOOO

Ele pula de alegria me abraçando em pleno refeitório da faculdade.

Um número enorme de pessoas nos olha com um ar de desconfiança.

- ela passou em um concurso de artes gente, é só um concurso, PARABÉNS ALANA.

Uma salva de palmas cresce pelo refeitório todo, eu retribuo o abraço e sussurro em seu ouvido.

- você me paga André Moraes.

Um arrepio cresce em seu corpo, subindo pelos braços, seu olhar carregado de luxúria queima minha pele.

- até a noite Alana, eu vou para a sua casa mais tarde, vou levar o vestido que comprei pra você.

- não precisa André, eu tenho tantos vestidos.

- mas não pra esse evento, por favor.

- tá bom - digo revirando os olhos - até mais tarde.

Ele se vira saindo do local.

Pego meu celular procurando peças de teatro locais, mas zero resultado, nenhuma pelas próximas quatro semanas. A desconfiança cresce em minha mente, e pelo resto do dia me vi distraída, e nem um pouco focada na matéria de arte escandinava.

Nas Tuas Mãos: Short Story.Onde histórias criam vida. Descubra agora