Henry
A brisa da noite era fria e cortante, trazendo consigo o odor de terra úmida e restos de vegetação que um dia florescera. O céu, repleto de nuvens pesadas, parecia refletir a opressão do mundo ao nosso redor. Caminhávamos em silêncio, cada passo ecoando na vastidão da desolação.
Mika segurava minha mão com força, seu pequeno corpo tremendo sob a capa que eu havia conseguido. Olhei para ela, tentando memorizar cada detalhe de seu rosto, uma visão de inocência em meio ao caos. A lembrança de nossa mãe me assombrava, mas agora eu precisava ser a âncora dela.
— Henry, você acha que vamos encontrar um lugar seguro? — sua voz tremia, e a fragilidade de sua esperança me cortou o coração.
— Vamos encontrar, Mika. Estamos mais próximos do que você imagina — respondi, tentando infundir coragem nas minhas palavras. Mas, no fundo, eu também me sentia perdido.
À frente, Jepperd parou, sua figura imponente se destacando contra o horizonte escuro. Ele virou-se para nós, avaliando a situação. — Precisamos encontrar abrigo logo. O clima está mudando e não podemos arriscar ficar expostos.
Becky, sempre atenta, apontou para uma abertura à distância. — Ali! Uma caverna. Pode nos proteger enquanto planejamos os próximos passos.
Gus, com seu espírito indomável, sorriu. — Caverna! Isso vai ser uma aventura!
— Não exatamente uma aventura, Gus, mas uma necessidade — eu disse, mas um sorriso involuntário apareceu no meu rosto.
Nos aproximamos da entrada da caverna, que se abria como um refúgio, um pequeno alívio na vastidão desolada. O interior era escuro e úmido e tinha cheiro de mofo(eca!), mas a sensação de segurança que proporcionava era quase palpável.
— Fiquem perto da entrada — disse Jepperd. — Vou verificar o local antes de nos acomodarmos.
Mika se encolheu contra mim, e eu a envolvi com um braço. Enquanto Jepperd e Becky exploravam, Gus começou a examinar as paredes da caverna, fascinado.
— Henry, você acha que a mamãe estaria orgulhosa de nós? — Mika perguntou, seus olhos brilhando com uma mistura de esperança e tristeza.
Meu coração apertou. — Eu sei que sim. Ela sempre acreditou na nossa força. Precisamos manter isso vivo.
Ela assentiu, mas a luz em seus olhos parecia fraquejar. Olhei ao redor, procurando uma maneira de trazer um pouco de conforto.
— Que tal contarmos histórias? — sugeri. — Aquelas que a mamãe costumava contar.
O semblante de Mika mudou, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. — A do gigante e da pequena estrela?
— Isso mesmo. Como a estrela nunca desistiu, mesmo quando tudo parecia escuro. — Minha voz ficou mais firme, com a minha tentativa de trazer felicidade a minha pequena irmã.
Becky e Jepperd voltaram, interrompendo nosso momento. — Tudo limpo — informou Becky. — Vamos descansar, mas não se afastem muito. O perigo ainda está à espreita.
Gus se acomodou no chão de pedra, seu olhar brilhando. — Eu posso começar!
— Vá em frente, Gus — incentivei, enquanto Mika se aninhava mais perto de mim.
E assim, enquanto a noite se aprofundava, começamos a contar histórias. Parecia antes de todo o terror acontecer, em uma parte da história de Gus imaginei que nós só estávamos acampando e depois voltaríamos para casa. Mas a verdade sempre voltava me entristecendo, "Não!" eu pensei "você tem que se manter forte, por Mika!". Naquela noite me prometi, que cuidaria de Mika e sempre a protegeria não importando o que me custasse.
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Híbridos existem (inspirado em Sweet Tooth)
Teen FictionMika uma híbrida rara se esconde em sua casa fugindo do governo e dos Ultimos Homems que sempre desejam matar híbridos por serem "animais horriveis que não sabem pensar". Ao entorno de suas fugas de cidade a cidade Mika conhece outros que os apoião...