Henry
Carlos havia avistado um gato, algo incomum na nossa vizinhança. Normalmente, os gatos que apareciam na área eram assustados e evitavam a casa. Mika sempre dizia que os gatos fugiam da nossa casa devido a um cheiro peculiar, algo que eu não conseguia identificar. Como Mika tinha um olfato muito mais aguçado do que o meu, eu acreditava na sua palavra.
No entanto, ao pensar melhor, percebi que o que Carlos havia visto não era um simples gato. Era minha irmã. Desesperado, mandei meus amigos embora e corri para a parte de trás da casa, meu coração acelerado com a preocupação.
— Maninho, é você? — a voz de Mika veio do outro lado da janela, misturada com um tom de preocupação.
Ela levantou a cabeça felpuda para fora da janela, suas orelhas de gato sempre se mexendo inquietas.
— Sim, sou eu — respondi, tentando manter a calma.
— Desculpa por estragar a sua música, mas... eu... queria... te escutar.
— Eu sei, está tudo bem, Mika — tentei tranquilizá-la, embora a preocupação estivesse crescendo.
Escutei um barulho vindo de trás e olhei bem a tempo. Carlos estava atrás de mim, com o celular na mão e um olhar de pânico no rosto.
— Sua irmã é híbrida? — ele perguntou, o medo evidente na voz.
Com um salto rápido, corri o mais rápido que dava com muletas em direção a Carlos, tentando alcançar o celular. Se ele ligasse para o governo ou para algum dos "Últimos Homens", nossa situação se tornaria muito grave. Mika, ao ouvir a agitação, se escondeu atrás das cortinas, sua respiração ofegante ecoando em meu ouvido.
— Não... — sussurrei desesperado, enquanto corria em direção a Carlos. — Não ligue para ninguém!
Mas Carlos já havia começado a ligar. Mesmo não sendo o mais inteligente do grupo, ele sabia o suficiente para acionar qualquer ajuda ao avistar um híbrido.
— Alô, tem um híbrido aqui! — Carlos falou ao telefone, sua voz tremendo de medo.
— Não! — gritei, tentando arrancar o telefone da mão dele.
Mas era tarde demais. Carlos estava nervoso demais para reagir e não conseguiu impedir o envio da mensagem. A voz ao telefone respondeu com instruções apressadas, e eu sabia que nossa situação estava se agravando.
Matheo apareceu ali, ele era meu melhor amigo, o único que sabia da minha irmã, ele me encarava assustado.
— Temos que fugir! — ordenei, puxando Matheo e Mika para fora da casa.
Carlos ficou ali parado e assustado só nos encarando.
Saímos correndo pelo quintal, tentando encontrar um lugar seguro, mas o som de veículos se aproximando rapidamente nos fez entender que não teríamos muito tempo. A adrenalina nos impulsionava, mas a realidade da captura se aproximava rapidamente.
— Maninho, o que está acontecendo? — Mika perguntou, com os olhos arregalados e o corpo tremendo.
— Não importa agora, Mika. Precisamos encontrar um lugar onde possam nos ver. — Respondi, o pânico crescendo dentro de mim enquanto olhava ao redor desesperadamente.
O som dos veículos aumentou, e logo as luzes brilhantes das lanternas começaram a se aproximar. Eu sabia que o governo tinha uma presença forte na área e que qualquer um que encontrasse um híbrido seria rapidamente cercado.
No momento em que as luzes se aproximaram, a tensão no ar se tornou quase insuportável. Tentamos nos esconder em um pequeno depósito no fundo do quintal, mas não havia como escapar dos olhos vigilantes das patrulhas. As luzes das lanternas varriam o jardim, e eu podia ouvir o som dos passos se aproximando.
Então, a primeira patrulha nos encontrou. O som de vozes ordenando-nos a sair e as luzes brilhantes ofuscando nossa visão eram quase insuportáveis.
— Saia de aí! — a voz autoritária soou através do jardim.
Desesperado, tentei fazer Mika e Matheo se escondem, mas a patrulha já estava sobre nós. Dois agentes se aproximaram e, antes que pudéssemos reagir, fomos cercados. As mãos firmes dos agentes nos pegaram e nos conduziram para fora do esconderijo.
— Eu sinto muito, Mika — sussurrei para minha irmã, enquanto as algemas eram colocadas em nossos pulsos.
Mika olhou para mim com uma mistura de medo e tristeza. Matheo, também algemado, estava em silêncio, sua expressão de medo refletindo a gravidade da situação.
O grupo de agentes começou a nos conduzir para os veículos, e eu sabia que a situação estava completamente fora de controle. As luzes dos veículos piscavam ao nosso redor, e a sensação de impotência era esmagadora. No momento em que fomos colocados dentro de uma van preta, o desespero tomou conta de mim. Minha mãe que também fora capturada me encarava assustada e machucada, "esse era o seu pior pesadelo" sussurrei para ela. Ela concordou se segurando para não chorar.
A van começou a se mover nos levando para o inferno que seria os próximos dias.
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Híbridos existem (inspirado em Sweet Tooth)
Teen FictionMika uma híbrida rara se esconde em sua casa fugindo do governo e dos Últimos Homens que sempre desejam matar híbridos por serem "animais". Ao entorno de suas fugas de cidade a cidade Mika conhece outros que os apoião. Incluindo Gus um híbrido único...