Prolongo

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Londres, 1780

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Para quem possa ler estas palavras,

"Em cada guerra, existem os que marcham em nome de um ideal e os que se perdem no vazio das promessas não cumpridas. E, entre eles, há aqueles que despertam tarde demais para a verdade cruel e inexorável de suas escolhas."

Eu me pergunto, quando exatamente perdi o controle de quem eu era? Talvez tenha sido na primeira vez que abaixei a cabeça, concordando silenciosamente com as doutrinas sangrentas de um homem que julgava conhecer. Ou talvez, quando aceitei cegar-me voluntariamente diante da destruição que ele causava e passei a fazer parte do massacre. Estava cego, sim. Cego pelo desejo de ser mais do que um pária num mundo que me repudiava.

Eu era um jovem tolo, iludido pela ideia de que o sangue e as linhagens definem valor. E é irônico perceber que, como um meio-sangue, eu era tão descartável quanto qualquer outro. Quão estúpido eu fui, pensando que ele me consideraria diferente dos que desprezava!

Era tudo mentira. A promessa de um novo mundo... de um mundo onde não haveria espaço para fraqueza. Contudo, a fraqueza esteve presente desde o início, disfarçada sob o pretexto de poder absoluto. Eu não enxerguei - ou preferi não ver - que o homem a quem eu chamava de "Mestre" não buscava um reino de ordem, mas um império de destruição. Ele era um flagelo, um parasita que se alimentava da dor alheia, e eu, seu instrumento, fui o executor de seus desígnios.

Lembro-me de cada morte que causei. Cada feitiço que lancei e cada rosto que caiu diante de mim. Mas, acima de tudo, lembro-me da noite em que finalmente despertei para a verdade. A noite em que ele me abandonou para morrer, com as marcas de sua tortura gravadas na carne e na mente. A dor foi tão intensa quanto a constatação de que eu era apenas uma peça descartável no tabuleiro dessa guerra infame.

Ele não matou apenas o meu corpo. Voldemort destruiu a última centelha de fé que eu nutria, não em sua causa, mas em mim mesmo. Ele provou que tudo o que eu acreditava, todos os meus sacrifícios, eram vãos. Fui deixado como um cão sarnento, à espera da morte. Anunciado como mais uma vítima entre tantas outras que pereceram sob o peso da mão do Lorde das Trevas. Nada mais que um nome a ser apagado das memórias.

Oito anos se passaram. Oito longos anos em que o mundo bruxo continuou a definhar, como um animal preso no laço do caçador. A sombra de Voldemort se estendeu por toda Grã-Bretanha, abarcando tudo e todos. Bruxos, nascidos trouxas, mestiços... nenhum sangue, por mais puro que fosse, estava a salvo. Ele dominou o medo, usou-o como arma para subjugar até mesmo os que se diziam invencíveis.

E Londres, que um dia fora símbolo de grandeza e civilidade, tornou-se um refúgio para a podridão e o desespero. As ruas que conheci quando criança foram tomadas pela escuridão; a corrupção e o caos tornaram-se parte do cotidiano. Antes, havia aqueles que acreditavam que o lado negro era uma força justa, uma nova ordem que traria equilíbrio. Mas eu sei agora, mais do que nunca, que não há equilíbrio no poder que destrói e mata indiscriminadamente.

Eu fui enganado, mas não sou mais o peão de outrora. As trevas que um dia seguiram-me de perto agora temem o que sou. Pois quem já caminhou entre a morte e a loucura, quem conheceu o terror absoluto e se ergueu das cinzas, não teme nada além de sua própria fúria.

Voldemort e seus seguidores pensaram que me silenciaram. Que meu nome seria esquecido e minha história apagada. Mas eles estavam errados. Eu sobrevivi. As trevas acreditavam que me engoliriam e me devorariam, mas eu aprendi a dominar a escuridão, a me ocultar nela.

Agora, levanto-me novamente. Não mais como um servo das trevas, mas como algo que eles jamais esperariam. Um espectro de vingança. Um guerreiro marcado pelas cicatrizes da traição e do ódio. Estou de volta, e os dias de glória do Lorde das Trevas estão contados.

Àqueles que ainda ousam defender Voldemort, que se preparem. Que se lembrem do nome que um dia foi insignificante, mas que agora carrega o peso de sua própria redenção. Meu sangue pode não ser puro, mas minha determinação é forjada no fogo da sobrevivência.

Eu sou Severus Prince Snape. E volto para que sintam, em cada fibra de seus corpos, o que é ter sua escuridão se voltando contra vocês. Não se enganem, não e misericórdia que encontrarão, mas retaliação justa de quem foi traido, esquecido e subestimado.

Que comecem os dias de horror as trevas. Que o mundo bruxo saiba que eu estou vivo. E que aquele que se intitula lord das Trevas comece a temer, pois a vingança dos mortos é uma força que nem mesmo eles poderão enfrentar.

Harry Potter __ Ascensão do PrinceOnde histórias criam vida. Descubra agora