Quando Severus e Regulus entraram na propriedade, o ar parecia denso, como se o lugar os acolhesse em meio a um silêncio cúmplice. Snape imediatamente começou a arrancar o manto negro que cobria seu corpo. A cada movimento, ele parecia estar se livrando de um peso insuportável. O tecido escuro, antes uma segunda pele, agora o sufocava como se prendesse nele toda a pressão das últimas horas.
Severus desabotoou as mangas da camisa social, dobrando-as até os cotovelos com dedos ágeis, mas tensos. A brisa fria de Londres tocou sua pele, proporcionando um breve alívio. Porém, o que realmente o sufocava não era o manto, mas o fato de que tinha os visto. Ela. Narcisa. E ele, seu filho. Uma dor aguda atravessou seu peito ao lembrar do rosto de Draco.
Suspirando pesadamente, Severus desviou o olhar, tentando escapar daquele turbilhão de emoções. Seus olhos pousaram em uma garrafa de whisky sobre a mesa. Sem hesitar, ele a pegou. O estalo da rolha ao ser removida ecoou no silêncio, e em segundos ele tomou um longo gole. O líquido desceu queimando por sua garganta, o sabor amargo refletindo a amargura que sentia. Era uma dor conhecida, um alívio vazio que, por um breve momento, adormecia a tensão.
Regulus, em silêncio, observava cada movimento de Snape, seus olhos avaliando o homem diante dele. Ele conhecia aquela luta. Conhecia o peso de carregar tantos segredos, tantas perdas. Encostado à parede, Regulus cruzou os braços, sem quebrar a conexão silenciosa entre eles.
Quando Severus deu o último gole, ele retirou a garrafa da boca, o olhar perdido no vazio. Com uma mão, passou pelos cabelos curtos, bagunçando-os levemente, uma expressão de cansaço visível em suas feições.
— Você está bem? — perguntou Regulus, sua voz calma, mas cheia de curiosidade. Ele mantinha as mãos atrás das costas, como se sua postura rígida fosse um escudo contra qualquer vulnerabilidade.
Severus permaneceu calado por um instante, o silêncio carregado com um peso que parecia prender o ar entre eles. As lembranças daquela noite ainda o assombravam.
— Eu sei que o que aconteceu hoje foi... complicado para você — Regulus continuou, sua voz suave, mas incisiva. — Ver Narcisa e Draco, saber que eles estavam tão perto, deve ter sido difícil. Mas você sabe que isso é necessário, não sabe? Se queremos derrotar o Lorde das Trevas... precisamos estar dispostos a fazer sacrifícios.
Snape desviou o olhar de Regulus, apertando os lábios em uma linha fina. O gosto do whisky ainda queimava em sua garganta, mas não o suficiente para silenciar o que sentia.
— Não precisa desse discurso motivacional — Severus respondeu, sua voz baixa, mas firme. Ele se jogou na poltrona mais próxima, os ombros relaxando levemente, embora sua mente permanecesse agitada. — Eu estou bem, Regulus. — Ele fez uma pausa e então acrescentou, de forma mais seca. — Agora precisamos focar em como vamos falar com Dumbledore. O velho, assim como o resto do mundo, acha que estamos mortos.
Regulus assentiu devagar, suas feições tensas suavizando um pouco.
— Isso não será tão complicado — disse Regulus, ponderando cuidadosamente suas palavras. — Enviamos uma carta a Dumbledore, informando que temos informações cruciais para a queda do Lorde das Trevas. Acredite, ele nos ouvirá. — Ele sorriu levemente, embora seus olhos mantivessem a seriedade.
Severus soltou um suspiro mais profundo, esfregando o rosto com ambas as mãos, sentindo o peso de tudo o que havia ocorrido. Ele então olhou para Regulus, sua expressão mais aberta, como se o muro de frieza estivesse se quebrando.
— Regulus... — Severus começou, sua voz quase um murmúrio, como se as palavras fossem difíceis de serem admitidas. — Ok, também é difícil para mim. Pode me chamar de ridículo, eu sei, mas isso... isso é forte e doloroso. Ver Narcisa, vê-la tão perto e não poder tocá-la... — Ele fechou os olhos brevemente, tentando controlar a dor que o dominava. — Eu vi o meu filho. O meu filho, Regulus, e não pude nem abraçá-lo. — Sua voz falhou por um momento, mas ele logo retomou o controle. — E Narcisa... ela estava ali, na minha frente, e eu não pude me aproximar. Isso... isso é sufocante.
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Harry Potter __ Ascensão do Prince
Ciencia FicciónSeverus Snape, viveu toda a sua Vida a mercê de sofrimento e dor . Sendo um mero Meio-Sangue, não tendo importância para a maioria da sociedade bruxa. Designado apenas como um peão qualquer de Guerra, ao lado da trevas. Para que no fim fosse usado e...