Harry Potter __ Ascensão do Prince

II

Capítulo 2 — Segredos e Confissões

Londres, 5 de novembro  de 1780

A neblina que cobria o céu de Londres parecia densa e opressiva.

Do lado de fora do local onde Severus havia sido enterrado, Lílian Potter permanecia parada, observando as figuras dos últimos bruxos se afastando. A brisa leve fazia os cabelos ruivos de Lílian balançarem suavemente, enquanto ela lançava um último olhar para a sepultura onde colocaram o corpo de seu melhor amigo.

— Lily — a voz de James, seu marido. soou gentilmente ao seu lado, tirando-a dos pensamentos que se acumulavam em sua mente. — Você quer que eu te acompanhe até em casa?

— Não, James — Lílian balançou a cabeça lentamente, seus olhos verdes ainda presos a entrada do cemitério,  que a momentos atrás, havia despedindo-se de seu amigo. — Vou acompanhar Narcisa.

O rosto de James se contorceu em um misto de compreensão e desconforto. Ele não tinha nada contra Narcisa, mas a presença dela naquele velório, ainda mais visivelmente grávida e recém-divorciada, levantava muitos questionamentos. Afinal, ele nunca imaginou que Severus e Narcisa fossem próximos. Que dizer, Narcisa  sempre esteva do lado dele nos anos de Hogwarts, e fora que ela era umas das Defensoras de severus, muitas vezes a Black ficava de frente defendendo das brincadeiras que ele é os marotos praticavam com Snape.

E vendo agora, ele ver o quão idiota ele era naquela época em hogwatrs.  Ele lançou um olhar de soslaio para Dumbledore e Minerva, que conversavam um pouco mais afastados.

— Certo — disse ele por fim, a voz controlada. — Vou me reunir com a Ordem. Nos encontramos em casa mais tarde?

Lílian assentiu brevemente, desviando o olhar para Narcisa, que permanecia solitária diante da sepultura. A mulher loira, com mechas negras que lhe davam um ar soturno, parecia presa em um universo à parte, os olhos fixos na terra recentemente revolvida. O rosto pálido estava molhado por lágrimas que ela não fazia nenhum esforço para enxugar.

— Eu volto para casa depois que me certificar de que ela está bem — respondeu Lílian, lançando um olhar agradecido para James. Ele hesitou, mas acabou por se afastar, caminhando lentamente até onde Dumbledore e Minerva conversavam.

Quando ele se aproximou, o Diretor Dumbledore voltou-se para ele, uma expressão grave e pensativa emoldurada por sua barba longa e branca.

— Foi uma grande perda — disse Dumbledore, sem preâmbulos. — Severus era uma peça essencial, embora nem todos soubessem disso.

James cruzou os braços, olhando para o chão. Era difícil para ele admitir, mas havia um fundo de verdade naquelas palavras pronunciadas pelo o Diretor. Embora jamais tivesse nutrido simpatia por Snape, sabia que ele não merecia um fim tão cruel, como aquele.

— É um desperdício — murmurou ele, e Minerva, que observava a interação em silêncio, concordou.

— Ele morreu sozinho, lutando até o último momento — a voz dela soou amarga, um reflexo dos próprios sentimentos de frustração. — Eu sempre pensei que ele encontraria uma forma de sobreviver, não importava o quão desesperadora fosse a situação. Severus era... — ela respirou fundo, buscando as palavras certas — era um lutador, Alvo.

Dumbledore assentiu com um olhar cansado.

— Sim, Minerva. Ele era. E é justamente isso que me preocupa... — disse Dumbledore, pensativo. Mas antes que pudesse concluir, ele balançou a cabeça, como se afastasse um pensamento inoportuno. — Ele nos fez um grande favor, e isso não será esquecido.