capítulo 2

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Rachel acordou com um sobressalto, o coração disparado, ainda envolta nos fragmentos desconexos de pesadelos perturbadores. A luz pálida da manhã atravessava as persianas, mal iluminando o quarto. O ambiente, embora luxuoso, era frio e opressor. Móveis caros e roupas finas à disposição, mas tudo parecia uma armadilha dourada, um lembrete constante de que sua presença ali não era por escolha própria.

Uma batida suave na porta a fez pular. Sem esperar resposta, a porta se abriu lentamente, revelando uma figura familiar.

— Bom dia, Rachel — disse Helena, com sua voz gélida, suave, mas cortante. Ela entrou com passos calculados e, como de costume, sua presença enchia o quarto de uma tensão sufocante. — Dormiu bem?

Rachel hesitou. Como se poderia dormir bem em um lugar onde cada sombra parecia esconder uma ameaça? Mas Helena não parecia interessada em uma resposta real. Ela observava Rachel como uma predadora observa sua presa, estudando cada pequeno gesto.

— Tenho algo para você hoje — disse Helena, quebrando o silêncio com um tom de comando disfarçado de gentileza. Com movimentos lentos, tirou um envelope fino do bolso do casaco, seus olhos nunca deixando os de Rachel. — Uma pequena tarefa.

Rachel pegou o envelope com dedos trêmulos. Dentro, havia um pedaço de papel com um endereço e uma única palavra: “Observar.”

— O que é isso? — Rachel perguntou, sua voz trêmula, tentando controlar a maré crescente de ansiedade.

Helena inclinou a cabeça ligeiramente, como uma serpente prestes a atacar, um sorriso afiado surgindo nos lábios.

— É sua chance de provar que não é inútil — disse ela, com uma crueldade velada. — aidden levará você a esse endereço hoje à noite. Veja o que acontece. Não fale com ninguém. Apenas observe.

Rachel sentiu o estômago revirar. Sabia que aquilo não era uma simples missão; era um teste. Um teste para ver até onde ela iria para sobreviver naquele lugar.

— E se eu não for? — A pergunta escapou antes que Rachel pudesse se conter, sua voz tão baixa que parecia um sussurro.

Helena deu um passo em sua direção, aproximando-se perigosamente. Seu sorriso se ampliou, mas seus olhos ficaram frios como gelo.

— Não me faça repetir, Rachel — disse ela, sua voz cortante. — Não há "se" nessa situação. Você vai. Mas... — Ela fez uma pausa, seus olhos escuros perfurando os de Rachel. — Se fizer o que peço e fizer direito, talvez sua vida aqui se torne menos miserável. Talvez.

Rachel sentiu um arrepio na espinha. O que quer que estivesse acontecendo, era claro que falhar não era uma opção.

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O dia passou em um borrão de ansiedade e medo. Rachel mal conseguiu comer ou pensar em outra coisa que não fosse a tarefa à sua frente. Quando a noite finalmente caiu, ela vestiu a jaqueta que lhe deram e saiu do prédio com aiddem, tentando ser o mais invisível possível. O endereço a levou a um bairro movimentado, onde as luzes brilhantes e o som constante da cidade contrastavam violentamente com o tumulto dentro de sua mente.

O local era um bar discreto, escondido em meio a prédios decadentes. O carro parou diante da porta, sentindo o coração martelar no peito. Lembrou-se das palavras de Helena: "Observar." Sem chamar atenção, saiu do carro e entrou no bar e se acomodou num canto sombrio de onde podia ver tudo sem ser vista.

O lugar estava lotado de figuras sombrias. As conversas eram abafadas, entrecortadas pelo som de copos e risadas contidas. Rachel estava prestes a sair quando algo chamou sua atenção. Nos fundos do bar, um homem estava sentado à mesa, conversando com uma figura encapuzada. Seus gestos eram rápidos e nervosos. Ela não conseguia ouvir as palavras, mas algo na tensão entre os dois parecia errado.

O homem deslizou um envelope grosso pela mesa, recebendo em troca um pequeno pacote. O ar ao redor deles parecia vibrar com segredos e perigos. Rachel prendeu a respiração, sabendo que testemunhava algo importante, algo que Helena definitivamente queria que ela visse.

De repente, o homem olhou diretamente para ela. Rachel congelou, o pânico crescendo em sua garganta. Por um breve segundo, pensou que tinha sido descoberta. Mas o homem desviou o olhar, como se ela fosse insignificante, uma sombra no fundo de um mundo muito maior e mais perigoso do que ela podia imaginar.

Ela saiu do bar o mais rápido que pôde, o coração ainda martelando descontroladamente. O caminho de volta foi lento. Quando chegou ao quarto, encontrou Helena esperando por ela, recostada casualmente numa poltrona.

— E então, o que você viu? — perguntou Helena, sua voz doce e venenosa ao mesmo tempo, um sorriso de pura malícia em seus lábios.

Rachel hesitou, sentindo a ameaça escondida por trás da pergunta. Relatou o que viu, escolhendo suas palavras cuidadosamente, ciente de que cada detalhe poderia ser decisivo.

Helena a ouviu em silêncio, seus olhos avaliando cada expressão, cada hesitação. Quando Rachel terminou, Helena se levantou e caminhou lentamente até ela, como uma sombra prestes a envolvê-la.

— Você fez o que foi mandada — disse ela, inclinando-se para mais perto, a voz baixa e cortante. — Mas entenda, Rachel, você não é especial. Você está aqui porque eu permito. E se continuar útil, talvez eu continue a permitir. Continue assim, e quem sabe? Talvez você descubra um caminho neste lugar miserável. Ou não.

Helena se afastou, deixando a ameaça pairar no ar como uma lâmina invisível prestes a cair. Rachel ficou em silêncio, o corpo rígido, sem saber se a última frase de Helena era uma promessa sombria ou o prenúncio de algo muito pior.

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