capítulo 9

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Quando Helena deixou o escritório, sentiu o peso das responsabilidades e o caos ao seu redor, mas antes de sair, parou e se voltou para Ana, que ainda observava a porta com um olhar que misturava apoio e cautela.

Por um instante, Helena ficou em silêncio, estudando o rosto da esposa, tão sério e determinado. Então, sem hesitar, ela deu um passo à frente, aproximando-se de Ana, que ergueu o olhar. Com um toque de suavidade que raramente permitia, Helena inclinou-se e depositou um beijo leve no canto dos lábios de Ana.

— Obrigada — murmurou, quase em um sussurro, mas com uma intensidade carregada de tudo que aquelas simples palavras significavam. Em seu mundo de desconfianças e traições, a lealdade de Ana era seu refúgio mais seguro.

Ana sorriu, um sorriso pequeno, mas carregado de cumplicidade. Ela tocou a mão de Helena brevemente, com um carinho que apenas ambas entendiam, e assentiu.

— Eu estou aqui, Lena. Sempre estarei — respondeu Ana, em um tom baixo, mas firme.

Helena manteve o olhar fixo nela por mais um instante antes de finalmente se afastar, seu coração agora mais leve, fortalecida pelo apoio silencioso e implacável de Ana. E, ao deixar o escritório, sabia que, independente dos obstáculos à frente, não enfrentava sozinha os desafios de sua jornada.

Quando Helena retornou ao quarto, encontrou Rachel deitada no chão, os olhos fixos no teto, perdida em pensamentos. A intensidade do encontro anterior ainda pairava no ar, e Rachel sentia-se cada vez mais dividida entre sua resistência e o poder que Helena exercia sobre ela.

Helena aproximou-se, observando Rachel em silêncio. Finalmente, Rachel ergueu o rosto e, tomando um fôlego, perguntou:

— Se eu… se eu aceitar isso, aceitar ser sua… submissa — a palavra saiu com dificuldade, mas Rachel manteve o olhar firme — você vai me dar alguma liberdade? Vai permitir que eu… que eu saia daqui, que eu seja livre, mesmo que por pouco tempo?

Helena ergueu uma sobrancelha, surpresa pela pergunta, mas ao mesmo tempo satisfeita. A submissão de Rachel não era completa, mas aquele pedido demonstrava uma abertura que ela sabia ser um passo importante.

Ela se ajoelhou ao lado de Rachel, segurando seu queixo com firmeza, forçando-a a encará-la diretamente. Seu rosto estava perto, os olhos de Helena eram frios e calculados, mas havia um toque de interesse nos lábios que se curvaram em um sorriso sutil.

— Liberdade? — Helena repetiu, como se experimentasse a palavra em sua boca. — Você quer liberdade sob meus termos? Saídas sob o meu controle?

Rachel engoliu em seco, sentindo a intensidade daquele olhar, mas manteve a pergunta no ar, sem recuar.

Helena soltou o rosto dela, cruzando os braços enquanto a observava com um olhar avaliador.

— A liberdade é algo que se conquista, Rachel — disse, com a voz baixa e cheia de autoridade. — Se eu permitisse que você saísse, que fosse "livre", como diz, então o que a impediria de fugir? De me trair? De jogar fora tudo o que estou construindo entre nós?

Rachel respirou fundo, determinada a se manter firme em seu desejo.

— Se eu tiver essa chance, se você realmente me der um motivo para confiar em você… talvez eu não precise fugir. Talvez eu veja que posso encontrar um lugar aqui — respondeu Rachel, a voz carregada de uma sinceridade que ela mesma não esperava.

Helena inclinou a cabeça, avaliando aquelas palavras. Ela sabia que esse era um teste, uma forma de ver até onde ela estava disposta a ir para ganhar a lealdade de Rachel, mas também entendia que liberdade poderia ser usada como uma ferramenta poderosa.

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