Capítulo 1

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Sinto o gosto do sangue em minha boca quando Luísa tentou lutar em meus braços e me acertou com o cotovelo, senti o queixo doer, mas não me impediu de continuar, a segurei pelo cabelo e a puxei pelo corredor mal iluminado, seus braços estava amarrados e em sua boca eu tinha colocado sua própria camisa de cetim verde embolada como um pequena bola de tênis, sorri quando coloquei a camisa em sua boca ao lembrar da última vez que joguei na semana passada, também não tinha sido um bom dia para Rebeca. Pobre Rebeca.

Mas com Luísa tinha sido diferente, ela não apareceu simplesmente na minha porta depois de trocarmos algumas mensagens no aplicativo de namoro, eu a cacei, a farejei como uma fera procura sua próxima presa. Foram dois longos dias até ela me convidar para o seu apartamento.

Tola.

Eu olho para ela batendo e rebatendo as pernas enquanto a arrasto no chão pelo cabelo, com uma só mão, o piso de madeira claro quase gruí, ela está suando, está desesperada e sei que sente dor.

E eu apenas sorria quando passamos pelo quarto para chegar ao banheiro. A levanto com um solavanco e seus olhos estão apavorados, avermelhados e cheio de lagrimas que não param apenas continuam escorrendo pela sua maquiagem borrada.

Sussurro próximo ao seu ouvido.

- Shiiiu! – ela assenti me encarando.

É possível sentir o sangue correr pelas minhas veias, de uma artéria para a outra, sendo bombeado pelo meu coração em êxtase, não é a minha primeira vez, sei exatamente o que estou fazendo.

Uso luvas pretas nas mãos, não tirei o casaco moletom, nem mesmo a touca que vesti mesmo não sendo o dia mais frio de fim de julho.

Ela tenta acalmar a respiração, sei que está fazendo isso porque a vejo fechar os olhos e tentar respirar fundo de forma pausada, quase que querendo ter um pouco de controle sobre a situação.

Eu a deixei ter controle, apenas as suas ações me trouxeram aqui, quando trombei com ela no café, quando entrei na loja em que ela trabalhava, eu pude ver o jeito que ela me desejava, pude sentir que ela me queria e foi no memento em que coloquei meus olhos nela e vi seu cabelo pouco abaixo dos ombros, em um castanho escuro, a pele branca suave, o pescoço alongado. Soube neste momento que ela seria minha.

Luísa não perdeu a chance de se apresentar quando a teve, ela queria ser vista e aqui está ela, tendo toda a minha atenção para si.

Deslisei minha mão pelo seu rosto sentindo a macies de sua pele, como eu imaginei, puxei a camiseta de sua boca e ela pode entender pelo meu olhar que ela não deveria fazer nenhum barulho, joguei o trapo verde no chão do banheiro e me inclinei suavemente para abrir a torneira para encher a banheira de louça branca.

Ela tremia, como se fosse feita de galhos de uma fina arvore. Provei a água com a ponta dos meus dedos e estava quente, tão quente quanto o corpo magro que segurava com uma das mãos.

Luísa não teria chance se gritasse, ou se tentasse correr, eu a pegaria e seria muito mais doloroso.

A banheira estava quase cheia quando a guiei para que entrasse, sentia suas mãos tremer quando a segurei, ela sentia o medo que me alimentava, em sua cabeça agora poderia estar passando um milhão de possibilidades onde ela teria me ignorado.

Mesmo sem saber que sem ela me escolher eu já tinha a escolhido. Ela se sentou dentro da banheira e eu me ajoelhei do lado de fora sem deixar de tocar nela, era como se aquilo estivesse me nutrindo, aquele pequeno ponto de contato estava recarregando as minhas energias.

Ela engoliu seco algo o que me fez olhar diretamente para o seu pescoço e depois nos seus olhos. Estava querendo ver a alma dela, uma vendedora de roupas em uma loja no shopping, uma filha de alguém, namorada de alguém, amiga de alguém.

Ela abriu a boca, ela queria falar algo, mas a interrompi segurando seu pescoço, ela sabia que ela seu fim, a senti se estremecer dentro da banheira na água quente, minhas mãos quentes agora tocando seu pescoço e espremendo a sua alma.

E sabemos que ela não teria como evitar aquilo, ela se entregou enquanto sentia seu peito não tentar inflar os pulmões, apenas se deitou ir enquanto me alimentava sentindo todos os músculos do meu corpo ficarem fortes.

Ela não se sujou, não fez como muitas outras, apenas se deixou ir, terminei de lavá-la, passando o sabonete com sementes que estava na saboneteira, passei-o por todo o seu corpo, depois sem esforço e recolhi da banheira, a sequei e a carreguei no ombro até o quarto.

Deixei-a deitada nua na cama e caminhei até a sala, quando entrei no apartamento dela na noite anterior, enquanto ela dormir tranquilamente nos braços do namorado notei a cadeira, era coberta com um verniz brilhoso que se destoava do restante da sala com moveis em tons de cinza.

Ergui a cadeira o suficiente para não fazer barulho e a levei para o quarto, posicionei a cadeira de frente para a janela, peguei o corpo e o sentei na cadeira de forma confortável, ela estava começando a esfriar, já não havia vida.

A vida dela tinha setornado minha.

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