Múltiplas confusões

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Acordo lentamente sentindo um calor em excesso no meu quarto. Meus olhos imediatamente se abrem logo avistando a quase escuridão que o quarto ainda forma.

Sinto um gosto desagradável na boca e pontadas intensas na cabeça, como se algo estivesse martelando. São tão fortes que fecho meus olhos novamente enquanto seguro minhas mãos em volta dela na esperança de aliviar as dores.

Permaneço deitada tentando lembrar dos eventos da noite passada, mas as lembranças são vagas e quase inexistentes. O som constante da minha cabeça latejando é extremamente irritante.

Aos poucos as coisas começam a surgir na minha mente, sinto minhas lembranças voltando lentamente e um frio na barriga logo surge em mim.

Lanches, jogos, vinho, música, dança, dormir, e...

– Enid?

Minha visão está finalmente começando a se ajustar e eu olho para o lado, esperando encontrar a silhueta de Enid ao meu lado na cama. Mas para minha surpresa, a cama está vazia.

Me levanto tão rápido que sinto uma súbita onda de tontura pelos movimentos rápidos que fiz. Meus olhos se desfocam e vem surgindo algo escuro tomando completamente a minha visão.

Ouço zumbidos e sinto minha cabeça girando enquanto meu pulso e coração se aceleram. Meu corpo ainda fraco da ressaca deixa tudo ainda pior, então volto a me sentar novamente tentando reunir as energias que me faltam.

Depois de um tempo as coisas parecem voltar ao normal, e essas sensações vão finalmente embora.

Ainda com todas essas coisas acontecendo de uma só vez, a única coisa que minha mente não consegue esquecer é sobre Enid.

Observo um pouco mais e agora percebo o lençol que ela usou dobrado e posicionado perfeitamente ao lado que ela estava na cama. Ela também acabou esquecendo uma das camisas que eu a presenteei em cima da cômoda. Procuro pela cama algum bilhete que ela poderia ter deixado, mas não havia nada.

Dessa vez me levanto devagar e vou até a cômoda, não desistindo da ideia do bilhete. Mas como já era esperado, também não havia nada lá.

Enid não deve ser do tipo que deixa bilhetes, então vou averiguar meu celular para ver se ela deixou alguma mensagem antes de ir. O encontro e entro nas conversas.

0 mensagens recebidas.

Por que ela foi embora? Por que ela não deixou nenhum bilhete e nenhuma mensagem? Eu fiz algo de errado? Eu me comportei estranhamente?

Surge várias perguntas que eu não consigo responder, mas meus pensamentos sempre parecem ter as piores respostas possíveis para me dar.

Eu com certeza a deixei chateada com algo, eu devo ter me comportado de uma maneira que a assustou para que ela tenha ido embora assim. Eu sou muito estúpida. Não sei porque achei que seria uma boa ideia sugerir que ela dormisse aqui em casa.

Eu obriguei ela a ficar aqui?

Eu sou muito idiota. Tentei fazer tudo no mínimo decente que acabei exagerando e no final acabei a deixando mal. Não posso fazer nada certo?

Preciso consertar as coisas, preciso me explicar e pedir desculpas a Sinclair. É o certo a fazer, devo fazer isso agora.

Pego meu celular e clico na conversa de Enid. Hesito um pouco mas mando uma breve mensagem que diz:

"Olá Enid, onde você está? Não quero ser invasiva mas vi que você sumiu e fiquei preocupada. Me desculpa se eu fiz alguma coisa errada, nunca seria minha intenção. Não quero que nada fique estranho entre a gente. Por favor, me responda quando puder. Estou esperando o seu contato. Até mais, Sinclair."

Quando a chuva cair novamente - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora