Notas do Silêncio

7) notas do seu silêncio

Jeju;
Mesmo dia, mas anoiteceu.

Se tivessem dito a Han Dongmin que seu bloqueio criativo o levaria a uma cena onde ele estaria aos beijos com um guitarrista incrível em uma praia privada de Jeju, ele com certeza teria rido alto ou achado que era uma ótima ideia para a sinopse de algum futuro livro – talvez um romance de verão complicado ou algo assim. Mas agora, com as ondas quebrando suavemente na praia, molhando a areia onde ele e Donghyun estavam deitados, os corpos tão próximos, e os beijos tão intensos, tudo era real demais.

A luz da lua iluminava o local, e eles ainda estavam completamente entregues um ao outro. O toque dos lábios de Donghyun era quente, e o gosto salgado do mar se misturava com o calor crescente entre eles. Dongmin puxou Donghyun ainda mais para perto, seus dedos deslizando pelos cabelos compridos do guitarrista, eles estavam tão envolvidos no momento que o mundo ao redor parecia ter desaparecido, enquanto isso, as mãos de Donghyun exploravam o corpo de Dongmin, como se ele estivesse descobrindo uma nova melodia – uma que, ao mesmo tempo, já conhecia.

Às vezes, Donghyun achava bizarro o quanto estar com escritor parecia fácil como era para ele lembrar de todos os seus acordes favoritos na guitarra, era simples e o fato de ser surdo não era empecilho para merda nenhuma. Quando Dongmin estava prestes a soltar um suspiro de deleite, Donghyun interrompeu o beijo com um sorriso travesso, os olhos brilhando ao simplesmente pensar em sugerir algo ao escritor bonito à sua frente.

"Se tivessem me contado que meu bloqueio criativo me traria até aqui, beijando um guitarrista numa praia privada..." – Dongmin sinalizou entre risos ofegantes. "Eu teria rido muito. Ou talvez já teria começado a escrever sobre isso."

Donghyun soltou uma risada baixa, passando os dedos pelos lábios de Dongmin, agora inchados. Eram lindos, tudo quando se tratava de Han Dongmin, era lindo demais para Kim Donghyun.

— Quem sabe essa seja sua história agora, hm? – ele falou, inclinando-se para um beijo mais suave, um selinho. — Que tal irmos para minha casa? Um pouco de soju, carne grelhada... e um karaokê improvisado?

"Acho que seu primo não vai muito com a minha cara depois do mole que dei no nosso primeiro encontro." – Dongmin demorou mais do que o comum para sinalizar, um pouco inquieto. Não queria ficar falando sobre ele para Donghyun quando o primo aparentava ser uma das poucas pessoas realmente importantes para o guitarrista.

Donghyun balançou a cabeça concordando, enquanto seu sorriso aumentava um pouquinho mais só de pensar que Dongmin era realmente alguém que se importava com os mínimos detalhes.

— Você realmente pisou na bola, mas, não dá para perceber que uma pessoa é surda apenas por aparência, garoto bonito. – Donghyun se aproximou mais uma vez, roubando outro selinho do escritor. — E também acho válido te informar que hoje não vai ser o dia em que fará as pazes com meu Woonagi, ele e meu tio tiveram que resolver algumas coisas em Seul.

Dongmin sorriu, sentindo o coração acelerar ao imaginar o que poderia acontecer se ele aceitasse o convite, que, de despretensioso, já não tinha mais nada depois daquela sentença.

"Tudo bem, pelo menos é um convite para comer um churrasco e não lámen."

— Não sei com quem você está aprendendo esses tipos de piadinhas. – Dongmin solta uma risadinha, querendo deixar claro que ele sabia muito bem quem era a pessoa que o havia feito largar sua timidez e ser ousado o suficiente para fazer piadas com duplo sentido.

(...)

Enquanto caminhavam pela areia, o som das ondas acompanhava seus passos silenciosos. Donghyun segurava a mão de Dongmin, os dedos entrelaçados naturalmente, como se fosse o lugar onde sempre deveriam estar. A praia estava tranquila, e a brisa do mar trazia o cheiro fresco da noite. Eles não precisavam de palavras naquele momento – o calor da pele um do outro e o brilho suave da lua no céu já diziam tudo, mas estavam falando sobre suas experiências no ensino médio e soltando risadas altas, exageradas e íntimas o bastante para se passarem por amigos de longa data.