Um Grito Silencioso

5.

A conversa continuou leve, mas uma curiosidade crescente começou a se formar na mente de Annie. Ela queria conhecê-lo mais profundamente, entender quem era realmente aquele homem que havia despertado sentimentos tão confusos dentro dela. Assim, ela decidiu perguntar.

"Dante, o que você faz da vida? Além de ser um ótimo companheiro de café, claro," ela brincou, tentando aliviar a tensão que começava a se formar.

Ele sorriu, mas a expressão dele mudara um pouco, como se estivesse ponderando suas palavras. "Bem, eu sou... chefe de uma gangue na cidade."

As palavras dele pairaram no ar como uma nuvem pesada. Annie sentiu seu coração parar por um momento. "O quê? Você está falando sério?" ela perguntou, não conseguindo acreditar no que acabara de ouvir.

"Sim, estou. Não sou apenas um chefe de gangue qualquer, Annie. Nós operamos em várias áreas — proteção, negócios, e algumas vezes, até mesmo logística. As coisas são mais complicadas do que parecem," Dante explicou, sua voz serena, mas com um toque de seriedade.

Annie sentiu um frio na espinha. As primeiras impressões que tinha dele começaram a se desfazer, e a imagem de um homem charmoso e divertido se misturava com a realidade sombria que ele revelava. "E você acha que isso é algo bom? O que você faz é perigoso."

"É perigoso, sim. Mas a vida é cheia de riscos, não é?" ele respondeu, encarando-a. "E você, com sua reputação impecável, seria perfeita para os nossos negócios."

A confusão tomou conta de Annie. Ela não queria acreditar que ele estava a tentando recrutar. "O que você quer dizer com isso? Você acha que eu poderia... fazer parte disso?"

"Olha, eu sei que você pode estar pensando que eu estou apenas tentando te conquistar, mas não é isso. Eu admiro sua força, sua determinação. E no nosso mundo, pessoas como você são raras. Você poderia nos ajudar a mudar a forma como as coisas são feitas. Eu confio em você," Dante disse, seu olhar intenso.

Annie se sentiu dividida. Por um lado, havia uma parte dela que se sentia lisonjeada pela confiança que ele depositava nela. Por outro, o perigo e a moralidade de tudo isso a deixavam apreensiva. "Eu tenho um filho, Dante. Não posso colocar a vida dele em risco. Não posso me envolver em algo que pode ser tão destrutivo."

"Eu entendo, mas pense nisso como uma oportunidade. Você pode usar seu talento para algo maior. E se você aceitar, poderá me ajudar a fazer mudanças reais, transformar o que é atualmente em algo que beneficie a comunidade, e não a destrua," ele disse, seu tom persuasivo.

Annie estava lutando internamente. A ideia de se envolver com Dante a atraía, mas o que isso significava para sua vida e para Lucas? Ela respirou fundo, tentando reunir seus pensamentos.

"Eu preciso de tempo para pensar sobre isso," ela finalmente disse, a hesitação evidente em sua voz.

"Claro, eu não quero apressar você. Pense sobre isso. Mas não se esqueça de que, independentemente da sua decisão, eu estarei aqui. Você pode confiar em mim," Dante respondeu, um sorriso suave no rosto.

O encontro terminou com a promessa de que eles se veriam novamente em breve, mas Annie deixou o café com um peso enorme em seu peito. As palavras de Dante ecoavam em sua mente, e enquanto andava pela calçada, a vida que ela conhecia parecia estar prestes a mudar.