Um Grito Silencioso

14.

Annie estava em seu escritório improvisado, cercada por papéis e anotações, quando ouviu uma batida firme na porta. O coração dela disparou. Não esperava visitas, e menos ainda de alguém que pudesse atrapalhar seus planos. Com um olhar apreensivo, ela se aproximou da porta e, ao abrir, se deparou com um policial alto, com um distintivo brilhante e uma expressão séria.

"Boa noite, senhora. Posso entrar?" ele perguntou, sem esperar por uma resposta. Annie sentiu um frio na espinha enquanto o policial atravessava a porta e se posicionava na sala.

"O que posso ajudar?" ela perguntou, tentando manter a voz firme.

"Recebemos uma denúncia anônima e uma foto de um homem entrando nesta casa há alguns dias. Você conhece Dante?" O policial olhou diretamente nos olhos dela, buscando uma resposta.

Annie hesitou por um momento, pesando suas opções. "Sim, eu... estou tendo um caso com ele," disse, decidida a se manter firme na mentira. "Sou casada, mas meu casamento não está indo bem. Ele é um amigo que me ajudou a passar por esse momento difícil."

O policial franziu a testa, claramente cético. "Um caso? Com um homem que, segundo as informações que temos, é um dos líderes de uma gangue perigosa na cidade? Você realmente acha que isso é seguro para você?"

Annie respirou fundo, tentando manter a calma. "Olha, eu não faço ideia do que ele realmente trabalha. Para mim, ele é apenas um caso. Eu não sabia quem ele era quando tudo começou. Ele parecia diferente, e eu estava vulnerável. Não estou tentando me justificar, mas não é fácil ser uma mulher casada e sentir que está sozinha. Dante me deu atenção e compreensão."

"Uma mulher como você, com um filho pequeno, se envolvendo com alguém assim... É arriscado. Você realmente acha que pode confiar nele?" O policial pressionou, sua voz carregada de preocupação.

"Eu não sei nada sobre a vida dele. Ele pode ser o líder de uma gangue, mas, para mim, ele é só um homem que me faz sentir viva. Não estou envolvida em nada ilegal. Por favor, acredite em mim," Annie insistiu, mantendo um olhar firme.

O policial a observou com um misto de desconfiança e preocupação. "Se você estiver mentindo, isso pode acabar muito mal para você. Esse tipo de relacionamento pode trazer consequências que você não imagina."

"Eu entendo, mas não posso simplesmente ignorar o que sinto. É um momento confuso da minha vida, e eu realmente não sei o que esperar dele. Só sei que não tenho nada a ver com o que ele faz," ela respondeu, esforçando-se para transmitir sinceridade.

Após alguns segundos de silêncio, o policial pareceu considerar suas palavras. "Você precisa ter cuidado. Se descobrir algo que possa ajudar a polícia, entre em contato. Não se coloque em uma situação perigosa."

"Eu prometo que serei cuidadosa," Annie disse, aliviada ao perceber que a pressão estava diminuindo.

Ele a observou por mais um instante antes de se afastar. "Se precisar de ajuda, não hesite em procurar. E lembre-se, você pode estar mais segura longe dele."

Assim que o policial saiu, Annie fechou a porta e encostou-se a ela, sentindo o peso da tensão se dissipar. Ela sabia que tinha conseguido manter sua mentira, mas a sensação de estar em um jogo perigoso não a abandonou. O que era apenas um caso agora se tornava um dilema muito maior do que ela poderia imaginar.