Um Grito Silencioso

10.

O sol ainda não havia surgido completamente no horizonte quando Annie acordou, o coração acelerado e a mente cheia de pensamentos. O papel que Dante lhe entregara pesava em sua consciência, e a urgência de uma decisão tornava-se cada vez mais palpável. Ela sabia que não poderia adiar mais.

Levou alguns minutos para se preparar, o espelho refletindo uma mulher que estava prestes a fazer uma escolha que mudaria sua vida. Com um suspiro profundo, ela decidiu que precisava conversar com Tom.

Ele estava na cozinha, preparando um café, quando Annie entrou. O aroma do café fresco encheu o ambiente, mas o clima estava carregado de tensão.

"Tom, podemos conversar?" pediu Annie, sua voz firme, mas com um toque de vulnerabilidade.

"Claro," ele respondeu, colocando a xícara de lado e olhando para ela com preocupação. "O que está acontecendo?"

"Eu... eu tomei uma decisão," começou Annie, sua voz um pouco hesitante. "Você vai ficar no quarto de hóspedes até arranjar outro lugar. Preciso de espaço para respirar e para pensar."

Tom franziu a testa, surpreso. "Annie, eu não posso simplesmente... sair assim. O que você está pensando? E o Lucas?"

"Eu vou cuidar das contas de agora em diante. Você vai ficar responsável por Lucas enquanto eu estiver fora," ela disse, sentindo que cada palavra era um passo em direção ao desconhecido. "Eu preciso fazer isso por mim mesma. E por ele."

Tom olhou para ela, a incredulidade se misturando com a preocupação. "Você realmente acha que isso é o melhor?"

"Eu sei que é arriscado, mas o que mais eu tenho? Preciso tentar, Tom. É minha chance de mudar tudo," ela respondeu, o olhar determinado. "E eu preciso que você confie em mim."

Ele suspirou, a luta interna visível em seu rosto. "Se é isso que você realmente quer, eu não posso te impedir."

"Eu sei," Annie murmurou, sentindo uma mistura de alívio e medo. "Apenas cuide de Lucas. Eu prometo que tudo vai ficar bem."

Nesse momento, um batido na porta interrompeu a conversa. O coração de Annie acelerou. Era Dante.

"Eu vou atender," disse ela, respirando fundo antes de abrir a porta. Dante estava ali, com um sorriso que transparecia confiança, segurando uma maleta que parecia pesada.

"Bom dia, Annie. Espero que você tenha pensado a respeito," disse ele, entrando sem esperar permissão. "Aqui está a maleta com o dinheiro. Tudo que você precisa para começar."

Annie olhou para a maleta, o brilho metálico nas fechaduras refletindo a luz do sol que começava a entrar pela janela. "É tudo... dinheiro falso?" perguntou, a voz quase falhando.

"Exatamente. O importante é como você vai usá-lo. Isso é só o começo, lembra?" Dante respondeu, colocando a maleta sobre a mesa. Ele olhou para Tom, que estava observando a cena com uma expressão preocupada. "Espero que você esteja preparado para a jornada."

Tom deu um passo à frente, a postura defensiva. "O que você está fazendo aqui, Dante? Você não pode simplesmente entrar assim."

Dante sorriu, desdenhoso. "Relaxe, amigo. Estou aqui apenas para ajudar a Annie a dar os primeiros passos. Não é mesmo, Annie?"

Ela sentiu o peso da situação e olhou de Dante para Tom. "Eu preciso fazer isso," reiterou, a determinação voltando a brilhar em seus olhos. "Não posso recuar agora."

"Só tenha cuidado," Tom advertiu, sua voz baixa, mas cheia de preocupação.

"Eu sempre tenho," Annie respondeu, mas no fundo sabia que o caminho que estava escolhendo era tudo menos seguro.

Dante deu um passo à frente, abrindo a maleta para revelar pilhas de notas de papel que simulavam dinheiro. "Agora, vamos discutir os próximos passos. O que você precisa fazer é simples, mas requer coragem."

Annie respirou fundo, sentindo a adrenalina correr em suas veias. A decisão estava tomada, e não havia como voltar atrás.