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Nos dias que se seguiram, Annie se viu em uma batalha constante entre o desejo de explorar algo novo e o instinto protetor que sempre a guiara como mãe. Lucas estava crescendo e a ideia de se envolver com Dante — um homem que liderava uma gangue — tornava-se cada vez mais complicada.

Ela conversava com Lucas sobre seu dia, tentando manter a normalidade, mas a mente dela estava longe. A perspectiva de Dante a atraía, mas o que ele representava a assustava. O que seria da vida dela se decidisse se envolver? E se isso colocasse Lucas em perigo?

Uma noite, enquanto Lucas dormia, Annie se sentou à mesa da cozinha, uma xícara de chá quente nas mãos. Ela olhou pela janela, perdendo-se em pensamentos. O que deveria fazer? A vida que tinha era segura, mas a ideia de uma nova aventura, de sentir-se viva novamente, era tentadora.

No entanto, essa nova vida também era envolta em sombras. O que Dante representava era algo que ela não podia ignorar. A gangue, com todas as suas implicações e perigos, era um mundo que Annie sabia ser arriscado. Ela havia lutado tanto para construir uma vida estável para Lucas, e agora, por conta de um homem que mal conhecia, tudo poderia desmoronar.

Naquela noite, Annie decidiu que precisava de resposta. Não poderia continuar vivendo com essa incerteza. Se fosse para recusar a proposta de Dante, que fosse de forma clara. Mas se decidisse seguir em frente, teria que estar preparada para as consequências.

No dia seguinte, ela se vestiu com cuidado, tentando se lembrar de quem era antes de se tornar mãe. Ao se olhar no espelho, viu não apenas a mulher que havia se tornado, mas também a jovem sonhadora que desejava aventuras e desafios. Com um misto de ansiedade e determinação, saiu de casa, decidida a encontrar Dante.

Ele a esperava no mesmo café onde tudo havia começado. Quando ela entrou, ele imediatamente a reconheceu e sorriu, mas logo percebeu que a expressão dela não era das melhores.

"Annie, você veio! Que bom te ver," ele disse, levantando-se para cumprimentá-la.

"Precisamos conversar, Dante. Sobre o que você me disse da última vez," ela começou, seu coração batendo forte. "Sobre... me juntar a você."

Dante parou por um momento, a surpresa em seu rosto se transformando em um olhar esperançoso. "Você está considerando?"

"Eu não sei se estou 'considerando'. Eu só... preciso entender o que isso significa. O que você quer de mim, realmente?"

"Quero que você faça parte do meu mundo, Annie. Você pode ser uma peça fundamental em nossas operações. Lavagem de dinheiro, logística, e até mesmo algumas tarefas que exigem um pouco mais de... envolvimento. Você teria um papel ativo, uma posição de confiança," ele explicou, seus olhos brilhando com a intensidade de sua proposta.

"Você está falando de criminalidade, Dante. Não posso me envolver em algo assim. E Lucas? O que eu diria a ele? Que estou me envolvendo com um criminoso?" Annie insistiu, sua voz tremendo de indignação e preocupação.

"Eu não sou apenas um criminoso. O que fazemos é necessário. O sistema é corrupto, e nós estamos apenas encontrando maneiras de contornar isso. E você seria um soldado nesse movimento. Alguém que pode fazer a diferença de dentro, alguém que pode nos ajudar a expandir nossas operações e garantir que tenhamos controle," ele respondeu, a paixão em sua voz quase convincente.

"E se eu não quiser ser um soldado? E se eu quiser uma vida normal para mim e para meu filho?" Annie questionou, a frustração crescendo dentro dela.

"Às vezes, para ter uma vida normal, precisamos fazer coisas que não são normais. Mudar o mundo requer sacrifícios. A escolha de se juntar a nós é uma oportunidade de ter poder e influência, de garantir que Lucas tenha um futuro melhor," Dante argumentou, sua voz firme.

Annie sentiu um turbilhão de emoções. A ideia de se envolver com algo tão perigoso e ilícito a aterrorizava, mas, ao mesmo tempo, havia uma parte dela que se sentia atraída pela possibilidade de uma vida diferente. "E se as coisas saírem do controle? E se eu me envolver em uma situação que não consigo gerenciar?"

"Então, você terá a liberdade de sair quando quiser, mas, Annie, você não encontrará outra oportunidade como essa. Você tem habilidades que podem ser valiosas. Você pode ser forte, você pode ser respeitada," ele disse, seus olhos penetrantes fixos nos dela.

Ela olhou pela janela, observando as pessoas passarem, cada uma vivendo sua própria vida, sem saber do que se passava ao seu redor. Naquele momento, tudo parecia tão claro e tão confuso ao mesmo tempo. Annie sabia que tinha que tomar uma decisão, e logo.

"Eu... preciso de um tempo para pensar mais. Mas não posso prometer nada," ela disse finalmente, sentindo o peso da decisão em seu peito.

"Eu entendo. Apenas saiba que estarei aqui, esperando pela sua resposta." Dante respondeu, sua expressão suave e compreensiva.

Annie saiu do café com a mente cheia de dúvidas, mas também com uma centelha de esperança. A vida estava prestes a mudar, e ela tinha que estar preparada para o que quer que viesse a seguir

Um Grito SilenciosoOnde histórias criam vida. Descubra agora