Capítulo XIV

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A aula seguia seu ritmo normal, mas para Alma, tudo parecia em câmera lenta. Ela estava sentada em seu lugar habitual, olhando para o quadro, mas sem realmente absorver qualquer coisa que o professor estava explicando. Sua mente ainda ecoava as palavras de Elijah da noite anterior. "Eu não consigo parar de pensar em você..." Aquilo havia a deixado em um estado quase anestesiado, como se a realidade tivesse perdido um pouco do impacto habitual.

- Alma? - A voz de Allan interrompeu seus pensamentos.

Ela piscou, voltando para o presente, e percebeu que Allan estava inclinado levemente em sua direção, os olhos estreitados em suspeita.

- O que foi? - Ela perguntou, tentando manter sua expressão neutra.

- Você parece... estranha. Mais estranha do que o normal. - Allan comentou, com um tom despreocupado, mas havia algo a mais ali, algo que ele tentava esconder.

Ela deu de ombros, evitando seu olhar, ainda tentando processar tudo o que tinha acontecido.

- Só estou cansada. - Alma respondeu, mas Allan, sempre observador, não parecia convencido.

Ele bufou e se encostou na cadeira, cruzando os braços. Algo nele estava fora do normal. Ele não era de se importar com as distrações dela, mas hoje parecia diferente. Era como se ele estivesse... incomodado?

- Isso tem a ver com o Elijah? - Allan perguntou, mais direto do que o habitual, sua voz carregada de uma irritação mal disfarçada.

O nome de Elijah fez com que um nó se formasse no estômago de Alma. Ela odiava admitir, mas sim, tinha tudo a ver com ele. Desde a declaração, ela não conseguia parar de pensar no quão confusa e vulnerável aquilo a havia deixado. E agora, Allan estava tocando diretamente na ferida.

- Por que você está perguntando? - Ela perguntou, jogando o cabelo para o lado, tentando manter a postura, mas sentindo o leve tremor em suas mãos.

- Porque você está agindo como se tivesse sido atropelada por um trem e... bom, só estou tentando entender. - Ele disse com um leve sarcasmo, mas havia algo mais em suas palavras. Um tipo de ciúme inadmissível, que ele não deixaria transparecer tão fácil.

Alma franziu o cenho. Allan nunca foi o tipo de pessoa que se importava com seus problemas ou com quem ela andava, e o fato de ele estar questionando a fazia se sentir estranha. Ela o encarou, tentando ver além do sarcasmo habitual, e percebeu que havia algo diferente em seu olhar.

- O que é que tem o Elijah? - Ela finalmente respondeu, desafiadora, como se quisesse testá-lo, ver até onde ele iria com isso.

- Nada. Só achei que talvez você tivesse se apaixonado por ele ou algo assim. - Allan disse, revirando os olhos, mas sua voz tinha um leve tom de provocação, como se ele estivesse testando os próprios limites da paciência.

Alma sentiu uma pontada de raiva crescer. Apaixonada? Ela? Nunca. Ainda mais por alguém como Elijah. Ela se negava completamente a deixar seus sentimentos tomarem o controle, mas só o fato de Allan sugerir isso a fez sentir uma mistura de raiva e frustração.

- Não seja ridículo, Allan. Eu não me apaixono por ninguém, muito menos por ele. - Ela retrucou, com uma firmeza que, mesmo para ela, soou um pouco forçada.

Allan levantou uma sobrancelha, como se soubesse que havia algo mais ali. Mas, em vez de insistir, ele apenas deu um sorriso enviesado, balançando a cabeça.

- Certo, claro. Mas é engraçado, né? Como o Elijah parece não sair da sua cabeça desde ontem. - Ele disse, quase em tom de brincadeira, mas Alma pôde sentir a tensão subjacente.

Ela o olhou, tentando entender por que ele parecia tão incomodado. O que importava para Allan com quem ela passava o tempo? Ou o que Elijah dizia para ela? Mas, de alguma forma, o incômodo dele era palpável, mesmo que ele nunca admitisse. E isso a confundia ainda mais.

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