Capítulo XVII

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Alma estava cansada demais.

Ofegava e precisava parar o tempo inteiro.

— Conseguiu alguma coisa? — Allan perguntou.

— Ainda não. — Sinyun disse concentrado nos códigos do computador.

Allan bufou. Susan olhava mais uma vez os arquivos. Um por um. Alma estava sentada em uma poltrona. Sua respiração era descompassada e se sentia fraca e vulnerável.

— Não consigo entrar... — Sinyun falou sério.

— Vamos embora então. — Aiden suspirou decepcionado. — Vamos voltar e pensar em outra coisa.

Todos concordaram.

Com a decisão tomada, o grupo começou a se organizar para sair da sala da diretoria. Sinyun desligou o computador, frustrado por não ter conseguido quebrar os códigos de segurança, e Allan lançou um último olhar irritado para o ambiente. Susan e Aiden recolheram os arquivos que conseguiram pegar, mas a atmosfera era de desapontamento e cansaço.

Alma ainda estava sentada na poltrona, sua respiração ainda irregular, os olhos fixos no chão. Quando Allan se aproximou para ajudá-la a levantar, ela tentou recusar com um gesto, mas ele ignorou e segurou firmemente em seu braço, ajudando-a a ficar de pé.

— Vamos, Soul. Temos que sair daqui antes que alguém apareça — Allan sussurrou, seu tom misturando preocupação e uma irritação velada, ainda tentando manter o controle da situação.

Ela assentiu, mas seus passos eram hesitantes, forçando-o a apoiá-la enquanto saíam do prédio da diretoria em silêncio. O restante do grupo os seguiu, atentos a qualquer som no corredor escuro. Quando finalmente saíram do prédio e se sentiram relativamente seguros, a tensão diminuiu, e eles seguiram juntos em direção ao dormitório masculino.

O caminho de volta era frio e o ar noturno parecia mais pesado, como se cada respiração trouxesse um lembrete da falha e do cansaço. Enquanto caminhavam de volta para o dormitório masculino, o silêncio entre Allan e Alma se manteve, mas havia algo diferente no ar. As palavras trocadas anteriormente ainda ressoavam na mente de ambos, e, pela primeira vez, Alma se sentia mais confortável em não precisar fingir força o tempo inteiro. O toque das mãos dele ainda parecia recente, e a forma como ele a segurou com firmeza trouxe um tipo de apoio que ela não esperava.

Allan, por outro lado, tentava processar aquela sensação estranha que tomava conta dele. Vê-la tão vulnerável, sentir sua respiração fraca em seus braços, tudo isso o fez perceber que, de alguma forma, ele se importava mais do que gostaria de admitir. Ainda que sempre houvesse uma tensão constante entre eles, havia um novo entendimento surgindo, algo que misturava suas diferenças e os fazia reconhecer uma fraqueza mútua.

Quando chegaram à entrada do dormitório masculino, os outros já estavam lá, esperando do lado de fora, com expressões tensas. Aiden foi o primeiro a notar a aproximação de Allan e Alma, visivelmente aliviado ao vê-los.

— Finalmente. Achei que vocês tivessem se perdido por aí — disse Aiden, mas seu tom carregava uma preocupação genuína.

— Tudo sob controle. Só precisávamos de um tempo — Allan respondeu, desviando o olhar de Aiden e rapidamente da própria Alma. Ele ainda estava tentando entender o que havia acontecido entre eles durante aqueles momentos de silêncio.

Susan, que observava de longe, percebeu a expressão de cansaço no rosto de Alma e franziu a testa, mas decidiu não comentar nada naquele momento. A prioridade era descansar e pensar no que fariam a seguir.

— Vamos descansar. Amanhã é um novo dia, e precisamos de um novo plano — Sinyun sugeriu, e todos concordaram, seguindo para dentro do dormitório.

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