"Escolhas"

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Aviso: pode conter gatilho para leitores sensíveis.

  

Estávamos na sala. Bill estava sentado no chão, encostado no batente da porta, folheando algumas páginas dos meus diários. Já eu, por outro lado, estava arrumando o sinal da tv, tentando resolver o problema de estática que sempre me tirava do sério. FiddleFord estava sentado na poltrona, bebia uma xícara de café enquanto relia suas anotações .

Deixava minha xícara ao lado do televisor. Movendo a antena de um lado para o outro, mas nada era o suficiente. A imagem ainda permanecia embaçada e com ruídos, e minha paciência só se esgotava.

— Unicórnios, né? —Bill disse de forma interessada e descontraindo o clima silencioso — Quanta baboseira, "pessoa pura de coração"? — Deu uma risada.

Revirei os olhos, deixando a Tv de lado. Com um meio sorriso no rosto, me aproximei e sentei ao seu lado — Dá pra acreditar nisso?

— Haha ha, Óbvio que não — continuou rindo — Quanta estupidez.

  Olhei para FiddleFord, que estava sentado em nossa frente. Seu rosto estava vermelho de vergonha, com uma pequena cara mal-humorada, deu um resmungo e bebeu um pouco de café.

Bill o encarou, com um sorrisinho no rosto — Você acredita nisso, Mcgucket? — Com um riso sarcástico, passou para a outra página.

— Bom — FiddleFord disse, em um tom firme — vendo pelo meu ponto de vista, eu acredito que os unicórnios são criaturas adoráveis e pacíficas que só querem ficar em paz. — pousou sua xícara sobre a mesa. — Em paz sem um lunático os perturbado-os para arrancar a crina.

— Isso foi cruel. — Sorri, achando divertido.

— Realmente. — Bill assentiu — Mas vamos ser honestos, ele tem razão, Ford.

— Mas ainda é bobo — complementei.

— Nisso eu também preciso concordar, unicórnios são tão ultrapassados... E meio, sei lá. — Voltou a ler, prestando atenção nas páginas que passava.

Bebi mais um pouco de café, olhando em volta. O silêncio da casa era preenchido pelo sons que a natureza nos proporcionava. Como o coachar dos sapos e o canto dos passarinhos.
Era uma bela tarde lá fora. Mas gastávamos nosso tempo, papeando e estudando. No meu caso em específico, eu estava louco para continuar o portal, mergulhar afundo nisso, ao lado da minha musa.

Já fazia alguns dias desde que minha musa assumiu tal forma. Desde então ele tem sido um bom colega de quarto, apenas tendo alguns trejeitos estranhos até demais. Ele também dormia mais que o normal, com base nas minhas observações, seu sono era profundo, durando de dez até doze horas. Bill parecia um felino, gastando metade da sua vida dormindo.
Teve alguns momentos que pensei que Bill estava morto, sua respiração ficava tão fraca, quase imperceptível. E talvez isso tenha me causado alguns... Surtos, digamos assim.

Nesses últimos dias eu também me aprofundei nas minhas pesquisas, tendo certeza que nosso projeto sairia do chão logo logo. Passei as últimas duas noites em claro, com minha musa sempre ao meu lado quando FiddleFord já estava exausto. Somos um trio e tanto. Mas preciso admitir, preferia quando éramos duplas separadamente. Aqueles dois não parecem se dar muito bem, sabe? Eles não dizem nada, mas você apenas consegue entender pelos sinais.

O silêncio dominava a casa novamente, ninguém dizia nada, ou parecia querer dizer. Fiquei entrelaçando os dedos, com um nervosismo no peito, pensando: "Será que eu deveria falar algo?", mas logo meu pensamento foi interrompido por um comentário de Bill.

Na sua mente - BillfordOnde histórias criam vida. Descubra agora