Naquela noite, sonhei que minha musa vinha me visitar, mas aquilo só não passou de um sonho comum, não era ele.
Eu estava tão exausto, andava pela casa coberto com meu edredom, o dia estava frio, o clima em Gravity Falls era estranho e imprevisível. Mas eu amava o frio, amava o jeitinho que meu lar, apesar de bagunçado, era aconchegante.
Sempre que eu acordava, havia algumas mensagens de voz na caixa postal, então eu sempre buscava as ouvir pela manhã. A maior parte delas era Mcgucket que mandava.Fui até a cozinha, pegando um pouco de café que já estava na cafeteira, ainda estava morno, pois a cafeteira tinha ficado ligada a noite inteira. As vezes eu esquecia de desligar as coisas, tanto que quase coloquei fogo em minha cabana uma vez, quando eu esqueci de desligar o forno quando fui fazer um frango assado.
Sai de lá com minha xícara de cafeína pura, andei até o meu escritório e fui em direção a escrivaninha onde ficava meu telefone. Puxei uma cadeira e me sentei, respirando fundo e logo apertando o botão para ouvir as mensagens."Stanford! Oi, sou eu, FiddleFord! Bem, eu gostaria de informá-lo que irei demorar mais alguns dias até voltar para Gravity Falls, minha mãe perguntou se eu poderia ficar um pouco mais por conta da família e eu disse que sim. Eu espero que isso não te atrapalhe muito, mas logo estarei de volta, e com alguns presentinhos"
Dei um sorriso genuíno, amava quando ele me trazia presentes, era um jeito muito fofo e sutil que ele usava para me dizer que gosta da minha companhia.
"Você não vai acreditar no que eu achei! Fios de lã coloridos, e melhor que isso! Comprei um banjo novinho, novinho! Ele é lindo, perfeito, você vai adorar todas a músicas que vou te apresentar!"
As próximas mensagens foram ele tocando seu novo instrumento. Mcgucket costumava inventar e compor suas próprias músicas, escrevia suas próprias letras e sempre as tocava no nosso tempo livre. Era relaxante, um dos únicos momentos que eu não pensava no quanto Bill fazia falta."Oi velho amigo! Sou eu de novo, Mcgucket! Espero que você esteja bem, por favor, deixe algumas mensagens de voz na minha caixa postal, quero saber como você está! Observação importante! Não vale só dizer um "está tudo bem", quero uma grande mensagem me contando como estão as coisas ai."
Oh, ele realmente era um amor de pessoa comigo e com qualquer outra pessoa. Sendo totalmente transparente, poderia prendê-lo em um pote e o protegeria de todas as pessoas ruins que existem no mundo.
Apesar de tudo, ele era ingênuo, ingênuo o suficiente para ser usado pelas pessoas ruins do mundo, uma coisa que eu odiava.— Bem... Vamos lá — peguei o telefone e comecei a gravar uma mensagem — Oi velho amigo, aqui é o Stanford... As coisas estão bem por aqui, andei trabalhando bastante no nosso projeto, comecei a fazer caminhadas pela manhã... E, bem ... Eu não sei mais o que dizer, mas quero dizer que estou com saudades, espero que volte logo, quero ouvir seu banjo soar por essa casa mais uma vez.— Aquilo tinha sido uma boa mensagem? Eu não fazia ideia.
Fiquei um pouco em silêncio, tentando pensar na próxima mensagem que eu poderia enviar. Mas afinal, sobre o que eu falaria? Sobre o quão deprimido estou? Que minhas aventuras estão se tornando monótonas? Que eu estou com saudade de um demônio que conheci em meus sonhos? Por Deus! Eu realmente sou péssimo nisso.
O clima esfriou mais ainda, como se alguém abrisse a janela e deixasse toda aquela brisa entrar — Oh, seis dedos, você é péssimo tentando falar de si mesmo — Eu o ouvi falar, então rapidamente me levantei feliz, olhando em volta e o procurando.— Musa? — meu ânimo era iminente — Onde... Onde você está?
E como sempre, o mundo perdeu a cor, o tempo congelou, e ele apareceu. Flutuava em minha frente, aparentando estar feliz — Eu sou sua musa, Stanford?
Me aproximei, com vergonha — Por onde andou? — indaguei — E-eu pensei que você...
— Pensou que eu tinha esquecido de nós? — Se aproximou — Como iria esquecer? Penso em você sempre que tenho tempo livre — Disse feliz, rodando em minha volta — E eu sei que você faz o mesmo.
— Você ainda não respondeu minha pergunta — Dei um sorriso — Onde estava?
Pareceu inquieto, olhando para os lados e logo ficando em minha frente — Eu te disse que estava... Planejando algo, lembra?
Quando ele disse "Mexer uns pauzinhos" eu não estava levando a sério — Não achei que você realmente estava fazendo algo...
— Mas eu estava, seis dedos — Acariciou meus cabelos — Uh... Macios — me encarou — Meus planos são maiores do que você pensa, mas veja bem, provavelmente este final de semana você terá uma grande surpresa.
— Seriam mais ratos mortos? — dei uma risada.
Ele me olhou com desdém — Sabe o quão difícil é possuir aqueles ratos? — cruzou seus braços.
— Eu sei, você já me disse isso — O segurei com minhas mãos, impressionante, Bill parecia se cuida acolher as vezes, ficando pequeno o suficiente e parecendo uma criança — Gosto dos ratos que você traz — Ele pareceu envergonhado, mas apenas aceitou ser segurado e desviou o olhar.
— Stan, isso é muito meloso da sua parte, mas fico lisonjeado — tentou se soltar, mas eu o segurei mais forte — Só... Ahr... — Sua aparência saia de um amarelo para um alaranjado forte — Achei que precisava saber que eu estava por perto, parecia tão.... Deprimido.
Fiquei agradecido, aliviado, e principalmente intrigado com sua troca de cor — Obrigado por se importar — Finalmente o soltei.
— Disponha — Ajeitou sua cartola — E respondendo sua pergunta, não, não serão mais ratos, será algo grandioso!
Ele parecia tão entusiasmado, mas era preocupante, o que seria tão grandioso assim? Um novo método para avançarmos na tecnologia do portal? Novos caminhos? Novos riscos?
Ele me olhou — Bem, eu te vejo nos seus sonhos!
— M-mas você já- — antes que eu pudesse terminar minha frase, a realidade voltou ao seu estado normal em um estalar de dedos —...vai? — fiquei em silêncio.
Eu odiava aquilo, odiava quando sumia assim, musa, por que você faz isso? Por que você aparece pra só sumir logo em seguida? O que você quer de mim? O que você planeja? O que tanto almeja de nós?
Sei que sou só mais um alguém pra ele, tenho noção disso, mas por que isso é tão confuso? Por que esse sentimento dói tanto ao ponto de não conseguir ser digerido por mim?— Te vejo nos meus sonhos... — disse — Mas ainda são nove da manhã...
Iria ser um longo dia pela frente...
Oh, musa...
... O que
Você espera de mim?...
Eu espero..
Muito
... Muito
De você.

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Na sua mente - Billford
Storie d'amoreJovem, inseguro, ingênuo, porém excepcionalmente destemido e determinado, esse era Stanford. Um jovem adulto apaixonado por mistérios, tão apaixonado que acaba se perdendo entre a paixão e admiração pelo ser que o guia nessa jornada.