Confuso

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O meu plano era simples! Uma pequena lista de cinco passos.

1. Me livrar daquele caipira.
2. Consolar Stanford.
3. Ligar o portal.
4. convencer Stanford a ficar comigo.
5. Começar minha INCRÍVEL dominação mundial!

Era simples, não é? Não era perfeito? Tão simples, tão incrível, perfeito, de fato, eu era um gênio!

A realidade era que eu já sabia o que aconteceria. Stanford cederia a mim e a meus desejos sem ao menos relutar. Ele me queria por perto, como nunca quis ninguém. Ele acredita que eu o amo, pois eu fiz ele acreditar nisso.
Afinal, quem o amaria de verdade? A resposta certa era: ninguém. Ninguém nunca tinha sido capaz de realmente amá-lo ou adorá-lo da forma que EU fazia. EU ERA o melhor nisso. Não era?

Meu lindo par de seis dedos não me abandonaria por qualquer besteira. Ele me amava tanto, tinha tanto medo de me perder, tanto medo de voltar a sua vidinha miserável e morrer sozinho.

Quanto a FiddleFord, eu já tinha planejado tudo.

Além de frequentemente atormentá-lo com seus piores pesadelos, eu também usava da minha pequena capacidade de manipulação. Trocava-mos poucas palavras ao longo do dia, mas era porque EU me recusava a estar tão próximo dele. Porém, agora eu precisava ser mais persuasivo que antes.

Fazê-lo contrariar seus próprios princípios e pensamentos. Era tudo o que eu precisava fazer. E como um ser totalmente organizado, eu tinha outra lista.

1. Me aproximar.
2. Manipular.
3. Me livrar dele.

E é claro! E se esse plano não funcionar? Então eu digo. Vou ter que me livrar dele do jeito mais difícil.

[...]

Me levantei da cama. Com os olhos totalmente pesados, suspirei fundo e me deitei de novo. Não queria levantar, tudo era tãooooo chato pela manhã.
Puxei a coberta até minha cabeça, me encolhendo e aconchegando cada vez mais.

Mesmo com meu plano, meus pensamentos não pareciam mais meus. Minhas vontades não pareciam minhas. A cada segundo que se passava, eu agia cada vez mais como um humano. Um humano de verdade, apesar de não ser.

- Você realmente não vai levantar? - Perguntou Stanford, que estava em pé, em frente ao espelho do guarda-roupa.

- Eu não quero! - Falei ainda meio sonolento.

Pude o ouvir suspirar. Seus passos vinham em minha direção e logo paravam em minha frente. - Vou te dar dois minutos.- Falou, notoriamente brincalhão.

Desci o lençol, sendo só o suficiente para vê-lo. Stanford tinha um sorriso sutil nos lábios, não usava seus óculos como de costume. Vestia uma camiseta de mangas cumpridas, uma calça de pano e um par de luvas de seis dedos.
O clima estava frio, tão frio que eu não sentia vontade de levantar da cama. Era como se meu cansaço aumentasse. Continuei o encarando, com um biquinho de raiva nos lábios.

- Anda, levanta. - Ele abaixou sua cabeça, faltando pouco para nossos rostos se encostarem. - Não pode se esconder do frio pra sempre.

Sabia que aquilo era algum tipo de provocação. Stanford era bom nisso, me provocar... - Queria poder - Falei de forma melancólica, dando um pequeno sorriso.

Ele Sorriu, dando um sútil beijo em meus lábios e logo indo em direção a porta. "Te vejo na cozinha" foi o que disse antes de sair. Agia tão normalmente, como se ele não estivesse escondendo algo de mim. O portal, a ativação, o meu futuro. Stanford estava sendo tão... Egoísta.

Respirei fundo, logo me levantando e encostando meus pés no chão. O frio em contato com meus pés me irritava, fazendo-me ter calafrios, os sentidos humanos ainda eram estressantes, mas eu poderia me acostumar, em algum momento.
Meus pensamentos oscilam sobre o quanto eu queria dormir e o quanto Stanford estava se desfazendo de mim. Mal parecia que ele implorava pela minha volta sempre que eu desaparecia, apenas, parecia que eu era algo qualquer em sua vida.
Meu interior se sentia traído, mas eu aprendi o que tirava a tristeza na vida humana, e no caso era uma caneca de achocolatado com mini marshmallows. Era apenas um dos prazeres humanos.

Na sua mente - BillfordOnde histórias criam vida. Descubra agora