Capítulo 27

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Enquanto dirigia pelas ruas da cidade, Mavi não conseguia afastar o peso da traição que sentia, mas, por um breve momento, algo dentro dele o fez parar para refletir. Ele pensou em Luma, em tudo o que haviam passado, nas vezes em que ele a machucou, nas promessas que quebrou. Por mais que estivesse furioso com o que ela tinha feito, uma parte dele "entendia". Talvez ela estivesse apenas devolvendo o sofrimento que ele causou.

Mavi sabia que, em algum nível, ele havia contribuído para essa dinâmica. Ele se envolveu com Luma de maneira intensa, mas desleixada, sem nunca perceber o quanto ela guardava as mágoas e ressentimentos. O que aconteceu agora era, de certa forma, a culminação de tudo aquilo. Luma sempre fora uma mulher inteligente e calculista, mas com ele, ela havia sido também alguém que foi ferida. E talvez essa fosse a maneira dela de equilibrar as coisas, de se vingar por tudo o que ele fez.

Isso não diminuía sua raiva, mas ele não podia ignorar que havia mais em jogo do que apenas o patrocínio perdido. Era a retribuição de um sofrimento antigo que, agora, ele começava a enxergar.

Ainda assim, entender não era o mesmo que perdoar, e Mavi sabia que precisaria enfrentar as consequências — tanto financeiras quanto emocionais — daquela noite fatídica.

Mavi estacionou o carro diante de seu prédio, desligou o motor e ficou ali, em silêncio, encarando o vazio à sua frente. As memórias da noite passada passavam por sua mente como flashes, intercaladas com cenas do passado que ele preferia esquecer. Luma havia conseguido o que queria, e agora ele pagava o preço, não apenas com sua carreira, mas com seu orgulho. Ela tinha jogado bem, e ele, vulnerável e confuso, havia caído em sua armadilha.

Quando finalmente saiu do carro, ele sentia o peso das decisões daquela noite em seus ombros. Cada passo que dava parecia mais difícil que o anterior, como se o chão debaixo de seus pés estivesse desmoronando. Ele entrou no apartamento, que agora lhe parecia mais vazio do que nunca, e jogou-se no sofá. O silêncio do lugar era ensurdecedor, amplificando o caos que habitava sua mente.

Enquanto encarava o teto, Mavi tentou reorganizar seus pensamentos. Ele sabia que perderia uma boa parte de sua fortuna com o cancelamento do patrocínio. Seus advogados já o haviam alertado sobre isso. Era um golpe que ele não estava preparado para lidar, mas que, de algum modo, havia antecipado desde o momento em que percebeu que Luma o estava manipulando. Mas o pior não era o dinheiro, nem mesmo a carreira que agora corria perigo. Era a sensação de impotência.

Luma, por outro lado, tinha conseguido o que queria. Ou será que tinha? Mavi ainda tentava entender qual seria o próximo movimento dela. A mulher que ele conheceu não parecia ser alguém que se contentaria com uma vingança tão “simples”. Ele a conhecia bem o suficiente para saber que, de algum modo, ela ainda tinha cartas escondidas. E isso o deixava inquieto.

Uma mensagem em seu celular interrompeu seus pensamentos. Ele pegou o aparelho e viu que era de Luma. Com o coração acelerado, abriu a mensagem, que dizia:

"Espero que tenha se recuperado bem da nossa noite. A propósito, o vinho era excelente, não acha? Não se preocupe, Mavi. Foi só uma coincidência que você tenha perdido sua reunião. Não seja tão duro consigo mesmo. Vamos nos encontrar em breve."

A dissimulação nas palavras dela o atingiu como uma facada. Ela sabia exatamente o que tinha feito, mas jamais admitiria. Não diretamente, pelo menos. A jogada era clara, mas o tom leve e casual da mensagem só fazia sua raiva crescer. Ele sentia-se impotente, sabendo que confrontá-la agora seria inútil. Luma havia conseguido deixá-lo num estado onde qualquer movimento dele parecia previsível.

"Coincidência." Ele repetiu a palavra em voz alta, sentindo o sarcasmo doer em sua garganta. Luma jogava bem, e agora, mais do que nunca, ele sabia que precisaria ser igualmente calculista se quisesse virar o jogo. Ele não podia continuar sendo uma peça no tabuleiro dela.

Mavi apagou a mensagem sem responder, atirando o celular no sofá ao lado. Agora, mais do que nunca, ele precisaria de estratégia. Precisaria descobrir como recuperar o que perdeu e, de algum modo, superar o que Luma havia feito. Por mais que "entendesse" suas razões, ele não podia aceitar .

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