Qualquer lugar é um bar de karaokê, se você tiver coragem.

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6 Meses Depois

— Ele é diferente — Kevin diz para a arena quase vazia da cabine que só ele e Andrew estão ocupando no momento. As luzes do bar o lançam em azul, uma película decadente sobre os planos e ângulos classicamente finos de seu rosto. Andrew lança um rápido olhar que não combina com a intensidade do foco de Kevin e volta sua atenção para a lateral do palco, onde Neil e Nicky estão curvados sobre uma pasta aberta sobre um grande alto-falante preto.

Andrew está ficando melhor em tirar os olhos de Neil de vez em quando, mas ele não está tão acostumado a tê-lo por perto a ponto de começar a tomar olhar para ele como garantido. Seis meses depois, ele ainda não está satisfeito por ter memorizado o formato dos dedos de Neil quando ele coloca o cabelo atrás da orelha. Ele certamente não descobriu todos os tons que os olhos de Neil podem ter ou o que as sutis mudanças nos graus das sobrancelhas de Neil significam. O rosto de Neil é tão contido, suas expressões tão educadas, que Andrew sabe que precisa aprender uma linguagem totalmente nova.

Mas Andrew é um aluno dedicado. Ele é fluente o suficiente agora para ler a tensão afastada na curva da postura de Neil. O braço que ele cruzou sobre o estômago é defensivo, mas ele está firme, teimosamente se recusando a balançar para trás toda vez que Nicky entra animadamente em seu espaço.

— Minyard — Kevin diz, secamente divertido. — Eu sei que você pode me ouvir.

Andrew lhe lança outro olhar. 

— Eu sei.

— Que você pode me ouvir?

— Que ele é diferente.

Do outro lado da sala, Neil assente. Nicky joga os braços para cima em triunfo encantado; Neil balança um pouco apesar da determinação em sua postura, então se recupera, sua coluna se endireitando. Seus olhos encontram os de Andrew e enrugam nos cantos quando ele sorri seu sorriso de centro de página para Andrew.

— Sabe — diz Kevin — eu tinha minhas dúvidas sobre você.

— Não diga — Andrew fala lentamente.

— Você se moveu rápido — Kevin acrescenta. Ainda há um toque de desaprovação nisso, mesmo depois de todos esses meses, uma sombra da rejeição do tipo "Ele está ocupado, não é sua vez" que foram as primeiras palavras de Kevin para ele.

— Não havia tempo a perder — diz Andrew, voltando sua atenção resignadamente para Kevin agora. — Tínhamos uma semana.

— Não é longo o suficiente, não é? — Kevin diz de uma forma que seria uma imitação aceitável de reflexão se sua expressão não fosse afiada como uma navalha.

— O suficiente para quê. — Andrew deliberadamente deixa o ponto de interrogação de fora do final. Talvez, se tiver sorte, Kevin seja desencorajado de—

— Bem, decidir algo assim. — Kevin gira seu copo casualmente na mesa, sem enganar ninguém, e certamente não Andrew. — Casar com alguém que você acabou de conhecer. A menos que não fosse realmente sobre Neil...

— Kevin — Andrew diz calmamente.

Kevin se inclina para frente abruptamente, aparecendo na metade da mesa e no espaço de Andrew tão rapidamente que Andrew quase recua. Quase. 

— Por que você fez isso? Ouvi os rumores sobre você. — Kevin pergunta.

Os olhos de Andrew voltam para Neil. Ele e Nicky parecem ter escolhido algo do fichário, mas foram detidos pela mulher tatuada e de cabelos platinados que comandava o equipamento de karaokê naquela noite. Ela está inclinada, seu corpo virado para Neil, um sorriso de caçadora em seu rosto. Ela diz algo. Nicky ri alto, meio que se atirando em direção a Neil em sua alegria; ele arranca a mão de Neil de seu lado e a levanta — a esquerda, Andrew percebe enquanto Nicky gesticula no estilo Vanna White para a simples aliança de platina no dedo anelar de Neil.

O Solteiro de BaltimoreOnde histórias criam vida. Descubra agora