Kevin

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A festa de boas-vindas de Kevin é apenas Neil, mãos enfiadas nos bolsos, tentando não pular de impaciência. O último ETA que Kevin mandou por mensagem dizia 3 minutos , e isso foi há quatro minutos. Quase cinco. Neil verifica seu relógio novamente, vê os segundos marcando quatro minutos e meio, e então olha para cima ao ouvir o som de pneus na entrada da garagem — dois utilitários esportivos, dirigindo em uma velocidade calma que Neil sabe que deve estar deixando Kevin louco.

O primeiro SUV para na frente de Neil e a porta do passageiro é aberta antes que a poeira assente atrás dos pneus. Kevin — alto, forte, vestido casualmente — sai com um olhar descontente no rosto.

— Você está atrasado — grita Neil.

— Havia uma senhora atravessando a rua — resmunga Kevin.

— Jeremy não a atropelaria?

Kevin fecha a porta atrás de si com um estalo forte e corre, suas pernas longas fazendo um trabalho rápido na entrada da garagem e nas escadas. Neil desce correndo alguns degraus para encontrá-lo e então se vê levantado da pedra, os braços de Kevin em um aperto de torno em volta das costelas de Neil, espremendo todo o fôlego dele. 

— Você é um babaca. — Kevin diz, contra o ouvido de Neil.

— Eu sei — diz Neil. Ele sorri por cima do ombro de Kevin para o homem profundamente bronzeado e de olhos brilhantes que sai do banco do motorista. — Ei, Jeremy.

— Não foi culpa dele — grita Jeremy. — Havia uma velha atravessando a rua.

— História provável — diz Neil, bufando as palavras de forma irregular enquanto Kevin sobe os degraus em direção ao patamar com um pouco de vigor.

Quando eles chegam ao topo, Neil chuta a panturrilha de Kevin de sua posição ainda balançando. 

— Você pode me colocar no chão agora — ele aponta.

— Ainda é a minha vez.

— Ninguém mais tem a vez — diz Neil. — E a sua acabou.

— Acabou quando eu disser que acabou — diz Kevin, mas ele dá mais um abraço esmagador em Neil e então o coloca no chão. Ele move suas mãos para os braços de Neil e o empurra para trás o suficiente para uma boa olhada, examinando-o do topo de sua cabeça até as pontas de seus sapatos. Com base na expressão no rosto de Kevin, Neil acha que ele provavelmente recebeu cerca de 6,3 em uma escala de 1 a 10.

— Estou bem — diz Neil. 

Do carro vem um grito alarmante — Neil, assustado, vira-se para ver Jeremy, emocionado, com os braços jogados vitoriosamente no ar. Jean, que tinha saído do carro e começado a descarregar a bagagem em algum momento, olha sem entusiasmo. Ele deixa cair a bolsa em suas mãos pesadamente no chão, sua expressão tão azeda quanto a de Kevin.

— Cinquenta pratas — diz Jeremy presunçosamente. — Cada um. Pague.

— Sério, Neil? — diz Kevin. — Ninguém nem perguntou se você estava bem.

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Neil não se incomoda em oferecer um passeio a Kevin. Eles vagaram por esses terrenos por anos, encontrando esconderijos que poderiam fingir que eram algum tipo de santuário de Nathan.

Diferentemente dos outros, no entanto, Neil segue Kevin até seu quarto. É o mesmo espaço em que Andrew esteve na semana passada; Neil se joga na cama e examina a imagem inteira, imaginando Andrew ali facilmente, se vestindo no espelho, sentado na cadeira antiga e dura para amarrar as botas. Onde Kevin tem que se abaixar para verificar o cabelo, Andrew teria sido capaz de se olhar firmemente nos olhos.

O Solteiro de BaltimoreOnde histórias criam vida. Descubra agora